Eram as últimas vendas de Natal (estava
melhor do que eu esperava) e todos os meus amigos já haviam ido embora. Eu era
a última a fechar a loja e encerrar aquele dia que tinha sido bem corrido.
Queria chegar logo em casa e abraçar meus familiares nesta data tão especial
(mesmo que às vezes eles me irritem, principalmente a Natsume), em que se
comemora com a família e se deseja tudo que há de melhor; amor, carinho, paz,
alegrias, esperanças e muita luz!
Eram 10:30 da noite, quando eu finalmente
terminei tudo o que restava, e estava voltando para casa. Mandei uma mensagem à
minha mãe:
“Estou quase chegando em casa. Vejo vocês em alguns minutos”
Ela devia estar meio ocupada, já que demorou
um tempinho para responder:
“Tudo bem, filha. Estamos te esperando”
Não sabia o porquê, mas tinha a sensação de
que havia algo de estranho no ar ou coisa do tipo. Pressentimentos, talvez? Mas
porque bem na véspera de Natal? Dali a
uma hora e meia já seria Natal, um outro dia...
Cheguei em casa e toquei a campainha, e tive
que tocar mais de uma vez (impressão minha ou não queriam que entrasse logo?) E
o mais estranho, é que só a minha mãe me atendeu. Quem conhece a minha família
sabe que todo mundo adorava fazer a maior festa na porta. Mas naquele dia...
Mesmo assim, falei, com um sorriso no rosto
(que nem dava pra disfarçar a felicidade).
— Mãe! Cheguei!
Ela esboçou um sorriso
Entrei na sala, a passos leves, mas estava bem escuro (estava
de noite, ok. Mas a sala também estava toda escura, luzes apagadas, o que
estava havendo?) e depois de alguns segundos a luz “voltou” e todos gritaram,
vindo na minha direção, e olhando pra mim:
— SURPRESA!! Feliz Natal, Ichigo! —
As vozes eram repletas de energia e alegria, em clima de comemoração, o que me
deixou mais feliz ainda. O que me surpreendeu é que não só a minha família
estava lá (contando com o tio Hikaru, que fazia tempo que não via), como meus
amigos também; Rumi-chan, Kana-chan, Andou-kun e Hanabusa-kun. (achei que iam
comemor apenas com seus familiares...) Mas estava sentido falta de alguém...
(que acho que nem preciso dizer quem é, né? Dispensa comentários!)
Vi que todos estavam reunidos na sala (cheia
de enfeites, por sinal. Ah, dava pra sentir cheiro de comida também, que estava
na cozinha) Tão logo todos eles vieram me cumprimentar e me abraçar fortemente.
(como queria) e com muito amor. Tanto amor que a minha irmã quase me sufocou
(ela me aperta ao invés de me abraçar, acredite se quiser) de tão feliz que
estava em me ver.
— Estávamos te esperando para a véspera de Natal, filha —
falou a minha mãe, amorosa como sempre
— Não vejo a hora de dar meia noite para abrir os
presentes! — exclamou a Natsume, com aquele ânimo incomparável dela.
— Gostou da surpresa, Ichigo-chan? —
perguntaram a Rumi e o Hanabusa, que àquela altura, eu achava que já eram
“alguma coisa a mais”
— Muito! — respondi, alegremente para
meus amigos, que retribuíram com olhares ternos e satisfeitos, e com um sorriso
também.
— Sabíamos que iria gostar — começou o Andou-kun —
Fizemos isso porque você deu duro o ano inteiro trabalhando e também porque
você é a chave que nos une! Queríamos te agradecer pela amiga que você é e
sempre foi para todos nós!
— Andou-kun... — falei, agradecida,
com um suspiro, emocionada.
— E pra quem gosta de surpresas... Uma a mais nunca é
demais, certo? — a Kana-chan comentou, docemente
— Claro — concordei, feliz, e um
pouco ansiosa para saber qual seria a surpresa.
Após dizer isso, ouvi passos leves e largos
que vinham da cozinha (eu sei exatamente de onde vêm os sons em casa, mas não
sei como), e senti (ou pressenti?) que estavam indo bem na minha direção.
— Feliz, Natal — uma voz
inconfundível me disse. Kashino Makoto
Lógico que eu estava imensamente feliz por
ele estar bem ali na minha frente, mas de tão surpresas que eu estava, eu me
obriguei a encará-lo por alguns segundos, sem entender como aquilo tudo foi
acontecer, e não consegui conter as interrogações:
— Makoto... Como... Por que... —
eu hesitava a cada palavra, pronunciando-as pausadamente, claramente
demonstrado que estava pasmada e com o coração a mil (só de encará-lo meu
coração já disparava).
—Shhh... — ele me silenciou —
Não precisa dizer nada
— Mas...
— Só vim te desejar Feliz Natal, mas é com todo amor, você
sabe! — ele disse, sincero — O mais importante de
tudo neste momento esperado, abençoado, iluminado, dentre muitas outras
coisas... — ele deu uma pausa e tomou fôlego —
O mais importante é fazer com que a garota que eu amo seja feliz todos os dias
da vida dela! — ele falou essa última parte com força, com vontade, com
todos os sentimentos que poderiam estar em seu coração naquele momento. Por
isso, quando ele me fez essa declaração eu o abracei, tão forte como se fosse
quebrá-lo, e me emocionei muito, a ponto de lágrimas rolarem de meu rosto. Mas
de outro, para mim, aquilo (e toda a surpresa dos meus amigos também) foi a
prova que ainda há pessoas com o espírito de Natal, e que cultivam o amor nesta
data tão especial.
Isso ficou ainda mais evidente à meia-noite,
quando finalmente comemoramos o Natal. Todos ganhamos e trocamos presentes. A
Natsume foi a primeira a rasgar pacotes e mais pacotes de presentes (ela deve
ter descontado toda a ansiedade neles, pelo que conheço da minha irmã).
Eu também fui presenteada, mas vamos se dizer
que o presente que mais gostei, foi um pouco... Diferente do restante. Quando
deu meia-noite, Makoto se agarrou a mim daquela maneira arrepiante que amava.
No mesmo instante, me beijou de um jeito sôfrego, que me fazia viajar,
esquecer-se de tudo e pensar só em nós mesmos (mesmo estando ali na frente de
todos).
Ouvimos comemorações de nossos amigos, que
diziam algo como:
— Até que enfim se beijaram, hein!
“Eles
não sabem nem da metade” pensei. Makoto deve
ter pensado a mesma coisa quando me lançou um olhar cúmplice, e piscou para
mim, sorrindo maliciosamente.
Mas, como Makoto mesmo disse, o mais
importante é estar feliz. Concordo plenamente com ele, e só completo:
“Para mim, o mais valioso era estar ali, com
meus amigos e parentes (e claro, com ele). Mal sabem eles (ou sabem? Acho que
sim!) que a magia do Natal não está em dar
presentes, mas em estar presente”
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