Eu e Makoto finalmente estávamos na reta
final de nossos estudos. Foram apenas mais alguns dias para revisarmos o
conteúdo que vimos durante semanas, mas ele me disse que na última semana era
para eu descansar bastante, pois logo seria a nossa viagem à Europa. Segui o
conselho dele e resolvi fazer algo mais light para passar o tempo, geralmente
programas de família, para desde já compensar o tempo que estaria ausente,
longe de casa.
Às vésperas da partida para Londres arrumei
as minhas malas com todos os itens necessários; roupas de inverno, blusas,
calças, camisetas e até mesmo alguns vestidos (vai que o tempo muda e decide
sair sol bem no inverno... nunca se sabe). Em uma bolsa pequena coloquei o meu
passaporte e meu celular. Tudo pronto!
As
horas passam, e finalmente chega o dia de partir... (24 horas são bem pouco, de
fato).
Todos nós estávamos muito ansiosos com a ida
à Inglaterra, e eu meus amigos combinamos de nos encontrarmos no aeroporto
depois de despedirmos de nossas famílias. Andou decidiu que iria passar um
tempo a mais na Yumetsuki e ajudar o quanto pudesse. Hanabusa por sua vez,
resolveu despedir-se de sua mãe auxiliando na decoração com flores de Ikebana e
contemplar um pouco dessa arte milenar. Kashino ligou no celular de sua
(sádica/doce) irmã para avisá-la que partiríamos logo. Ela respondeu dizendo
que era para ligar novamente quando chegássemos ao nosso destino, e que dentro
de alguns dias ela também chegaria à Londres, como parte de seu estudo em
Medicina.
Quanto a mim... Dei um último abraço bem
apertado em minha família, com aquele sentimento de alegria por estar
conquistando algo, mas que deixa saudade mesmo antes de partir. Desejei tudo de
bom a eles e boa sorte a Natsume nos próximos concursos de piano que surgissem;
aconselhei que fizesse seu melhor sempre, independente dos resultados, e minha
irmãzinha me desejou o mesmo. Nos abraçamos um pouco mais e lágrimas escorreram
de nossos rostos.
Aproveitamos aquele nosso momento família ao
máximo e depois de nos acalmarmos um pouco, eu finalmente me despedi com
palavras:
— Tenho que ir, mas eu volto. Amo muito vocês!
— Nós também te amamos muito! —
os ouvi exclamarem enquanto eu saía de casa, deixando a porta encostada. Com a
porta entreaberta, eu li a expressão de meus parentes uma última vez (agora era
a última mesmo). Era óbvio que nenhum de nós queria que eu partisse, mesmo que fosse
apenas por algum tempo. Mas de alguma forma eu senti que minha família tinha
acabado de me dar forças e esperança e por isso, poderia seguir em frente com
toda a segurança e tranquilidade.
Para não me atrasar (eu sempre me atrasava)
ao menos daquela vez, peguei um táxi para ir ao aeroporto. Milagrosamente, eu
cheguei na hora combinada com meus amigos, e até eles se surpreenderam. Vendo a
surpresa que tinham no olhar (até mesmo a dele), Kashino foi o primeiro a se
pronunciar:
— Ela tomou jeito nesses últimos tempos
Suspirei.
“Tinha que ser você, Makoto”, pensei.
— Por que diz isso? — quis saber Andou
— Bem, eu tive que ensinar inglês à Ichigo e por isso, ela
tinha que ser pontual com os compromissos — ele se explicou,
tentando soar indiferente.
— Ah, agora tá explicado — Andou esboçou um sorriso.
— Agora ela tem que melhorar essa cara de cansada —
comentou Chocolat, a companheira de Kashino
— Ei, olha o que fala da Ichigo! Ela só cansou por causa
das malas, tá? Mas estava bem disposta! — rebateu Vanilla, meu
Espírito dos Doces.
— Deixa, Vanilla, ela é igual ao parceiro! Não deixa
passar nada — comentei
Nesse momento, Makoto me olhou de canto
revirando olhar para mim, mas no fim, ele falou, com o rosto um pouco, daquele
jeito dele que aprendi a gostar:
— Bem, acho que você aprendeu alguma coisa sobre mim,
Ichigo.
Ainda tínhamos algum tempinho de sobra quando
ouvi passos (que não me eram estranhos, de algum modo) até que uma voz familiar
disse:
— Olá, Ichigo-chan! — a voz soava
alegremente
Vire-me para ver de quem se tratava e saber
se eu estava realmente certa (eu reconheço aquela voz de longe) e me deparei
com duas amigas minhas: Kato Rumi (como imaginava, aliás, sabia) e Koizumi
Kanako
— Rumi-chan! Kana-chan! — exclamei, chegando
mais perto delas — Que surpresa boa ver vocês aqui!
— Nós também estamos felizes em te ver, Ichigo-chan —
respondeu a Kana-chan, tímida como sempre — Aliás, estamos
felizes em revê-los todos vocês também — ela completou,
olhando na direção dos rapazes, e em resposta eles abriram um sorriso tímido,
sem dizer nada.
— Na verdade, a alegria toda da Kana-chan tem um motivo
especial... — começou a Rumi-chan, deixando nossa amiga corada.
— Vamos mudar de assunto — sugeriu Andou —
O que as trazem aqui?
— Não viram as malas? — perguntou a
Rumi-chan, presunçosa, apontando para as malas.
— Isso quer dizer que... — comecei
— Nós também vamos para Londres! —
falaram as duas garotas em uma só voz
— O quê??? — gritamos nós quatro
totalmente surpresos com a notícia
— Calma gente! Vou explicar melhor — a Rumi-chan começou, e todos nós tínhamos
nossos olhares voltados para ela
— Ficamos sabendo do projeto do Henri-sensei, porque não
se fala em outra coisa por aqui. De qualquer maneira queríamos fazer a viagem
com vocês, mas não sabíamos como. Foi então que falei com Henri-sensei, o
próprio, perguntando se havia algum jeito de nos ajudar. Ele disse que
poderíamos ser “ajudantes” na loja de vocês, porque ele quer que a Marie’s
Garden seja um sucesso, e quanto mais gente trabalhando melhor. E nos deu a
oportunidade de viajar também! Genial, não?
— Muito! — todos nós concordamos
— Gente, não quero ser estraga prazeres, mas é melhor
pegarmos nossos passaportes e irmos logo, porque partiremos daqui a alguns
minutos — avisou Andou.
Fomos de pressa ao gabinete de atendimento,
mostramos nossos passaportes (eu tive alguns sufocos até achar o meu, mas tudo
bem) e fizemos nossos checkins.
Minutos depois nós entramos no avião, assim
como Andou tinha nos avisado um pouco antes. Decidi me sentar ao lado da
janela, para observar a paisagem. Makoto sentou-me ao meu lado, e estava sério,
mas parecia calmo. Kana-chan não desperdiçou a oportunidade para se aproximar
de Andou (pelo menos no avião) e Rumi-chan e Hanabusa estavam entretidos em uma
conversa de amigos, falando sobre decorações e doces com flores (a
especialidade dele, para variar, mas os dois compartilhavam o mesmo gosto...).
Mas, o mais importante de tudo isso (que
todos sabíamos e tínhamos plena consciência disso) é que nós estávamos indo
rumo ao nosso destino, em direção ao nosso futuro...
Nenhum comentário:
Postar um comentário