No dia seguinte, fui à casa de Makoto na
mesma hora. Ele já estava me esperando prontamente para começarmos a estudar.
Fizemos tudo sem perder tempo, da melhor maneira Ele decidiu que iria me
explicar alguns tempos verbais e verbos irregulares (que tinha uma lista enorme,
sem exagero nenhum).
— Como vou saber tudo isso?! —
falei, espantada
— É bom treinar a sua memória —
ele provocou, e eu fiz uma careta.
Seguimos o mesmo esquema do dia anterior, com
explicações e atividades. Ele me ensinava pacientemente tudo que precisava
saber (pelo menos naquele dia)
E
assim, se seguiam as horas, os dias, as semanas (...)
Com o tempo, aprender inglês tornou-se mais
fácil, já que eu estava compreendendo melhor o idioma depois de praticar
bastante em todos os sentidos.
Como o combinado, sempre tomávamos chocolate
quente (era uma espécie de acordo, que só a gente entendia).
Mas teve um dia, que logo que me despedi
dele, ele me segurou pelo braço e disse:
— Fique aqui! — ele pediu, decidido
— Makoto, tá nevando... — eu tentei dar uma
desculpa para ir embora por causa do tempo, mas no fundo já estava super feliz
de ele estar pedindo pra ficar.
— Fica aqui comigo hoje! — ele insistiu
Com um sorriso bobo de ponta a ponta, eu cedi
ao pedido dele, tocando suas mãos com delicadeza.
— Você venceu! — disse, e ele pareceu
abrir um sorriso no rosto, satisfeito, me olhando como se dissesse “que bom que
consegui te convencer, garota!”
— Então venha cá — ele me puxou, e
fomos correndo (sem parar) em direção ao seu quarto. Lugar limpo, organizado,
bem a cara de Kashino Makoto
Chegando lá, nos sentamos na cama dele e ele
disse
— Queria te deixar mais a vontade, por isso te trouxe aqui
— ele se explicou, olhou de canto para mim, um pouco
tímido.
— Tudo bem... Também acho melhor assim...— respondi, sorridente, com uma pontinha de
malícia na fala, já que queria ficar um tempo a sós com ele
— O que vamos fazer agora? — perguntei com aquela
ingenuidade que só quem é muito distraída tem
— O que você acha, sua tonta? —
Você é toda minha agora! — ele me abraçou bem forte,
demonstrando que realmente me queria ao seu lado naquela hora. Um abraço
sincero, que eu retribui de maneira carinhosa, desejando que aquilo acontecesse
mais vezes. Segundos depois já estávamos deitados na cama...
— Eu sei... — respondi, com um
suspiro de apaixonada, olhando bem no fundo de suas íris cor de mel— Você também é só meu, Makoto!
Nessa hora, desejei que o tempo parasse ali
mesmo, naquele instante, naquela cama, naquele abraço aconchegante, harmonioso,
apaixonante, com aquele momento a dois que pertencia somente a nós, que só a
gente sabe e lembra como foi.
Em poucos instantes ele me agarrou para perto
de si e subitamente me beijou, acariciando-me por completo, e retribuí suas
carícias suavemente. Seu toque me fazia estremecer e meu corpo se arrepiar. É
totalmente indescritível o que eu sentia naquele momento, ou melhor, em todo e
qualquer momento nós estávamos a sós. Agarrei-me ainda mais a ele, respondendo
ao seu abraço da maneira mais intensa que podia. Estávamos nas nuvens,
completamente presos um ao outro, impossível de nos soltarmos. Percebi que ele
também sentia o mesmo prazer que eu ao fitar com cumplicidade e delicadeza.
Aquele era o nosso momento. Pena que estava
perfeito demais para ser verdade
— Makoto! — alguém gritou
— É “ela”! — ele me falou, após
reconhecer a voz da irmã mais velha
A contra gosto, nos soltamos um dos braços do
outro (sabíamos que a situação pedia isso, e já que fomos interrompidos
mesmo... bom, acho que já deu pra entender, né?)
— Só um minuto! — ele berrou de volta
Sentei-me na ponta da cama dele, enquanto ele
foi atender a porta.
— O que você quer? — ele perguntou,
irritado.
— Sempre arredio — ela comentou com um
risinho, mexendo nos cabelos, como se estivesse se divertindo com a expressão
do irmão.
— Fala logo, o que quer? — ele disse no mesmo
tom de antes
— Só vim avisar que nossos pais vão chegar tarde —
ela informou, como se aquilo não fosse nada especial
E um instante depois, ela se deu conta que eu
também estava lá e olhando fixamente para o irmão e perguntou:
— O que ela está fazendo aqui?
— Ela veio estudar. Algum problema? —
ele questionou a irmã mais velha, irônico
— Ah, então essa deve ser a garota que o Muraoka me disse
que vem sempre aqui— ela disse, como quem estava
começando a entender as coisas, o tom irônico.
— E daí? E se for? Que eu saiba a casa também é minha e
posso convidar quem eu bem quiser quantas vezes
quiser! — ele exclamou, aos berros, enfrentando-a.
— Tá, tá! — ela falou com desinteresse,
querendo deixar o assunto pra lá — Mas é que você nunca
traz ninguém aqui — ela falou sincera — Você deve gostar
bastante dela para trazê-la aqui com frequência.
Nesse momento, percebi que nossos rostos
estavam corados.
— Já disse, ela precisa de ajuda para estudar —
era verdade, mas naquela hora pareceu mais uma desculpa para se livrar dos
comentários da irmã.
— Você não me engana, Makoto! Está na cara que vocês estão
se gostando!
— Que eu me lembre a minha vida pessoal não é da sua
conta, Miyabi — ele respondeu friamente, fuzilando-a com o olhar (ele só
a chamava pelo nome quando estava realmente bravo/indignado/irritado).
— Olha, não quero brigar — ela começou,
pacificamente, querendo quebrar o clima tenso.
— Até parece! — Makoto atacou, com
desprezo, os braços cruzados .
— É sério! Se vocês se gostam eu não me importo, e até
aprovo.
Isso realmente nos impressionou,
especialmente o Makoto, já que ele ficou sem reação por alguns segundos.
— Nee-san... — ele disse, com um
suspiro bem longo.
— A Ichigo me impressionou muito desde a primeira vez que
veio aqui “te salvar”— ela declarou, e meus olhos brilharam de alegria, no
mesmo instante que eu lembrava do fato a que ela se referia.
Após uma pausa, ela continuou:
— Ela foi a única que me enfrentou de forma tão decidida,
a ponto de me fazer um desafio e ao mesmo tempo, me agradar com meu doce
predileto. Foi aí que percebi o quanto corajosa e amável ela é —
a Miyabi falou, sincera, agora num tom mais ameno. —
Você fez uma boa escolha, Makoto, e tem muita sorte por isso —
falou, por fim.
Nos entreolhamos com cumplicidade felizes pelas
palavras da irmã dele.
— Não comemorem ainda! — advertiu ela —
tenho uma condição
— Qual é? — perguntamos em uníssono
— Quero que me contem tudo — ela declarou, com um
sorriso.
Mesmo com a expressão meio desconfortável,
como quem diz: “ela está querendo saber demais”, Makoto concordou, já que sabia
que não tinha escolha. [Nota mental: Nunca contrarie ninguém da Família Kashino].Contamos a ela como
começou essa nossa relação, os planos para o futuro (que não estava tão
distante) e como nos sentíamos um em relação ao outro. Só omitimos algumas
informações que (claro!) eram particulares demais. Ficamos conversando por um
bom tempo, e a Miyabi parecia satisfeita com tudo que ouvia, escutando cada
palavra atentamente para não perder nenhum detalhe. A conversa fluiu bem. Tão
bem que nem vimos o tempo passar. Até que, olhando no relógio percebi que já
estava mais do que na hora de ir, mesmo não
querendo fazer isso. Mesmo assim, eu disse:
— Tenho que ir — e como quem não
deixa passar nada, Kashino percebeu meu desapontamento na voz.
— Como você vai embora? — a irmã dele
perguntou
— Eu levo ela — Makoto se ofereceu,
de bom grado.
— Ok — Juízo vocês dois! —
a Miyabi falou, amena, com um sorriso, piscando para nós.
No caminho eu e ele fomos conversando, de
mãos dadas, sobre o que cada um de nós queria em nosso futuro. Nosso futuro, as palavras ficaram na
minha mente.Construiríamos juntos, afinal.
Em
casa...
Tocamos a campainha de casa duas vezes, e
minha mãe nos atendeu no segundo toque. Mal cheguei à porta de casa e já
estavam na me fazendo milhares de perguntas de uma vez só.
— É uma longa história — afirmei, olhando
para todos, na tentativa de dizer o mínimo possível logo de cara.
— Se é uma longa história, por que não convida seu amigo
para entrar? Acho que ele pode te ajudar a contar tudo o que precisamos saber —
propôs a minha irmã mais nova, na maior cara de pau.
Confesso que a possibilidade de ficar com ele
mais um tempo me agradou de imediato e até me fez corar um pouco
— Verdade. Precisamos mesmo conversar —
falou a mamãe, logicamente concordando com a ideia da Natsume
Vendo que não nos restava alternativa (mais
uma vez) entramos em casa e nos acomodamos no sofá da sala. Eu lancei-lhe um
olhar que dizia: “Prepare-se, porque aí
vem bomba. Vão querer saber tudo”.
Minha mãe nos serviu chá minutos depois e
começamos a conversar. As perguntas foram as mais variadas possíveis, então
começamos a falar da “maratona de estudos de inglês”. Makoto disse à minha
família que eu estava melhorando bastante, pouco a pouco. Eu, de outro lado,
dei-lhe créditos por ensinar tão bem. Depois esclarecemos algumas coisas sobre
o projeto em Londres e sobre o nosso futuro. Por último foi nada mais que a
nossa relação amorosa. Esse foi o assunto que mais gerou perguntas, reações
diversas entre outras coisas, já em casa sempre é uma festa, uma folia pra tudo
que seja assunto “discutível”
No fim, minha família também aprovou a nossa
relação, o que nos deixou super aliviados mesmo!
Por fim, minha disse a Makoto:
— Kashino-kun, cuide bem da minha filha —
ela pediu, carinhosa
Ele assentiu, concordando, visivelmente
contente.
Depois disso, trocamos olhares e carícias.
Nos tocávamos suave e delicadamente, aproveitando os últimos momentos daquele
dia. Agora era ele que precisava ir...
— Fique bem, Ichigo. Até amanhã —
ele se despediu, partindo logo em seguida
Essas únicas palavras foram suficientes para
tornar a minha noite mais alegre.
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