No dia seguinte, de manhã percebi que meu
celular estava tocando, ou melhor vibrando. Tinha uma mensagem não lida. Era de
ninguém menos que Kashino Makoto
Ele dizia:
“Estava pensando em
estudar com você hoje à tarde, umas 14 horas. Está bom? Onde você prefere
estudar? Na sua casa, pode ser?”
Respondi imediatamente:
“A hora está ótima,
mas a minha casa não é o melhor lugar. Você sabe como é a minha família. Se nos
virem juntos vão começar a falar um monte da gente”.
Kashino Makoto diz: “Entendi. Então vai ser lá em
casa mesmo. Te busco 13:45. Esteja pronta”
Respondo: “Ok. Estarei te esperando! Beijos”.
Depois daquelas mensagens, não consegui pensar
em mais nada. Estava ansiosa demais para encontrar com ele bem na porta da
minha casa. Queria estar logo na casa dele (só não esperava encontrar com a
irmã dele, apesar de que ela ficou mais amável no fim das contas). Queria ter
um momento a sós com ele, nem que fosse “só” pra estudar. E eu estava
determinada a fazer o meu melhor no inglês, assim, além de me dar bem em
Londres, eu ainda poderia impressioná-lo um pouco mais...
Mas, a verdade é que a minha mãe percebeu o
meu comportamento “estranho”, já que segundo ela, eu sempre estou alegre e sou
muito tagarela, e naquele momento, eu estava bem quieta no sofá da sala,
perdida em meus pensamentos.
Foi então que ela decidiu me perguntar:
— Está tudo bem, filha? Você parece estranha —
falou, docemente.
— Estou sim, mamãe— respondi —
só estou pensativa, e esperando as horas passarem logo.
— Tem alguma coisa especial hoje, querida? —
quis saber
— Vou estudar na casa de um amigo —
disse, na tentativa de omitir o máximo de informações possíveis da minha
família (mesmo sabendo que um dia teria que contar a verdade a eles) para
evitar comentários sobre a minha vida amorosa. Mas, no mesmo instante, eu me
dei conta que eu vacilei na palavra amigo. Kashino Makoto não era
“apenas” um amigo, ainda que a nossa amizade fosse bem forte. Mas ele agora era
mais que isso. Era uma parte importante de mim, a minha outra metade. Era
alguém realmente especial.
A cada hora que passava, eu ficava mais
ansiosa do que já estava. Ansiosa e apreensiva.
Em compensação, descontei toda a ansiedade, o
nervosismo, (e sei lá mais quantos sentimentos) na comida da mamãe (que é a
melhor de todas). Depois de comer, fui depressa ao meu quarto me arrumar. Nada
muito chique, mas algo casual: peguei uma camiseta, uma saia azul marinho e uma
sandália. Passei um batom rosa claro (só pra ver se ele vai notar ou não,
diga-se de passagem) e peguei a minha bolsa preferida, que uso com bastante
frequência (tem um desenho de morango no canto, como muitas outras coisas
minhas, já que essa é minha fruta preferida. E pra quem não sabe “Ichigo”
significa literalmente “morango”).
Após me arrumar voltei para o sofá da sala
onde estava para esperá-lo e fiquei lá um bom tempo. Liguei a TV para ver se
havia algo de interessante, e fui mudando de canal em canal, mas nada me
atraía. O melhor que tinha a fazer era esperar (...).
Até que, pontualmente às 13:45, Makoto veio
me buscar, como o combinado pela manhã.Ao tocar a campainha, eu falei gritando:
— Deixa que eu atendo!
E ao ver que era ele, gritei de novo:
— Mãe! Estou saindo!
Cumprimentei-o com um beijinho na bochecha,
bem de leve e prontamente fomos (de carro) em direção a casa dele. Chegando lá demos
de cara com Muraoka, o segurança da família Kashino.
Ele logo perguntou, com aquela voz
estrondosa:
— Quem é essa garota?
— Por que quer saber isso? Te interessa? —
Makoto atacou, deixando bem claro pelo tom de voz que aquilo não eram
perguntas.
— A Miyabi-sama me ordenou que não deixasse ninguém além
da família entrar nesta casa — justificou-se o funcionário
— Ah, ordens da “patroa” — Makoto disse
sarcástico — Pois que eu me lembre, eu também tenho o direito de te
dar ordens aqui. Ou você vai me impedir de entrar na minha própria casa? —
agora seu tom era desafiador.
— De forma nenhuma — ele decidiu não
contrariar o “patrão”
— Que ótimo! Assim que eu gosto! —
Kashino sorriu ironicamente ao homem e lançou-me uma piscadela de leve,
satisfeito.
— Minha irmã está em casa?
— Não, senhor
— Ok — ele respondeu brevemente,
mas seus olhos diziam algo como: “Ah, melhor assim”
Virando-se para mim, ele falou, sem hesitar:
— Venha, Ichigo. Vamos entrar —
comentou, segurando-me pelos braços.
Entramos na casa dele. Eu sabia que aquele
lugar era enorme, porque já tinha vindo lá uma vez, mas não custa admirar a
grandiosidade do local de novo.
— Onde você quer estudar?
— Aqui na sala, está bom (tenho mania de estudar na sala,
e como já estávamos lá mesmo topei ficar lá)
— Então, ok — ele disse,
conformado, já se posicionando para estudar, e eu fiz o mesmo.
Sem demoras, Makoto me perguntou o que eu
sabia de inglês. Aí como não tinha nenhuma resposta mais inteligente, eu dei a
mais genial de todas:
— Eu sei o básico — disse envergonhada
— Que palavras ou expressões você sabe?
Fui falando tudo que lembrava, mas
basicamente, meu vocabulário de inglês se resumia em: “Hello”, “How are you”,
“How old are you”, “I’m Amano Ichigo”, “I don’t speak english” e os famosos “Yes”,
“no”, e “ok”.
— Bem, vamos revisar algumas coisas e depois te ensinarei
o que precisa saber para entender bem os ingleses. All right? —
ele fez essa última pergunta em inglês de propósito, mas também para entramos
no clima dos “estudos intensivos”, como eu chamava.
Ele propôs a me ensinar todo o básico e um
pouco do intermediário já que um mês era pouco tempo (mas ele era um gênio
então dava conta de me ensinar aquilo tudo) e eu precisava “aprender a conversar”
em inglês
Primeiro ele foi me ensinando a gramática, e
fui fazendo exercícios de fixação logo em seguida. No começo achei um tanto
difícil, e reclamei a ele:
— Ah, isso aqui tá muito difícil, Makoto! —
estava com aquela cara de emburrada
— Você consegue, sua tonta — disse
carinhosamente, de forma brincalhona, apontando o dedo na minha testa
— Do you think it? — perguntei, já
utilizando o que eu tinha aprendido até o momento.
— Yes, I do. Because it’s you —
afirmou docemente, fitando minhas íris.
Conforme ele me ensinava e me auxiliava fui
pegando o jeito e comecei a entender bem melhor as coisas, fazendo sempre o meu
melhor. De outro, quanto mais as horas passavam, eu ia cansando, com todas
aquelas informações. Kashino percebeu isso quando me perguntou, carinhoso:
— Ichigo, onde você está escrevendo? —
perguntou brincalhão.
Só então eu me dei conta que eu estava
escrevendo torto, de lado (e fora das linhas)
— Me desculpe Makoto, nem prestei atenção —
disse, novamente envergonhada, e meio sem jeito.
— Você não muda — falou com um sorriso
bobo no rosto — Mas também, estudou muito hoje. Deve estar bem cansada.—
comentou, ainda sorrindo, mas com o olhar compreensivo.
— E como!
— Vamos terminar só essa parte, então. Depois deixo você
descansar.
Concordei com a proposta dele. Ele me ajudou
e terminamos mais rápido do que imaginávamos. Quando acabamos ele me disse:
— Que tal um chocolate quente antes de ir? —
ele sugeriu
— Claro — concordei na mesma hora
— Sabia que aceitaria, Ichigo! —
ele me falou, rindo
Nos dirigimos até a cozinha, onde ele
preparou a bebida. Serviu duas xícaras, uma para cada um de nós.
— Esse chocolate quente veio bem a calhar, agora que
estamos no inverno. Estava mesmo precisando de algo para aquecer o corpo —
comentei enquanto bebia, apreciando cada gole
— Eu também preciso disso — ele comentou bebericando
o chocolate. E após uma pausa, disse:
— Também estou sentindo mesmo frio que você
— Verdade? — perguntei, impressionada
— Sim.— ele disse sincero —
Então me aquece Ichigo — ele pediu, olhando
fixamente para mim, e me puxando mais para perto de si.Deixei que ele se
aproximasse o tanto quanto quisesse de mim, porque no fim eu também queria
muito sentir o seu calor
Nos aconchegamos um no outro de maneira agradável
e ficamos com as mãos dadas. A partir daí ficamos algum tempo em silêncio, o
que me trazia tranquilidade e paz, só por ter quem amo bem ao meu lado naquele
instante.
Foi ele o primeiro a quebrar o silêncio,
dizendo:
— Parabéns, você se esforçou bastante hoje —
afirmou, com alegria e satisfação estampadas no rosto
— Obrigada. Você também deve estar bem cansado
— Estou sim. Ensinar cansa, porque querendo ou não é uma
maneira de estudar.
Concordei com a cabeça
— Mas tem uma coisa, aliás, pessoa, que não me canso.
— Quem é? — falei curiosa e confusa ao
mesmo tempo (sabe como é... sou desatenta assim mesmo).
— Nossa! Você não sabe mesmo? É você, bobona!
— Makoto... — então entreguei-me
ainda mais aos seus braços, abracei-o fortemente, e após segurar e
acariciar-lhe eu pescoço delicadamente, dei um beijo na boca, daqueles bem
demorados, e de tirar meu próprio fôlego. Ele respondeu aos meus beijos, e me
sentir ainda mais forte e segura.
— Você
é muito importante pra mim! — declarei a ele, com veneração, gratidão, e
principalmente, muito, muito amor.
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