Depois de decidirmos o estilo da loja e o nome para ela, tínhamos que decidir o principal: o que faríamos de doces. Aí veio a clássica pergunta que todo mundo faz pra todo mundo:
— Alguma ideia?
— Difícil pensar nessas coisas —
a Rumi-chan disse, mais para ela mesma, mas nós acabamos ouvindo também (já
ouviram dizer que as paredes têm ouvidos?)
— A Ichigo pode fazer a torta de morango dela. É algo
simples e original — o Makoto falou, e eu me
surpreendi.
— Posso fazer desde que tenha fraise de bois — eu o lembrei —
se não o gosto fica diferente! Também estava pensando em fazer Petit Gatau —
completei
— Sem problemas, Amano-san — o Andou-kun me
tranquilizou. — Há esses morangos aqui
Dei um suspiro longo, colocando a mão no peito
“Que bom”, pensei. (acho que todo o resto percebeu, por causa da minha
expressão de aliviada, mas isso são detalhes).
— E você, Andou, já pensou no que irá fazer? —
quis saber Makoto, com aquele ar de quem analisa cada um ali presente a ponto
de fazer esse tipo de pergunta do nada.
— Ele vai colocar um sabor japonês nos doces como sempre —
a Kana-chan respondeu por ele, atraindo nossos olhares impressionados (ela
quase nunca agia por impulso ou respondia por alguém, mas naquela hora as
palavras simplesmente saíram, como se ela precisasse muito falar o que
pensava).
— É verdade. Estava pensando nisso mesmo! —
exclamou Andou — como sabe disso, Koizumi?
— Porque é típico de você — ela respondeu
natural — e quantas vezes mais vou ter que dizer para você me chamar
de Kana? —
sua voz agora era firme, segura, (ela queria mesmo ser chamada pelo primeiro
nome) ao mesmo tempo em que tocava a mão de Andou-kun gentilmente,
acariciando-lhe docemente, só para se aproximar um pouco mais dele (lidar com
pessoas tímidas demais às vezes pode ser bem difícil, diga-se de passagem).
— E quanto a você, Hanabusa? —
o Makoto questionou da mesma maneira de antes
— Você sabe. Arte em caramelo. Mas posso pensar em algo a
mais se tiver um tempo de sobra, e se ninguém se importar, claro.
Subitamente, eu perguntei:
— Makoto, você ainda tem a receita da Forest Linda, que a
Tennouji-san nos deu?
— Tenho. Por que, Ichigo?
— Porque isso pode nos ajudar. É uma receita bem original,
deliciosa e tem um gosto mais refinado, típico de Tennouji-san e daqui dos
ingleses. — dessa vez foi a minha vez de analisar as coisas
— Boa ideia — todos aprovaram,
inclusive Kashino
— E você, Kashino? O que pretende fazer? —
disparou Andou, que não se manifestava há um tempo.
— Eu vou fazer a Forest Linda que a espertona aqui
sugeriu, já que é composta basicamente frutas e chocolate. Mas também estava
pensando em fazer Operas, Brownies (bem apreciados pelos ingleses) e bombons,
feitos com um recheio diferente, “original”, por assim dizer —
ele finalizou, depois de escolher as palavras certas para se explicar.
— Já tinha isso planejado, Kashino-kun? —
a Rumi-chan questionou, curiosa.
— Sim e não. Eu já sabia mais ou menos o queria fazer, mas
a Forest Linda acabou de surgir, então... — ele fez uma pausa —
eu decidi agora, praticamente. — disse por fim.
— Típico de Kashino Makoto — eu falei com um
sorriso provocador, e ele retribui com uma careta que só pessoas sádicas (ou
melhor, que se chamam “Kashino”) conseguem fazer.
— Tinha que comentar... — ele começou
— Alguém tinha que te falar isso —
eu disse, reproduzindo as palavras que ele tinha me dito há pouco.
Ao ouvir isso, ele engoliu seco (embora
quisesse disfarçar isso), mas levou na brincadeira, ainda que quisesse me
fuzilar ali mesmo.
Já estava de tarde quando estávamos acabando
de definir tudo (parece que não, mas as horas passam rápido quando conversamos
com amigos).Por último decidimos que eu, Rumi-chan e Hanabusa ficaríamos
responsáveis pela decoração da loja e o resto (que não é nada fácil)
deixaríamos para Kashino, Andou e Kana-chan.
Começaríamos a arrumar a loja amanhã mesmo,
uma vez que estaríamos mais dispostos e com mais ideias. Quanto antes melhor,
afinal ainda tínhamos muito pela frente e o dia de amanhã nos reservaria
grandes surpresas...
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