Estava caminhando por uma floresta em direção à minha casa (naquele dia eu estava voltando sozinha porque havia passado a tarde na casa da Kiyono-chan, minha melhor amiga) quando uma voz masculina me pegou de surpresa dizendo:
— O que a mocinha está fazendo aqui
sozinha em uma hora dessas? — perguntou presunçoso e com aquele tom sarcástico
e provocador (que me irrita, aliás). Era Kutani Ryou, a pessoa que menos queria
ver num momento daqueles.
— Só estou voltando para casa — respondi
naturalmente, sem querer puxar conversa com ele.
— Vejo que está desacompanhada — e bem
nesse momento ele me agarrou espontaneamente, pela minha cintura, e cada vez
mais se aproximava de mim, com os olhares fixos em mim. (cada segundo que
passava eu tinha a impressão de que ele estreitava mais o olhar)
— Ei, isso é assédio, sabia? — eu
comentei, indignada, mas ele pareceu não ligar para as minhas palavras e me
agarrou ainda mais forte (pena que não de um jeito agradável, mas também vindo
dele...)
Quanto mais ele me agarrava, maior era a
minha vontade de pedir socorro a alguém. “Takuma” pensei de imediato.
— Takuma! Me... — Eu ia dizer “me salve”,
mas o Kutani me silenciou, tapando minha boca como se dissesse “não adianta
implorar, garota”
Àquela altura, já estava desesperada, e
perdendo as esperanças de que alguém viria me salvar daquele tarado (estou
falando a verdade, só quem conhece Kutani Ryou sabe disso). Quando eu menos
esperava, uma voz inconfundível gritou pelo meu nome:
— Tamaki!
Fiquei aliviada ao ver que meu Guardião
estava bem ali, na nossa frente (todos os deuses devem ter conspirado ao meu
favor, para ele aparecer assim, do nada). Quanto ao Kutani, esse aí não perdeu
a chance de provocá-lo.
— Ah, Onizaki-kun. Veio resgatar a
princesinha? — ele estava sendo sarcástico e irônico ao mesmo tempo
— Claro que sim — sua voz soava
imponente — E não vou deixar você encostar nem mais um dedo sequer na minha
garota — agora ele soava autoritário e desafiador.
— Hum... — ele parecia se divertir com a
situação — E eu posso saber por quê?
— Porque eu estou aqui para protegê-la. —
ele declarou, decidido, curto e grosso.
— Vai bancar o herói, Onizaki? —
provocou de novo
Takuma ignorou o comentário totalmente,
e continuou a falar:
— E aposto que ela também não quer que
você a toque, mas você parece não entender. Então estou aqui para isso.
Solte-a! Agora! — ele ordenou, nervoso, a raiva no olhar
— E por que eu deveria soltá-la? Quem é
você pra exigir isso, Onizaki?
— Eu sou o Guardião dela — Ryou queria
se manifestar, mas Takuma não deixou — E ela é a minha Princesa, minha
garota — ele disse essas palavras com firmeza, soando inquestionáveis — Não que
a nossa relação seja da conta de um cretino como você, mas isso é só para que
você saiba que a Tamaki tem quem olhe por ela, e ela nunca estará desprotegida,
então para de perturbá-la e importuná-la! E pela segunda e última vez: Solte-a!
Agora! — ele ordenou, mais decidido do que nunca.
— Hunpf! Vou soltá-la só para poupar a
garota aqui — ele apontou para mim, e um segundo depois, realmente me soltou.
(Respirei fundo, aliviada)
E olhando para Takuma, deu um último
aviso (ou ameaça?)
— Quanto a você, camarada, a nossa conversa não terminou por aqui.
Takuma nada respondeu a Kutani Ryou, mas
o encarou uma última vez, sério.
Kutani se retirou dali instantes depois,
mas a sua expressão dizia algo como: “aproveite a paz enquanto puder, mocinha”
(e não era no bom sentido). Mesmo assim, não deixei me levar pela mensagem estampada
no rosto dele, porque àquela altura eu já estava sã e salva, ao lado do meu
Guardião que tanto amo, por isso, senti que nada mais poderia me abalar, e que
poderia voltar para casa segura e tranquila.
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