24
horas depois...
O dia começou a todo vapor. Estávamos bem dispostos
para começar mais um dia de trabalho, e desde a manhã recebemos muitos clientes
que ansiavam por várias de nossas sobremesas (que eu chamo de “doces
especiais”, porque são exclusivos da nossa loja.). A cada minuto que passava
mais clientes apareciam aos quais nós dedicávamos bastante para satisfazê-los.
Eu os atendia com simpatia e alegria juntamente com as minhas companheiras. Mas
também ficava na cozinha fazendo a minha torta de morango (mais que especial) e
alguns petits gateau com frutas diversas. Kashino se dedicava mais a Forest
Linda e aos Operas, mas também fazia bombons de vez em quando, sempre com
recheios e ingredientes diversificados.
(...)
Todos os dias fazíamos o nosso melhor para
alcançar, aliás, superar o nosso número de vendas em relação à loja da Ojou,
que não estava para brincadeira. Viam-se cartazes e todo e qualquer tipo de
propaganda/divulgação que se possa se imaginar por parte dela, dentre outras
estratégias para atrair um grande número de pessoas até a sua loja. Em
contrapartida, nós conquistávamos os clientes com nossos sabores exóticos e
únicos (exclusividade da casa) e com a forma de tratá-los, algo muito válido
quando o objetivo é cativar alguém.
E assim se transcorreram os dias, as semanas e os meses
Mantínhamos o ritmo habitual e calmaria,
menos quando alguém chegava aos escândalos na “Little Dreams”. Bem, acho que
você, leitor já conhece a figura, mas por via das dúvidas é melhor dizer o nome
dela: Koshiro Miya. Sim, ela mesma. Ojou,a que sempre aparece quando a gente
menos espera.
Certo dia, ela chegou e disse:
— Hahahaha! Não se esqueçam de que já estamos perto do
grande dia!
Era verdade. Dali a algum tempo já era a hora
de sabermos quem venceria a primeira disputa do ano. Isso, eu disse primeira,
porque eu sei se depender dela a nossa competição não acaba tão cedo, mas estou
disposta a superá-la, não importa quantas vezes sejam necessárias para lhe
provar isso.
— Estamos prontos! — eu garanti a ela, o
tom sério, sem desviar-lhe o olhar nem por uma fração segundo sequer.
— Tá confiante, hein! — ela zombou de mim.
— Mais do que nunca. Não vamos perder! —
a minha voz saiu mais intensa do que eu esperava, determinada a vencê-la custe
o que custar. E sabia que meus companheiros pensavam da mesma maneira.
— Você é quem sabe — ela disse, pouco
ligando para o que eu tinha acabado de dizer — e saiu
Senti que os demais também estavam bem
confiantes e por isso me acalmei mais ainda. Sempre agíamos normalmente, no
ritmo de sempre. Porém, dois dias antes do evento, quando todos estávamos de
saída, Andou-kun disse que queria ficar por mais um tempo trabalhando na loja.
Nós até tentamos convencê-lo do contrário, mas de nada adiantou. Então, a
Kana-chan falou:
— Podem ir, pessoal. Eu fico com ele mais um tempinho aqui
— a voz dela era meiga.
— Qualquer coisa fale conosco —
eu disse — Tem o número de todos nós, certo?
— Tenho sim, podem ficar tranquilos —
ela falou, olhando para todos nós.
— Ok — Todos nós concordamos em
seguida, e saímos.
No
hotel
(...) A verdade é que, apesar de parecermos
calmos frente a Kana-chan não conseguimos conter a preocupação, já que sabemos
que Andou-kun pode se exceder de vez em quando, de tanto que se dedica ao
trabalho. Além do que não sabíamos quando voltariam. Se depender do Andou-kun,
descobrir essas coisas é bem imprevisível. Kashino tentava esconder, mas era
ele que estava bem mais preocupado que todos nós juntos, por conhecê-lo desde a
infância.
— Se acontecer alguma coisa àquele idiota, eu... —
ele estava alterado.
Sabia que o que diria em seguida eram as
palavras que ele menos queria ouvir, mas eu as disse mesmo assim, paciente,
segurando em sua mão:
— Acalme-se, não adianta se precipitar agora. Sei que é
frustrante pra você ouvir isso, mas nesse momento, tudo o que temos a fazer é
esperar.
— A Ichigo-chan tem razão, Kashino. —
Hanabusa-kun emendou — E você sabe como é o Andou,
ele é compreensivo, mas pode ser bem teimoso quando quer, então não adiantaria
nada falar com ele em uma hora dessa, ainda que isso seja o que todos nós
desejamos fazer
— Vocês tem razão, mas essa situação não ajuda em nada,
caramba! — ele exclamou, compreensivo, mas triste por se sentir
impotente de fazer algo a mais.
Na loja...
Andou-kun continuou a fazer seus doces
japoneses compulsivamente, sem parar nem um minuto. Estava trabalhando havia
horas, mas mesmo assim insistia em continuar. Kana-chan o ajudava no que
precisava, mas o observava com um olhar que ainda que fosse repleto de
tenacidade, também continha preocupação. Nem mesmo ela fazia de quando ele
finalmente pararia de fazer doces naquela noite. Ele seria mesmo capaz de
passar a noite em claro só para que ganhássemos uma competição? E ainda: Ele
conseguiria mesmo ir além de seus limites até esse ponto tão extremo? Essas
eram as perguntas que invadiam a mente da doce Kana-chan.
Em certo momento, ele disse:
— Preciso pegar um ingrediente que faltou
— Eu pego pra você — ela se ofereceu
— Ok — ele concordou
Mas, de repente, quando estava voltando com o
ingrediente que tinha pedido, ela ouviu um barulho vindo da cozinha.
— Sen-kun! Tudo bem? — ela estava
desesperada com Andou (e só chamava-o pelo apelido quando tinham bastante intimidade)
Nenhuma resposta de imediato. Kana-chan foi
local ver o que estava acontecendo
Para sua surpresa, Andou estava fraco, sem
forças, com febre e não disse nenhuma palavra, mas mesmo assim exclamou:
— Como assim você desmaia logo agora nesta
cozinha, meu Deus? E ainda por cima com essa febre— ela
estava tensa, à beira das lágrimas — Por que tinha que
ser assim, tão teimoso? O que faço agora?
Seja coincidência ou não, Kana-chan ligou
para Kashino, que até aquela hora não parava de olhar o relógio e o celular de
tanta preocupação. Ele atendeu no mesmo instante:
— Koizumi, o que aconteceu? — perguntou, sem
perder tempo.
— Kashino-kun, é o Andou! Tá com uma febre enorme, tá bem
mal mesmo. Será que você pode falar com a sua irmã? Ela estuda medicina, certo?
Por favor! — ela suplicou, em meio às lagrimas no rosto.
— Claro, Koizumi, é pra já!
— Melhor levar ao hospital ou sua irmã nos atende no hotel
mesmo?
— Falo pra ela vir em casa, no hotel, hospital a essa
altura deve estar um transtorno.
— Ok
(...)
Kana-chan finalmente chegou com Andou ao
hotel tarde da noite, e nós corremos para abraçá-la e confortá-la pelo
acontecido. Ela secou as lágrimas, mas a tensão e o nervosismo permaneciam em
seu rosto. Dava para perceber o quanto ela se importava com Andou-kun, o quanto
ele significava a ela. Miyabi chegou 10 minutos depois (o expediente dela
terminou alguns minutos mais cedo) perguntando sobre Andou:
— Ele está no quarto, Miyabi-sama —
a Kana-chan informou — Coloquei um pano molhado
sobre a testa, espero que tenha abaixado a febre, pelo menos um pouco.
Ao chegar ao local, a Miyabi falou:
— Sintomas?
— Fraqueza em geral — Kana-chan se pronunciou
— Bom, não é nada grave, só vai precisar de alguns
medicamentos básicos para tratamento e algumas horas de sono e repouso. No
entanto, fiquem atentos e vejam se ele não tem dores de cabeça ou algum outro
tipo de dores, ok?
— Farei o que for preciso — Kana-chan estava
decidida a fazer tudo por ele — Obrigada pela consulta,
Miyabi-sama
— De nada, se cuidem, vocês! —
ela exclamou, piscando para nós e saiu
Um tempo se passa...
— Onde eu estou? — foi a primeira
pergunta que Andou fez ao abrir os olhos
— No seu quarto. Você desmaiou —
a Kana-chan falou doce, já mais calma
— Desmaiei? Mas eu tenho que... —
ele tentou se levantar
— Você tem que descansar — Kana-chan tinha a
voz firme, decidida, soando incontestáveis como nunca.
— Escuta a garota, porque ela tem razão —
Hanabusa-kun se pronunciou.
— Mas, como... Quem... — ele nos questionava,
fitando-nos.
— A Koizumi te trouxe pra cá e a minha irmã te clinicou de
última hora.— Kashino explicou — Então, agora deixe
de ser idiota e vá descansar, porque é o melhor que tem a fazer agora, Andou —
ele soava categórico e ao mesmo tempo se aliviava aos poucos por ter terminado
tudo bem.
— Pessoal... — Desculpe por
preocupá-los — Andou olhava para nós enquanto fala as palavras
lentamente.
— Se alguém a quem você precisa agradecer e/ou se
desculpar, essa pessoa está bem do seu lado, com a mão sobre a sua neste
instante — eu falei, sincera e carinhosa, piscando na direção de
minha amiga.
— Kana-chan...— ele suspirava ao
dizer o nome dela — Me perdoe, não era para você passar por isso —
ele confessou
— Não há nada que perdoar, Sen-kun —
ela declarou, amorosa, acariciando-lhe o rosto e as mãos, de leve —
Por você eu faço isso e muito mais, porque você é a pessoa mais importante para
mim, e eu estarei sempre aqui para você. Com toda a certeza e com todo o amor.
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