Depois daquela conversa “amarga/doce” (mais
pra amarga do que doce), decidimos voltar ao nosso hotel. A mãe dele nada disse
e depois que nos despedimos ela decidiu se retirar. Agradecemos à Miyabi por
tudo naquela noite. Kashino foi quem mais ficou agradecido e surpreso pelos
atos da irmã.
— Nee-san. Obrigado — ele falou realmente
contente
— Não foi nada. E você sabe que também tenho meus motivos,
não sabe?
— Sei — ele assentiu com a cabeça. —
Mas eu nunca imaginei que fosse enfrentar nossa mãe —
ele soou sincero — Foi uma surpresa mesmo, Nee-san!
— Cedo ou tarde ela teria que encarar os fatos. E você só
deu mais motivos para isso — ela falou docemente
(milagres acontecem, sabia?).
— Verdade... — ele disse, piscando
para irmã.
— Convencido — ela lhe deu uma
cotovelada, fazendo-o reclamar —Vão logo embora que já está
tarde, moleque — ela ficou na postura sádica de sempre, mas esse era o
modo de ela dizer que já estava na nossa hora e que preocupava conosco .
Ele deu um sorriso malicioso e nos retiramos
dali, como ela mesma tinha falado.
Chegamos ao hotel minutos depois, e quem nos
atendeu foi a Kana-chan, mas todos os outros olhares também já estavam mirando
em nossa direção, com um ar de curiosidade. Adentramos o local e nos juntamos
aos nossos amigos, que estavam na mesa da cozinha (a Rumi-chan havia preparado
um jantar delicioso para nós). Mal sentamos pra comer e já começaram a fazer o
interrogatório sobre “aquele compromisso” que tivemos há algumas horas.
— Então, como foi a conversa com “aquela pessoa”? —
perguntaram os rapazes, curiosos e um pouco eufórico. As meninas ficaram caladas,
mas tinham o olhar fixo em nós.
— Foi bem... Produtiva — eu comentei
— Isso — Kashino comentou, meio sem
graça, obviamente não querendo entrar em detalhes sobre o ocorrido, que incluía
fatos bem desagradáveis para ele.
— Não usem meias palavras, vocês dois! —
Habusa-kun alegou — Falem de uma vez o que aconteceu!
Como vimos que não tínhamos saída,
assentimos, concordando com ele
— A gente discutiu sim. Mas conseguimos convencer a minha
mãe no fim das contas. Aliás, eu acho
que sim... — o Makoto disse um pouco inseguro, e toquei suas mãos ao
perceber isso.
— Foi difícil, mas conseguimos argumentar, dizendo o que
cada um pensava da situação em que ela nos colocou —
a minha voz era terna e séria.
— E a irmã dele? — o Andou-kun
perguntou, apontando para Makoto.
— Tranquilo — ele respondeu —
Para a nossa surpresa ela ficou do nosso lado.
— Sério?? — todos perguntaram ainda
mais surpresos.
— Sério — ele confirmou, olhando para
todos na nossa roda de amigos, já prevendo que reagiriam de tal maneira
— Cara, milagres acontecem mesmo, hein! —
Hanabusa-kun comentou, com bom humor.
— É verdade. E olha, gente, eu achei que nunca ia dizer
isso, mas a minha irmã é um gênio! — ele exclamou
— Por que diz isso? — Andou-kun questionou
—Ela tem um poder de convencimento maior do que eu
imaginava. Pegou bem na ferida, e ela
sabe exatamente quais são os pontos mais vulneráveis da minha mãe.
— Ela convenceu a velha?! — Hanabusa-kun
exclamou e depois de pigarrear de leve disse: — Ah, quer dizer, a
sua digníssima mãe, Kashino.
— Covenceu sim,— ele respondeu, rindo
— Mas quem realmente domou a fera (pelo menos por hoje)
foi essa daqui — ele afirmou, apontando pra mim, carinhosamente.
— Uau! Que mágica você fez? — os nossos amigos
quiseram saber
— Nenhuma, só juntei todas as minhas forças pra falar o
que julgava ser necessário para o momento. E principalmente... —
falei fazendo suspense e atraindo olhares — eu fui honesta —
concluí por fim, aliviada.
Eles me fitaram por alguns instantes, e
Kashino disse:
— Por que essas caras de surpresa, pessoal?
— Porque a Ichigo-chan enfrentou a sua mãe, oras! —
a Rumi-chan resolveu se manifestar, mas falou aquelas palavras como se o motivo
fosse óbvio.
— Pois pra mim não é surpresa alguma —
Kashino apontou, com um sorriso.
— E por que não? — Todos quisemos
saber, inclusive eu, que estava ansiosa demais para saber a resposta dele.
Ao que ele respondeu, sincera e docemente
— Porque essa é a Ichigo que todos nós conhecemos. E esta
é a minha garota — ele finalizou, com gentileza e veneração, olhando para
mim e me deixando nas nuvens.
E essas palavras foram mais que o suficiente
para deixar a Lua mais cristalina e a nossa noite mais alegre
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