Não tardou para que o dia seguinte chegasse. Saímos
desde cedo para começar a nossa loja com calma e bastante energia. Ao chegar,
todos tivemos que limpar e organizar o local, para que pudéssemos fazer tudo
com perfeição.
Depois colocamos algumas mesas e cadeiras no
canto da loja e prateleiras e balcões no interior dela, para que colocássemos
alguns doces. Ah, e colocamos um balcão para o caixa. Organizamos a cozinha da Pâtisserie
de uma forma fácil para localizar as coisas, além de bem limpa. A decoração foi
simples, porém bem sofistica, para dar um toque de elegância (é de Londres que
estamos falando, no final das contas).
Contamos com a ajuda de nossos Espíritos dos
Doces, mas ainda assim levamos horas para arrumar tudo, e deixar como o
planejado no dia anterior. Fizemos tudo o que pudemos, então, lá pela tarde já
estávamos todos “quebrados” de tanta energia que gastamos desde manhã até
aquele momento. Pelo menos, terminamos tudo (ou quase, faltava o principal) e
decidimos descansar um pouco antes de voltar ao hotel.
Quando
pensamos que o pesadelo acabou e que teríamos ao menos um tempo de paz (e que
voltaríamos logo), ouvimos alguém dizer, ou melhor, rir:
— Hahaha! — ela deu aquela risada
“diabólica” que todos nós conhecíamos bem
Engolimos em seco ao saber que se tratava
dela: Koshiro Miya.
Como de costume ela entrou do nada (pra não
dizer invadir) no local, literalmente “batendo na porta”, abrindo-a daquele
modo estrondoso que só a “Princesa” tem (nada delicada pra alguém como ela)
Pensamos que só ela viria nos “visitar” de surpresa, mas ela estava
acompanhada. Johnny e outra garota, loira e dos olhos claros (amiga da Ojou,
suponho) estavam junto também
— Olha quem eu encontrei aqui! —
ela disse sarcasticamente olhando para nós
— Koshiro-san — eu disse —
Como sabia que estamos aqui?
— Me mantenho informada, querida! —
ela exclamou, ajeitando os cabelos — E ninguém mandou
deixar a janela aberta. Então já que eu estava passando por aqui mesmo decidi
fazer uma visitinha rápida — ela concluiu, como se não
fosse nada demais
E virando-se para Kashino, lhe jogou um
beijinho que o fez ficar um pouco... espantado (já era de se esperar)
— Makoto-kun! ♥ — e foi logo
abraçá-lo, correndo até ele (ela praticamente se jogou nele, ao invés de
abraçá-lo).
Ele logo quis se soltar dela, e conseguiu
fazê-lo depois de muito esforço, empurrando-a um pouco para longe. Quanto a
ela, pareceu não estar tão abalada com o “empurrão”; pelo contrário, estava
totalmente tranquila a ponto de dizer com um sorriso travesso no rosto:
— Ah, adoro esse seu jeito sádico!
Makoto nem sequer deu atenção aos comentários
da garota, que já havia irritado o bastante “abraçando-o carinhosamente”
(palavras da Ojou, essas últimas, então pergunte a ela o que exatamente é
abraçar alguém).
Vendo o desconforto do Makoto, eu resolvi
perguntar a Koshiro:
— Trouxe companhia hoje?
— É. Hoje estou com Johnny e uma amiga minha que mora aqui
em Londres chamada Louise, ou Lulu.
Me arrependi de ter puxado conversa com ela
instantes depois, quando Johnny me pegou no colo para “me cumprimentar”
— Ei, me solte! — exclamei a Johnny
que parecia estar adorando me ter nos seu colo (uma pena que eu não possa
afirmar o mesmo)
— Solte ela agora! — exclamaram Kashino,
Hanabusa e Andou ao mesmo tempo
— Caramba! Quanto estresse! — ele comentou —
Ok — e me colocou no chão novamente (ainda bem!). Dei um
suspiro aliviada por isso.
Achei que o alívio duraria bastante, mas como
tudo que é bom dura pouco...
— Miya, esses são os garotos que você disse que conhecia? —
perguntou, apontando na direção dos rapazes.
— Sim, ele são chamados de “Os Príncipes dos Doces”. Kashino
Makoto-kun, Andou-kun e Hanabusa-kun. — Ela os apresentou
para a amiga (por que será que só o nome de alguém ela falou completo, hein?).
Eu gosto do Makoto-kun, como pode imaginar.
— Imagino — disse a Lulu, sorrindo para
Koshiro-san — Vou falar com eles.
— Vou com você — a Ojou concordou na
hora
O primeiro de todos, é claro, não precisa nem
dizer, foi ninguém menos que Kashino Makoto. Àquela altura, eu já estava até um
pouco apreensiva imaginando coisas, porque vindo da Ojou tudo pode acontecer,
não custa lembrar.
Elas foram logo se aproximando dele, e Lulu
foi a primeira a se manifestar.
— Hello — ela cumprimentou-o
Silêncio total. Apenas um aceno de cabeça foi
a resposta do Kashino
— A Miya falou muito bem de você.
— Verdade — a Koshiro-san concordou
— Que bom saber — ele soou
indiferente, como se não fosse nada.
— Qual a sua especialidade? — agora a inglesa
soava curiosa, querendo saber mais sobre ele
— Chocolate — respondeu no mesmo
tom
— Nossa! Amo chocolates! — a menina comentou,
alegremente, visivelmente querendo puxar conversa.
No começo, tentei ignorar, mas aos poucos
elas faziam mais e mais elogios e se aproximavam cada vez mais do Makoto,
chegando a ponto de acariciá-lo desde o rosto (na bochecha) até o canto do
pescoço. Mesmo que fosse de leve, não aguentei ver aquela cena e fui até onde
eles estavam. Pigarreei, chamando-lhes a atenção.
— Vem comigo! — eu exclamei, puxando
Makoto pelo braço.
Levei até um canto mais reservado para que
pudéssemos conversar tranquilamente a sós. Ele estranhou de cara a minha
expressão séria, e arqueou uma sobrancelha. Mesmo assim, protestei a ele
(naquela hora era a minha vez de fuzilá-lo com olhar)
— Você não vai ficar dando mole para aquelas duas, vai? —
perguntei, brava, nervosa, tensa e sei mais quantas emoções juntas.
— Claro que não! — ele me garantiu,
ainda estranhando meu humor — Você não viu que eu não
estava nem aí para aquelas falações todas?
— Claro que vi! — exclamei —
e com a voz mais calma, falei baixinho — Mas eu queria ouvir
da sua boca.
— Pra quê essa preocupação toda, Ichigo? —
ele perguntou, mais calmo, carinhoso.
— Elas estavam te tocando, oras! —
exclamei, indignada (a raiva tinha passado, mas a angústia só de lembrar da
cena ainda permanecia) — Queria que eu reagisse
como?! Eu sei as intenções das pessoas, se você ainda não percebeu isso
— Quer se acalmar? — ele fitou os meus
olhos intensamente, e segurava a minha mão com carinho —
Você é minha, assim como você tem e sempre terá a mim.
“Você
é minha”. Só três palavras foram
necessárias para acertar o meu coração por completo
— Makoto... — sussurrei seu nome,
como fazíamos quando estávamos só nos dois
— A senhorita ficou com ciúme, não foi? —
ele inquiriu, piscando pra mim, me fazendo sorrir um pouco e me deixando
vermelha de vergonha.
— Eu... Eu estava sim, mas e daí? Elas estavam te... Argh!
Você sabe do que estou falando, não me faça repetir! A gente se gosta, e eu não
quero mais ver nada daquele tipo, viu? — a minha voz soou
autoritária
— Shh — ele me silenciou —
Não precisa dizer nada. Não vamos mais discutir isso! Quanto a ninguém mais me
tocar, pode ficar tranquila. Não vai mais acontecer.
— Como você sabe?
— Porque eu quero só você, Ichigo. E eu sou todo seu
Aquelas palavras realmente me trouxeram
segurança, paz, amor, tranquilidade, e toda aquela angústia, o nervosismo e
todos os sentimentos negativos que havia, imediatamente cessaram.
— Vamos voltar? — ele sugeriu
— Claro — afirmei contente “Com ele não há tempo ruim”, pensei enquanto
voltávamos até onde todos estavam
Quando voltamos, percebemos que a Ojou e sua
amiga ainda conversam alegremente
(...) — Ah, o meu sonho?
Casar com o Makoto-kun
— Uau! Que tudo, Miya!
— Né? — ela piscou para a amiga
A felicidade dela acabou quando nos
aproximamos e Makoto (que estava bem atrás dela), afirmou, com toda a certeza
na voz:
— Eu não vou me casar com você!
— Será? — ela piscou
— É melhor não insistir — eu a avisei, mas só
a irritou mais ainda quando eu a escutei dizendo:
— Quem é você pra falar o que eu devo ou não fazer, Amano
Ichigo?
Não respondi nada a ela. Não queria me
estressar com esse assunto. Mas eu me surpreendi ao ouvir as palavras sinceras
de Kashino Makoto
— Quem ela pensa que é? Vou te dizer quem ela realmente é,
Koshiro senpai: Ela é a garota que amo, e é isso que importa.
— Você tá brincando! Você gostando dessa tonta aí? —
a Koshiro-san comentou com desprezo na voz
— Quem tá brincando aqui é você —
Kashino a enfrentou — Essa tonta, como você
chamou, é quem eu amo sim, porque ela tem personalidade, brilho próprio. Ela tem
a energia que eu preciso e a sinceridade que me falta. Por isso, ela me faz
feliz. Ela não precisa de joias, tesouros, nem riqueza nenhuma. Ela só tem que
ser ela mesma. Então é bom você acordar pra vida, Koshiro-senpai e parar de
julgar a Ichigo como bem entende. Estamos conversados?
A contragosto, ela obedeceu
— Tá, só porque é você quem tá falando.
— Que ótimo — Makoto disse,
satisfeito.
Logo em seguida, a Lulu fala:
— Ei, Miya, não desanima, não íamos falar com os outros
rapazes?
— É verdade, vamos lá — ela concordo,
obviamente querendo se distrair um pouco, depois da “bronca” que levou do
Kashino.
Não demorou para que as duas se aproximassem
de Andou-kun e Hanabusa-kun. Eles as cumprimentaram
educadamente, como de costume. Hanabusa-kun deu uma rosa (em caramelo) para
Lulu, a inglesa, que se encantou na hora. Só não esperávamos que tal
aproximação fosse assim tão... Íntimo (em outras palavras, que iria/poderia
acontecer tudo de novo)
Kana-chan e Rumi-chan logo chegaram até elas
e perguntaram:
— Podemos saber por que tanta intimidade?
Era impressão minha ou elas estavam com
uma... Pontinha de ciúme também?
— Pra que vocês querem saber isso? —
a Koshiro-san não perdeu tempo para desafiá-las — Não podemos nem
cumprimentar alguém? E que eu saiba eles não são comprometidos!
— Cumprimentar alguém é bem diferente de ficar “se
atirando” na pessoa — a Rumi-chan comentou, na
defensiva, os braços cruzados. Quanto a não ser comprometido...
— ...Vocês vão ver a resposta agora! —
completou a Kana-chan, com uma determinação que nenhum de nós tinha visto
antes. E ao dizer isso, ela aproximou-se mais e mais de Andou-kun e estreitando
o olhar e abraçando-lhe fortemente, lhe deu um beijo. Na boca.
Isso impressionou a todos, mas principalmente
Andou-kun, que não esperava ganhar um beijo bem naquele instante.
— Entenderam agora? — ela desafiou as duas
patricinhas, séria.
Elas nada disseram, apenas ficaram imóveis.
De outro lado, Andou finalmente criou coragem para ter um momento com a
Kana-chan
— Koizumi... Kanako — ele pronunciou o
nome dela calmamente, hesitante e atordoado demais por causa do beijo
— Até que em fim você me chamou pelo primeiro nome, hein! Eu
te amo, sabia? — ela disse sorrindo
— Também sinto o mesmo — ele respondeu,
sussurrando no ouvido dela.
O “momento casal” ia bem, mas faltava alguém
que todos queriam saber...
— Ainda “sobrou” um — a Koshiro-san disse
(ela pode ser bem inconveniente na maior parte do tempo, mas naquela hora ela
tocou no assunto que todo mundo queria saber, por isso ninguém a contrariou)
— Será mesmo? — foi a vez da
Rumi-chan soar sarcástica e desafiadora
Silêncio total. Nossos olhares estavam todos
fixos nela, querendo saber o que mais estaria por vir.
E virando para Hanabusa, a Rumi-chan deu a
última palavra, encarando-o:
— Não dê mais flores para outras garotas! —
exclamou, com o rosto corado.
E quando ela ia se retirar dali, Hanabusa
subitamente pegou em seu braço e disse, meio desesperado:
— Espere — e bem nesse instante, lhe
beijou a bochecha pela primeira vez. (Era um passo a mais...)
Naquele dia/tarde, quando nos retiramos da
loja e fomos em direção ao hotel, todos nós estamos satisfeitos, porque dentre
todas as surpresas que tivemos, a maior delas foi descobrir o sentimento que tínhamos
um pelo outro... Sendo assim, um novo dia, com muito mais cor e emoção nos
esperava...
Nenhum comentário:
Postar um comentário