quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Oitavo Conflito (Parte 1): Uma surpresa no Acampamento de Verão

A semana passou voando, e logo as férias coletivas de todos já haviam começado, e o tão esperado dia do Acampamento havia chegado. Desde o dia anterior, a minha mala já estava pronta com tudo o que eu precisaria para os próximos 4 dias, de segunda a quarta-feira, inclusive um kit de primeiros socorros. Nunca se sabe o que pode acontecer.

Eu e Subaru acordamos bem cedo e logo que nos viram, os irmãos nos desejaram uma boa viagem e Hikaru-san, com a personalidade um tanto especulativa, me recomendou, descontraído, deixando-me um pouco tímida:

― Conte-me sobre as aventuras românticas de lá quando voltar, estou precisando de inspiração para um triângulo amoroso. Vai que a arte imita a vida, sabe?

― Acho que está pensando coisas demais, Nii-san ― alertou Subaru, que pouco gostou do comentário, no entanto, Hikaru-san o olhou com um sorriso travesso, como se pensasse algo malicioso do mais novo.

Com a discussão, Fuuto-kun aproveitou para se pronunciar, dirigindo-se a mim com os olhos extremamente fincados nos meus:

― E veja se volta inteira, hein?

Eu teria a quinta ainda para descansar, até o show que seria na sexta, mas como ele está sempre atento, nunca perde a oportunidade de interagir comigo. Apesar das alfinetadas, aquela era realmente a “marca registrada” dele, e eu gostava de sentir essa presença tão íntima e especial que só Fuuto-kun me proporcionava.  

― Pode deixar ― respondi, amável ― Estarei novinha em folha na sexta

― Acho bom ― afirmou ele, tentando esconder um leve sorriso malicioso.

Em seguida, nos despedimos de todos e partimos em uma viagem de 2 horas de duração até chegarmos ao nosso destino, que ficava em uma cidade vizinha à nossa. Chegando no Acampamento, cumprimentamos as pessoas que passavam por lá, que também estavam com suas malas na mão, indo aos seus aposentos. Eu estava apreciando demais a paisagem, o ambiente diferente e o clima fraternal que se instalava por ali, repleto de amizades e de um calor humano intenso.

Conforme caminhávamos, alguém muito familiar se aproximava, a passos largos, leves e precisos. A figura possuía uma presença forte, e aquele tom de voz que se expandia até alcançar os nossos ouvidos, era tão inconfundível que fez o meu coração saltitar.

Hey! ― Ele nos cumprimentou, gesticulando com a mão

― Natsume! ― Me surpreendi ao vê-lo, esboçando um largo sorriso e com o coração repleto de felicidade.

Ele sorriu em resposta, ao ver a alegria estampada no meu rosto

― Natsu-nii! ― O que está fazendo aqui? ― Subaru o encarou, com a expressão de poucos-amigos, espantado negativamente com o aparecimento do mais velho

“Ah, Subaru, não quebre o clima fraternal, por favor”, pensei, sabendo que os dois não se davam nada bem, mas esperava que ao menos nas férias essa rivalidade acalorada fosse esquecida e desse lugar a momentos em família gostosos de serem lembrados e dignos de serem guardados no álbum de fotografias, repleto de lembranças amorosas que possuo com a família Asahina

Para aliviar a tensão, decidi puxar conversa com Natsume, o mais calmo entre os dois:

― Como conseguiu vir? E com quem?

― Vim acompanhar uns colegas da empresa. Eles me falaram sobre o Acampamento de Férias, é uma boa opção para relaxamento estar ao ar livre

Eu não esperava encontrá-lo ali, bem em minha frente, e estava contentíssima em poder contar com a presença dele. Segundos depois, me lembrei do que ele havia me falado em casa:

Não se preocupe, senhorita. Eu já sei como te ajudar com isso”.

Agora havia caído a minha ficha, do porquê da tranquilidade extrema do Natsume ao me garantir isso. Era porque ele também viria ao mesmo Acampamento de Verão que a gente! Subaru nada respondeu e só fechou a cara por uns instantes, mas não foi nada que estragasse a minha felicidade em ter uma companhia a mais

― Ainda dava tempo de se inscrever? ― Perguntei, curiosa para saber desde quando ele já havia planejado aquilo, pois geralmente, o prazo de inscrições costuma ser curto.

  De início eu estava em dúvida se iria ou não, porém, foi prorrogado ― esclareceu ― Desta forma, tinham uns dias a mais para se inscrever no Acampamento, e consegui vir colocando como opção de esporte “atletismo”, porque ainda corro de vez em quando, sem contar com a agitação do dia a dia!

― Verdade, já é uma boa correria! ― Dei risada, com simpatia e em tom baixo. Sabia que nos dias da semana seu cotidiano era bem movimentado e atarefado. Pelo menos, nessas férias, ele poderia descansar um pouco e também praticar esportes, um de seus hobbies

― E você? Possui algum esporte que goste mais? ― Ele quis saber, já que eu não conversava sobre esse assunto com ele, e a maioria das vezes, era sobre o game que a empresa lançava.

― Tênis ― Respondi, sorridente, acrescentando em seguida: ― Mas vou aproveitar para me aprimorar em todas as modalidades

― Está certíssima! Assim que se fala! ― Natsume aprovou, contente de ver o meu apreço por esportes e atividades físicas em geral.

A conversa fluiu tão bem, que, honestamente, até me esqueci da minha “primeira companhia”, Asahina Subaru.

Ele pigarreou e disse:

― Eu ainda estou aqui, sabiam?

― Ah ― Fez Natsume, desinteressado, similar a um: “Ah, tá”

― Desculpe ― Pedi, e Subaru disse que não se importava com aquilo, contudo estava visivelmente incomodado. Natsume causava um efeito colateral em Subaru, que se transformava em alguém muito mais nervoso do que a tensão normal que apresentava quando estava comigo, por não saber como expressar seus sentimentos devidamente, o que é compreensível.

Não demorou para que um amigo dele se aproximasse de nós e lhe dissesse:

― Asahina, você tem uma linda acompanhante ― O que se chamava Fujimoto Naoki comentou. O rapaz era da altura de Subaru, magricelo, com cabelos e olhos castanho-escuros ― É a sua namorada?

― Não há casais aqui ― Eu lhe garanti ― Estou apenas acompanhando meu irmão mais velho ― Esclareci, não querendo dar bola ao rapaz.

Subaru pareceu ficar mexido com a indiferença com a qual falei, entretanto, desta vez, ele entendia a situação na qual estávamos. Fujimoto-san recomendou que eu aproveitasse bem a localidade e os eventos que teriam nesses dias e se despediu.

Natsume permaneceu calado, e para não ficar um clima estranho entre nós três logo após a saída de seu amigo, eu puxei conversa com Subaru, e perguntei se ele sempre vinha nesse lugar todos os anos.

Ele respondeu que sim, juntamente com a equipe do basquete, mas sem acompanhantes. Ou seja, eu era a primeira, de novo.

“A primeira e única”, pensei

“Deve ser difícil para ele enfrentar isso também, afinal, não namoramos.”, refleti.

Tanto Subaru quanto Natsume perceberam a minha reação pensativa e perguntaram se eu estava bem

― Sim, estou, mas estava pensando no Subaru ― fui honesta

― Em mim? ― O referido apontou a si mesmo, surpreso

― Sim, deve ter sido difícil para você lidar com os comentários de que parecemos um casal

― Ah, isso? Bem... sim.

― Você parece tenso. Quer me dizer algo a mais? ― Com um ano de convivência, eu já conhecia cada personalidade

Subaru, no entanto, não conseguiu

― Bem, vamos a outro lugar ― ele mudou de assunto, e eu concordei, já que precisávamos nos dirigir aos nossos aposentos

Fomos para o nosso cantinho no Acampamento e coloquei meus pertences em cada local. Natsume gentilmente me ajudou a tirar algumas das minhas bagagens e vendo a cena, Subaru fez o mesmo. Senti que havia uma certa rivalidade no ar, mas nada disse, querendo saber até onde aquilo iria, e no final, eu estava grata pela gentileza de ambos.

Depois disso, decidimos que os três iríamos ver as atividades do Acampamento e realizá-las. Decidimos partir para uma corrida, pois aparentemente Subaru ainda estava com a bendita ideia fixa de não querer perder para o Natsume, de forma que fariam a mesma atividade. Eu, por outro lado, aceitei a proposta por pensar que seria uma excelente maneira de aquecer o corpo para começar a minha jornada esportiva.

Mal sabia eu que aquela estadia exigiria não só do meu físico, mas desafiaria o meu mental e emocional, e que o “calor” não se resumiria ao clima ou temperatura corpórea, como também representaria a intensidade de três corações que precisavam urgentemente se entender.

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