—Ah, a Bela Adormecida despertou! —Foi a primeira coisa que lhe disse naquela manhã —Não está com fome, senhorita?
Ela respondeu de uma
maneira nada delicada, encarando-me e me pedindo para esperar
—Sugiro que vá na frente
—De maneira alguma, eu te espero —Eu tinha o dia livre, além de que eu gostava de
provocá-la o máximo possível. Ela era extremamente prática e ela somente
precisa arrumar seu cabelo, algo que fez rapidamente
—Então, vamos? —Eu
lhe perguntei, estendendo a minha mão cordialmente, e pela primeira vez em
algumas horas ela concordou comigo, pacificamente, sem me questionar.
Estendeu-me a mão e eu a guiei para comermos algo bem reforçado naquela manhã e
assim se fez. Ao término da refeição, perguntei à Beth:
—Tem planos?
—Não, mas...—ela
sentiu corar, colocando as mãos nas próprias maçãs do rosto, e eu percebi que
ela estava realmente corada. Devia estar imaginando coisas...
—Então, me acompanhe por hoje, Milady
—Como? Está querendo algo de mim? —Ela perguntava, desconfiada e na defensiva
—Quero sim —lhe
disse, com um sorriso intencional direcionado a ela, que me perguntou:
—E o que seria?
Como assim “O que seria?
” Ela tinha problemas, por acaso?
—Quero que me acompanhe por hoje, senhorita. Ou você é
surda?
—Surda eu não sou, mas essa sua gentileza extrema para
comigo é completamente descomunal
—Tem certeza do que pensa a meu respeito, Milady? —Eu a desafiei
—Tenho sim —Ela
continuou séria, mas eu tinha impressão que não era exatamente isso que ela
queria dizer, então perguntei a ela
—Não se lembra da noite
anterior, Senhorita March? —Eu estava realmente curioso, mas queria saber se
aquela pergunta um tanto intencional ia surtir algum efeito na mudança de comportamento/opinião
de Beth.
Não tive sorte. Não
adiantou nada, ela continuou a responder-me no mesmo tom indiferente de antes,
como quem não quer absolutamente nada comigo – muito menos naquela manhã de
domingo –
—Além do fato de você ter sido totalmente arrogante? Não,
não me lembro de nada
Então era isso. Ela não
deve ter sentido/percebido que na noite anterior eu fui vê-la secretamente e
gentilmente, eu a acariciei. Ela não sabia disso, nem fazia ideia. Mas eu ainda
tinha minhas dúvidas. Apesar de suas palavras indiferentes, será que ela
realmente não se lembrava de nada do que havia acontecido? Será que aquele
beijo... não significou nada a ela?
Ei, por que eu estou
pensando neste assunto?! Ainda mais a esta hora da manhã! O que estava
acontecendo comigo? Eu nunca fui de refletir sobre sentimentos nem nada do
gênero, mas de repente só penso nisso. Oh, isso sim é realmente descomunal da
minha parte!
Por fim, já tentando
afastar aqueles pensamentos alheios de minha mente, eu apenas lhe encarei por
alguns segundos e lhe disse:
—Então, vamos ao nosso passeio?
Para minha surpresa ela
imediatamente concordou, estendendo-me sua pequena mão. E desta vez, não havia
mais ironias trocadas entre nós. Ela sorriu de canto e eu retribui, pois desta
vez eu não estava sendo sarcástico nem fazendo nenhum jogo de palavras ao oferecer-lhe
o meu tempo e a minha gentileza para um passeio. Naquele domingo, eu queria
ficar com ela, e apenas com ela
Rapidamente, chamei por
Kurt e avisei a ele que estaríamos de saída. Ele imediatamente disse que
compreendia, deixando-me satisfeito. Não demorou para que eu pegasse um cavalo
e saíssemos a passeio. A viagem até o local onde a levaria demoraria cerca de 7
horas de viagem. A princípio seguimos viagem silenciosamente, mas quem quebrou
o silêncio entre nós foi ela: Elizabeth March
—Para onde exatamente você está me levando? —Ela perguntava-me curiosamente
—Não consegue ficar quieta e esperar a surpresa, Beth?
Então ela se calou por
alguns segundos e disse:
—Surpresa? —Ela
estava impressionada com aquilo
Assenti.
—Sim, Beth, uma surpresa para você. Então você vai
esperar?
Então, quando achei que
estava tudo resolvido sobre aquele assunto, ela começou a argumentar,
imaginando coisas que nem haviam de fato acontecido ainda
—Eu agradeço muito, mas é que eu tenho pensado tanto na
Meg que...
Droga! Ela estragou meu
plano de surpreendê-la! Como vi que ela não ia parar de falar, eu a interrompi
devolvendo-lhe com uma pergunta:
—E para onde a senhorita acha que eu estou te levando,
Beth?
No mesmo instante, ela se
calou de vez. Estava completamente sem reação àquilo. No fim, o meu plano não
foi totalmente um fracasso, porque naquele momento percebi que eu realmente
havia conseguido surpreendê-la, sem nem precisar apelar para truque algum.
A única estratégia que eu
precisava para ter sucesso com ela – e para vê-la contente naquele dia –, era
realizando seu desejo.
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