POV Elizabeth March (Beth)
Era um dia de chuva quando o carteiro veio entregar as nossas correspondências. Estava um silêncio total, e apenas ouvia-se o barulho da chuva, nada mais. Estávamos todas reunidas na sala de estar, naquele fim de tarde, para um chá entre irmãs. Quando verificamos as correspondências, uma em especial nos chamou a atenção, e nos surpreendeu por completo: Era uma carta de Meg
Era um dia de chuva quando o carteiro veio entregar as nossas correspondências. Estava um silêncio total, e apenas ouvia-se o barulho da chuva, nada mais. Estávamos todas reunidas na sala de estar, naquele fim de tarde, para um chá entre irmãs. Quando verificamos as correspondências, uma em especial nos chamou a atenção, e nos surpreendeu por completo: Era uma carta de Meg
Não tínhamos notícias
dela desde a noite passada, então ficamos felizes em ter notícias dela. Mas ao
mesmo tempo em que eu estava excitada, tinha medo do que poderia ser. Não tinha
endereço nem nada e não entendia o porquê daquilo. Apenas estavam escritos o
remetente (ela) e o destinatário, onde se lia: “Às minhas queridas irmãs”
—Abre logo, Beth! —pediu
a minha irmãzinha Amy
Fiz o que ela pediu e
todas nós assentimos. Ansiosas e apreensivas
Por fim, comecei a ler:
“1° de setembro de 1870,
Queridas irmãs,
Nunca pensei que diria isso a vocês algum dia, mas
estou partindo. Estou disposta a correr o risco que for para poder ser feliz e
seguir o meu destino com Greg. Sei que nada disso deveria estar acontecendo e
que falhei como irmã ao deixar-lhes sem nem ao menos dar-lhes uma despedida
confortável, com abraços calorosos e envolventes de família como fazíamos nos
velhos tempos, quando uma de nós precisava se ausentar temporariamente e
dizíamos em coro e em voz alta: “Sentiremos saudades! Retorne em breve”, para
só então nos despedirmos uma última vez. Eram bons aqueles tempos, aquela época
em que éramos apenas nós quatro. Isso com certeza ficará gravado na memória de
cada uma de nós, como uma lembrança boa daquela época em que todas nós éramos
dominadas pela inocência e não fazíamos nem ideia do amanhã. Do incerto, do
possível e do impossível. Mas agora não sou mais a Meg de antes, ingênua e
insegura. Eu sou uma nova mulher, decidida daquilo que quero para mim, e para
minha vida. Sei que soa estranho e egoísta da minha parte dizer-lhes isto em um
momento como este, porque a família é o bem mais precioso que alguém pode ter. E
acreditem: O meu maior tesouro são vocês, queridas. Minhas garotas, minhas
irmãs, companheiras e confidentes
Mas agora pela primeira vez em minha vida, sinto que
finalmente sei o que desejo, e qual o caminho quero seguir. Quero trilhar o
mesmo caminho que ele: Gregory Thomas
Tenho plena consciência de que falhei com ele como sua
professora e instrutora. Eu deveria ser alguém que o guiasse para o seu futuro,
mas agora sinto que ele é quem está me concedendo isto, e este prazer que sou
capaz de sentir neste exato momento.
E disso, eu não me arrependo. De início, eu não queria
comprometê-lo, pois ele sempre foi alguém exemplar, tanto como aluno quanto
como pessoa. E por isso eu estava relutante ao meu próprio sentimento, ao meu
próprio coração. Eu pensava que não podia tê-lo, nem ter o direito de amá-lo, e
por este motivo, eu imaginava que Greg e eu éramos como linhas paralelas, mas
então, o destino quis que fosse diferente, e foi bom comigo, conosco.
Vocês podem até não acreditar em destino, mas eu sim.
Nossas linhas finalmente se cruzaram, apesar de hesitar em diversos momentos, e
de alguns pequenos desentendimentos, eu sabia que o amor havia chegado até a
mim, e que não podia mais ignorar as minhas próprias emoções, e sendo assim,
deixe-me ser completamente tomada por elas.
E se há uma certeza neste universo, é que nós, meros
humanos imperfeitos, podemos falhar, mas o destino nunca falha. Nunca, nunca,
mesmo. E eu estou disposta a aceitar o meu.
Em outras palavras, estou apenas à procura da minha
própria felicidade, da minha própria satisfação como pessoa, como mulher. Com
ele, e sempre com ele: Gregory Thomas
Espero que assim como eu, vocês também sejam capazes
de encontrar a sua própria felicidade e seu destino.
De sua irmã que as ama muito,
Meg March"
PS: Josephine, cuide-se e cuide das nossas irmãs por
mim. Beth & Amy, sejam responsáveis e sempre persistentes, não importando o
quão difícil for para alcançar seus objetivos. Eu acredito e confio muito no
potencial de todas vocês, por isso façam o melhor que puderem e sigam seus
sonhos, minhas garotas, porque o amanhã as espera ansiosamente.
Eu tinha lágrimas em
minha face quando acabei de ler. Principalmente depois de ler aquele PS. Mesmo
tendo partido, ela ainda lembrava de nós. Ela era a Meg de sempre, eu tinha
plena certeza disso
—Meg nos deixou —Josephine
suspirou. Evidentemente que todas nós estávamos atordoadas e pasmadas por conta
da notícia
—Vou à procura de Meg —eu
disse, determinada
—Beth, Meg fez sua escolha. Você tem que deixa-la ir,
ainda que seja doloroso para nós sabermos de sua partida —Josephine me disse, gentilmente, aconselhando-me
—Além disso, você nem sabe onde ela está. Nem faz ideia
de onde começar a procurá-la, Beth —Amy
argumentou
—Eu sei que eu tenho que deixá-la partir, ainda que não
goste disto. Mas eu entendo seu ponto de vista, já que se eu estivesse no lugar
de Meg também gostaria que aceitassem a minha escolha
—Mas então...—as
duas disseram ao mesmo tempo, entreolhando-se, e depois mirando fixamente para
mim
—A única coisa que quero neste momento é despedir dela
apropriadamente, abraçando-a, como fazíamos antigamente, e como ela mesma se
recorda. Quero ter uma última lembrança da nossa irmã. Apenas isto, depois
deixarei que ela siga seu próprio caminho, sua felicidade. Da mesma forma que
ela sempre nos apoiou, e apoia nossos sonhos, eu também apoio os dela, e por
isso, aceito sua escolha. Agora, estou saindo, quero encontrá-la o mais rápido
possível e dizer o quanto eu a amo, não importando o que digam nem quanto tempo
eu leve para descobrir seu paradeiro, porque tudo o que desejo é apenas um
último abraço, que guardarei comigo para sempre
—Beth...—Josephine
suspirou uma vez mais. Amy nada disse, mas pela primeira vez em meses, me olhou
com compreensão e compaixão. Instantes depois, eu já havia saído pela porta da
sala à procura de minha irmã Meg, a mulher forte e corajosa, que sempre me
apoiou, me deu forças e que desde sempre (desde sempre mesmo) foi meu porto
seguro, a vida inteira
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