sábado, 29 de julho de 2017

[Resenha Crítica] School 2017 - O árduo cenário escolar coreano nas telinhas

Informações Gerais:
Título: School 2017
Lançamento: 17/07/2017
Emissora: KBS 2
Gênero: Comédia, Amizade, Família, Drama & Escolar.
País: Coreia do Sul
Idioma: Coreano.
Onde assistir: Kingdom Fansubs,(Português)
 ViewAsianDramaLike (Inglês)

[ATENÇÃO, LEITORES] Esta resenha pode conter spoilers. Leia por sua própria conta e risco.

Após assistir e resenhar MARS – não pensem que deixei a resenha do filme para trás –, ainda estou no clima “escolar”, e hoje, tirei o dia para assistir “School 2017”.  O drama está atualmente em andamento e possui apenas quatro episódios, de modo que o que eu escrever aqui será como “minhas primeiras impressões”
Gosto de temas de escola, então essa foi uma boa oportunidade e experiência para mim, ao ver um k-drama que possui tal abordagem.
Há um tempo já se noticiava que mudariam a temática desse “School”, pois cada um tem um tema central: os dois últimos com esse título parecem que foram mais voltados para bullying e convivência social em si – me corrijam se eu estiver errada –, tanto que dizem que “School 2015” foi bem pesado e teve gente que chorou horrores (uma hora eu assisto, já que a minha xará me desafiou a vê-lo). No drama deste ano, o “pano de fundo” da trama é a pressão e as exigências de atingir uma boa classificação nas provas para poder entrar em uma faculdade, sendo mais direcionado aos problemas internos da escola. Com o desenrolar dos capítulos, outros assuntos também vão surgindo, os quais,  mencionarei nesta resenha – acho que ficará bem comprida, então quem ler até o final, parabéns! –

Introdução à trama e personagens
O drama começa bem leve no início do primeiro episódio, sendo que em determinados momentos há uma dose de comédia em meio aos acontecimentos, devido ao fato de que nossa protagonista, a jovem Ra Eun-Ho (Kim Sejeong)  é uma adolescente de 18 anos muito sonhadora e bem avoada!
 Seu sonho é entrar na Universidade Hanguk, mas suas notas não são suficientes para tal, já que ela está no “nível 06”, classificação 280.
“Para um estudante de Ensino Médio na Coreia, essa frase o define: Em que nível você está? ”
Por essa citação, já dá para perceber o peso da história, certo? 
Na Coreia, tamanha é a importância de se destacar e de passar nas provas para ser aceito na “Universidade dos Sonhos”. Tanto é que em uma cena, a mãe da protagonista alega que ela precisa de nota para ganhar algum respeito. Isso porque ainda nem começou a tensão total.
Para situarem-se, a história se passa em uma escola que – antes – tinha três provas/simulados por mês, depois, aumentou para quatro, fazendo com que os alunos estudassem ainda mais.
No drama podemos presenciar vários tipos de pressões, especialmente por conta da família, sem contar com as exigências exacerbadas do diretor e dos próprios professores da instituição.
Eun Ho é cobrada para melhorar seu desempenho, enquanto que Song Dae Hwi (Jang Dong Yoon) é o melhor aluno da escola e presidente do conselho estudantil, porém, apesar de seu grande reconhecimento por parte dos demais, ele é extremamente cobrado justamente por sua inteligência e facilidade nos estudos, uma vez que as pessoas colocam muitas expectativas em relação ao rapaz, principalmente sua mãe.
Já no que diz respeito ao personagem Hyun Tae Woon (Kim Jung Hyun), este recebe a pressão de seu pai, que por sua vez, é o diretor da escola, e que trata seu próprio filho de maneira rígida, rigorosa e fria, exigindo ao mesmo que lhe conceda resultados satisfatórios, uma vez que é “filho do diretor”
A partir daí, somos capazes de enxergar como é difícil ter que dedicar-se aos estudos. Além do mais, os próprios professores exigem muito dos alunos. Na trama, o único professor que entende e compreende seus pupilos é o Professor Shim (Han Joo Wan), responsável pela turma de nossos personagens principais. Para Shim, os valores morais e éticos vêm em primeiro lugar; nem sempre a solução mais simples é a mais eficaz e correta, sobretudo quando se trata de acusar uma inocente sem provas, enquanto que os demais profissionais, e até mesmo o diretor, apoiava a punição da garota. Ainda na visão do homem, a meritocracia não está ligada apenas a números e aos resultados dos exames, e sim, ao caráter e às atitudes.
Shim é daquelas pessoas que realmente procuram entender quem está ao redor, tal como suas ações, após uma boa conversa, conscientizando-o daquilo que é certo a fazer. É alguém benevolente e que não tolera brigas e nem violência, independente do motivo, porque quem bate/agride já está perdendo a razão.

Outros temas abordados
A moral e a ética são elementos presentes na educação coreana de forma geral, tanto na escola como no dia a dia. Provavelmente mais a fim de desenvolver e mostrar conflitos durante o drama foram apresentadas certas situações em que se tem ou não tais virtudes na tomada de decisões. Enquanto o professor Shim representa as pessoas que possuem discernimento e senso de justiça para com os alunos, alguns personagens simplesmente ignoram o senso moral para favorecer e/ou desejar favorecimento a alguém.
Um rígido professor devolveu o celular a Tae Woon por ele ser “o filho do diretor”, mas não devolveu à protagonista o seu caderno, e apenas lhe disse: “O que importa se é injusto? São as regras”.
Com essa cena podemos perceber a diferença de tratamento e caráter de cada um. O que eu mais gosto de ver em k-dramas com temas escolares e de família, é a formação do caráter de cada personagem e seus motivos para isso. Então temas como preconceito tomam seu espaço.
Nesse k-drama, Eun Ho é tida como uma rebelde e “causadora de problemas”, no entanto, a maneira como alguns a vêem não tem apenas a ver com incidentes internos, mas também status social, dadas as circunstâncias de que sua família é humilde e os pais trabalham bastante para que não lhe falte nada.

Quanto à rigidez na sala de aula, no drama há as cenas do professor batendo com uma régua na mesa da aluna, para chamar-lhe a atenção, e o tratamento para com a mesma, é frívolo. A “punição” que eles recebem por atos indevidos (como por exemplo, brigas entre alunos) é correr X metros numa quadra ou limpar certo local da escola.
No que diz respeito às relações interpessoais, durante os capítulos mostra-se tanto cenas contendo conflitos, rivalidade e intrigas entre os alunos quanto cenas de amizade e compreensão.

Elenco e personagens
Acho que o elenco em geral foi bem escolhido, ainda tem muito chão pela frente então, não direi muita coisa sobre isso. Quanto à protagonista Eun Ho, achei que ela foi bem interpretada até agora. Por ser o primeiro trabalho da Kim Sejeong (do Gugudan/I.O.I, para quem curte k-pop) como atriz, ela está cumprindo seu papel devidamente.
Quem está me chamando mais atenção na história toda, na verdade, é o diretor, que faz um papel de autoritário e que às vezes até dá raiva. Em oposição a isso, a interpretação do professor Shim está me encantando por passar tranqüilidade e calmaria, sabe quando se portar com autoridade.

Observações e Informações aos Leitores
Primeiramente, eu gostaria de dizer que algumas coisas ditas aqui nesta sessão serão como um desabafo. A intenção não é parecer arrogante nem grossa, não quero ofender nem ferir a ninguém,  até porque sei que nem todos merecem levar sermões, entretanto, acho que devo ser sincera em relação ao que penso sobre alguns fatos e pessoas em geral, e também falarei um pouco a respeito da educação na Coreia.

Com licença, vou começar a me explicar:
Algumas pessoas às vezes se iludem ao verem programas asiáticos, principalmente pelo fato de se tratar de uma cultura bem distinta da nossa. Não é só porque você (refiro-me aos espectadores) viu que algo aconteceu em um k-drama que vai ser assim na vida real.
É fato que existe sim um fundo de verdade nos dramas que assistimos, entretanto é necessário tomar cuidado para não generalizar e tomar aquilo (retratado na ficção) como verdade absoluta a respeito de uma cultura. Nesse caso, está sendo retratada parte do que os adolescentes passam na escola, sim.
É verdade que, em relação ao sistema de ensino coreano, as pessoas sofrem uma grande pressão para que tenham um futuro promissor.  A educação na Coreia se destaca globalmente falando, como uma das melhores do mundo, sendo que a maioria da população no país é alfabetizada e tem acesso ao estudo, porém, a sociedade coreana em si é extremamente hierarquizada, na qual se devem usar honoríficos ao falar e ter o dever de obedecer e honrar a sua família e seus mestres. “Honra”, “Respeito” e “Obediência” ao seu superior são elementos que definem a cultura asiática em geral, por isso as pessoas se dedicam horas e horas aos estudos, para que consigam ter resultados positivos e fazer jus àqueles ao redor. A pressão na Coreia leva a sérios problemas, principalmente desgaste psicológico, gerando depressão e até mesmo, a morte.
Entrarei em mais detalhes em uma postagem especial na qual escreverei sobre a educação na Coreia, suas conseqüências, e a esperança para o futuro. Fiquem atentos ao blog.

Agora, mudando de assunto, gostaria de esclarecer que, as cenas que eu mencionei nesta resenha foram para enfatizar os aspectos sociais que mais merecem a nossa atenção por serem assuntos delicados, os quais precisam ser analisados mais criticamente por nós, espectadores. O fato de eu mencionar “aspectos negativos” não significa que os coreanos sejam cruéis e/ou frívolos.
Aliás, se me permitem, sobre esse assunto, posso dizer que já ouvi bastante gente dizer que os asiáticos são frios, mas, esse estereótipo de que “asiáticos são frios” muitas vezes é gerado porque quem está ao nosso redor compara muito a cultura oriental e a ocidental.
Enquanto nós brasileiros somos tidos pela maioria das pessoas como “mais dados e receptivos”, dizem que asiáticos são “frios”, quando na verdade, são apenas mais tímidos e fechados até conquistarem a intimidade e confiança com alguém. Entretanto, culturas não são para ser comparadas, mas para se completarem uma a outra.
Sou descendente de japoneses (neta) e tenho duas culturas para se chamar de minha; a brasileira e a japonesa, e consigo conviver com ambas naturalmente sem problema algum. Então, não os generalizem como “frios”, ok?

5 comentários:

  1. é bem interessante a maneira com que você analisou todos os aspectos do drama, e é assim mesmo, a visão de nós ocidentais pode variar bastante em determinados assuntos dos quais o drama "tenta" de uma forma até... simples nos passar. Penso assim como você Rebeca, são orientais e não ocidentais e eles tratam varios assuntos a maneira deles, talvez até fosse errado para eles se levassem esses assuntos de uma maneira mais "ocidental" sabe. Muito boa a resenha e a critica rs

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    1. Fico feliz que tenha apreciado a resenha e que tenha se identificado. Não que fosse errado, até porque nas últimas décadas a Ásia em geral vem sofrendo a influência ocidental por conta de estrangeiros que vão àqueles países. Porém, culturalmente falando, eles (asiáticos) ainda conservam muitos aspectos da tradição e de suas raízes que são mantidas até hoje, como a moral e a ética Confucionista que se faz presente na educação oriental, inclusive na Coreia, onde a base provém da filosofia de Confúcio (Kong Fuzi). É um assunnto que pretendo abordar aqui no blog também

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  2. Oi, Rebeca. Li sua resenha dos primeiros episódios. Ela se encaixa com o que eu estava procurando. Alguém que não só falasse sobre o drama, mas que abordasse os aspectos da educação coreana e até qual ponto realidade e ficção se misturam. Irei acompanhar seu blog daqui pra frente! Um beijo.

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    1. Olá! Boa noite!
      Primeiramente, agraço pelo comentário. Fico feliz que tenha encontrado o que estava procurando. Modéstia à parte, eu sempre tento expor os fatos de uma maneira mais realista, para que as pessoas possam se identificar e refletir. Será uma honra tê-la acompanhando nosso blog.

      Realmente, seu comentário me deixou muito feliz.
      Um beijo,

      Rebeca

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