Estamos no ano de 2016. Mas a Coreia ainda
vive uma Monarquia, com um rei, uma rainha e uma princesa. Você deve estar
pensando que a minha vida é um conto de fadas e que ser da realeza é “as mil
maravilhas”, só que definitivamente não é como a maioria das pessoas pensa a
princípio.
Por trás de todas as aparências, estão
“escondidas” as responsabilidades para serem cumpridas (que daria uma lista
enorme)
Mas, há algo que apenas eu consegui fazer
logo que cheguei ao mundo (ou ao menos um minuto depois disso acontecer): me
tornar uma princesa.
Isso mesmo.
Eu, Im Yoona, a única herdeira legítima do
trono coreano, no auge dos meus 20 anos, tenho a obrigação de me casar para
suceder a linhagem e herdar tudo o que hoje pertencem aos meus pais. Admito que
achei essa última parte um pouco estranha, já que sou filha única, mas a minha
mãe insiste que eu devo encontrar o amor logo, ou pelo menos deixar que ele
venha até mim, como ela mesma diz, e por isso ela “decretou” (a mim) que só
herdarei todas as posses da família se estiver devidamente casada.
Para isso terei que fazer o chamamos de “A
Seleção”, onde 35 garotos do país de
qualquer região poderá se inscrever e participar. Tentei argumentar contra ela,
mas não adiantou de nada:
— Mãe, eu mal conheço os rapazes, não quero
me casar com alguém que nem sei quem é. E não tenho experiência com rapazes,
vocês sabem! — aleguei, olhando para ambos — isso era verdade: os
poucos garotos que conheci eram filhos de diplomatas ou até mesmo príncipes,
que tinham poucas coisas em comum comigo.
Respirei fundo e continuei:
— E a herança... O que isso tem a ver com
casamento? — eu a interroguei. Meu pai me olhou ternamente, mas nada respondeu,
enquanto a minha mãe acariciou meus cabelos e me disse:
— Filha, sei como se sente, mas pense pelo
lado positivo: Você conhecerá pessoas diferentes, com pensamentos e ideias
distintas das suas; será capaz de saber como pensam e agem. Alguns podem até
ter as mesmas opiniões que você. Poderá ao menos fazer amigos. E quem sabe você
encontre um amor para si, filha! Você precisa de um marido!
Oh,
lá vamos nós de novo. As Majestades não cansam de me falar como eu preciso me
casar.
— Sua mãe tem razão, minha filha! —
começou meu pai, com voz firme, porém solene — Você precisa
entender que a verdadeira responsabilidade de uma pessoa é saber lidar com os
outros, principalmente em um relacionamento. Não estamos te “deserdando” nem
nada disso. Mas para herdar algo é necessário ser responsável, e principalmente
ter dignidade. Se você conseguir encontrar um parceiro para você, sabendo lidar
com ele, com as situações, a ponto de desejar tê-lo para o resto de suas vidas,
então quer dizer que você será digna de qualquer outra coisa, porque a maior
das riquezas estará ao seu lado sempre, Yoona — ele tinha um sorriso
no rosto ao terminar de fazer seu discurso.
— Papai... — chamei-o de forma
carinhosa — Nem sei o que dizer disso tudo.Não sabia que vocês
estavam planejando tudo isso. Não é a toa que vocês são o rei e a rainha deste
país! Achava que só estavam me obrigando a casar e nada mais. Mas depois de
suas palavras fiquei surpresa e mais tranquila também. Só que...
Vi que eles estavam a espera de uma
continuação para aquela frase
— Por mais que tudo isso seja verdade, não me sinto muito
a vontade ainda, apesar de a tensão ter aliviado. Não acho que esteja preparada
para algo deste tipo.
— Yoona! — minha mãe pareceu indignada
ao ouvir aquilo.
— Calma, querida! — meu pai disse a
minha mãe
— Vamos fazer um acordo? — propôs meu pai
— Que tipo de acordo? — eu estava curiosa
— Você fará a Seleção sim, mas não vai ser por muito
tempo.
Ah,
estava bom demais para ser verdade.
— Quanto tempo, exatamente?
— Terá que se esforçar durante 6 meses —
Mas vai ter que provar que está se esforçando de verdade, Yoona —
ele advertiu.
— Sim, senhor — falei seriamente a
ele, sabendo que aquilo era uma ordem — Farei o meu melhor.
— É assim que se fala! — ele exclamou em
satisfação.
— Ainda bem que a convenceu — minha mãe suspirou
aliviada, olhando para nós — Senão já ia tomar
providências mais drásticas, viu?
— Falou a Rainha da Coreia, hein, mãe! —
exclamei com bom humor e todos nós caímos na risada juntos.
Logo, minha mãe fala, mãos séria, se
dirigindo a mim:
— Há uma coisa que eu quero que você veja, Yoona
— E o que seria?
— Isto — ela me entregou um papel,
que julguei ser uma carta
Pelo olhar cúmplice de meu pai... Bem, ele, o
Rei, já sabia do que se tratava, e apenas me disse, com o olhar fincado em mim:
— Leia
Fiz o que ele pediu. Qual não foi a minha
surpresa ao saber que se tratava da Seleção. Ok, talvez tenha me surpreendido
um pouco.
Estava escrito:
“Seul,
26 de abril de 2016
Informamos
sobre uma grande oportunidade de honrar nosso país, a Coréia. Sua Alteza Real,
Im Yoona acaba de completar sua vigésima primavera, a qual simboliza sua
maioridade e deseja ter um companheiro.
Para
isso, estão abertas as inscrições para “A Seleção”, na qual apenas 35 rapazes
serão os sortudos para conhecer a Princesa e ter sua estadia no Palácio Qualquer rapaz entre 20 e 30 anos que se
interessar e se considerar elegível para
ser o noivo da princesa pode entrar em
contato com o Departamento de Serviços Provinciais de sua localidade. Ao final,
a família de todos os Selecionados será recompensada generosamente devido à
colaboração para com a Família Real Coreana.
Entretanto,
apenas aquele que demonstrar ter mais honestidade, fidelidade, habilidade,
competência e, principalmente, honra e dignidade será o grande escolhido. A
ele, será destinada a mão de Sua Alteza, assim como o coração da adorada Princesa”
— Desde quando você tem isto, mãe? —
eu a interroguei
— Preparei isso há um tempo — ela comentou —
Com seu pai, claro.
— E essa carta... — comecei a dizer, com
ar de dúvida
— ...Vai chegar a todas as famílias, ou pelo menos para a
maior parte delas — meu pai explicou
— Ok — falei, sem ter uma resposta
melhor para aquilo — Quanto tempo levam as
inscrições para A Seleção?
— Uma semana filha — minha mãe esclareceu
—
— O quê? — Como assim só uma semana?! —
perguntei-lhe pasmada
— Filha, o futuro príncipe terá de será alguém fiel à
você, à nossa família. E ao colocarmos um prazo curto, então, somente aqueles
que são realmente interessados e fiéis a nós que se inscreverão.
— Tem razão, pai. Aliás, não sei quando você não tem —
disse, lançando-lhe uma piscadela
— E na semana subsequente à da inscrição, já serão
informados do resultado e os Selecionados saberão um pouco mais sobre “A
Seleção”, com mais detalhes — minha mãe explicou
Então, era isso. Eu, assim como os
Selecionados, tinha apenas duas semanas como alguém “normal”. Depois disso,
tudo mudaria...
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