sábado, 16 de maio de 2020

[Primeiras Impressões] “My Poseidon” e as Referências da Mitologia Grega

Quem me conhece sabe que eu amo Mitologia Grega e Mitologias em geral. Quando soube que o Phoenix Fansub estava legendando o drama “My Poseidon”, fiquei extremamente feliz, uma vez que já estava bastante interessada no drama, por abordar a temática de Poseidon e Anfitrite

Acabei de começar a maratona desse drama recentemente, mas muitas coisas já me vieram à cabeça. Inicialmente, era para ser um texto de primeiras impressões (mesmo que o drama já tenha sido finalizado há muito tempo na China), mas como eu sou uma caixinha de surpresas e ultimamente tenho me aprofundado demais nos assuntos que abordo no blog, decidi mencionar aqui as referências que encontrei nas entrelinhas desses 4 primeiros episódios

Depois, redigirei minhas impressões um âmbito geral, revelando minhas “primeiras impressões” desse enredo – mas até lá já terei assistido mais alguns episódios, de forma que poderei expressar mais meus sentimentos na resenha.

 

De início, quero apontar que achei interessantíssimo o fato de abordarem na mesma trama as tendências presentes e futuras da tecnologia avançada juntamente com os estudos de geologia marinha, tal como a conexão intensa nas entrelinhas, entre a Mitologia Grega (cultura clássica) e a Idade Contemporânea.

Igualmente às outras resenhas, dividirei esta em itens, para melhor fluidez na escrita e compreensão das ideias apresentas por mim e os temas abordados no enredo a partir do contato com esses primeiros momentos

 

Para a composição dessas análises, foram utilizadas algumas fontes de pesquisa, as quais estarão no final dessa postagem

 Vamos ao que interessa:

Os pequenos detalhes e as grandes conexões

1.    Anfitrite e os golfinhos

Nos primeiros momentos, é revelado que An Fei, a mocinha da nossa trama, é formada em geologia marinha, sendo defensora dos golfinhos (ela os protegeu de uns caras que queriam capturá-los).

Essa referência foi bastante inteligente, uma vez que a protagonista é, na verdade, a reencarnação de Anfitrite, e, segundo uma versão da lenda, Anfitrite não queria se casar com Poseidon, e se escondeu em um  lugar profundo, que apenas sua mãe sabia, e dois golfinhos a localizaram, e a persuadiram para que escutasse o que o deus do mar tinha a dizer.

Outras fontes afirmam que Poseidon teria enviado um daimon (espírito) em forma de golfinho para procurá-la, e, após o serviço prestado, o deus colocou o referido espírito nas estrelas, formando a atual constelação de Delphinus

Seja qual for a versão da história, no fim, sem escolhas, acabou aceitando se casar com ele, e se não fosse pelos golfinhos, a união do casal nunca aconteceria.

Dessa forma, é interessante a conexão que o roteirista do c-drama faz indiretamente, se considerarmos que o casal protagonista se encontrou por acaso, em meio ao mar, com ela protegendo golfinhos e, lembrando ainda que ambos possuem o mesmo interesse por assuntos relativos ao oceano e sua preservação.

 

2.    Filiação de Anfitrite

A teoria mais aceita é de que Anfitrite seja uma Nereida, filha do “deus primordial” dos mares com sua esposa Dóris – filiação mencionada na trama –, mas outros também indicam que a mesma é fruto da união dos Titãs Oceano e Tétis, sendo assim uma Oceânide

Deste modo, faz todo o sentido a protagonista ser um membro da Sociedade Oceânica e se engajar no projeto “Experimento Poseidon”, o qual está intimamente ligado à extração de minerais provenientes do Oceano.

 

3.    Poseidon e Anfitrite

Conta a lenda que Poseidon se apaixonou à primeira vista por Anfitrite, devido à sua exímia beleza. Segundo uma das versões, ele teria pensado: “Que mulher! Se tais são seus lábios e seu nariz... como deverão ser seus divinos olhos!”

Isso explica o porquê de o protagonista ficar tão encantado com a mocinha logo de cara, admirando sua aparência, e chegando a pensar que ela já deveria ter alguém, ao passo que gostaria muito de beijá-la! AMEI essa cena e gostaria que rolasse o beijo ali mesmo, mas como Anfitrite também não correspondeu Poseidon de primeira, eu relevo! ‘Hahah 😉

Poseidon era romântico e viveu uma vida pacífica ao lado de Anfitrite, porém também teve seus “casos de amor” com outras deusas e mortais. Espero um triângulo amoroso bem quente no decorrer dessa trama cativante e intrigante, que estou amando acompanhar! An Fei com ciúmes dele deve ser muito fofinho (haha).

Os escritos também nos contam que Poseidon tinha uma personalidade bastante complexa. Quando estava calmo, produzia mares tranquilos, mas se estivesse de mau-humor, poderia fazer surgir maremotos e tempestades!

Espero que, nesse drama eu possa ver os dois lados da personalidade do nosso mocinho apaixonante: às vezes, um gentleman hiper romântico e compreensivo, e em outras, alguém que sabe impor sua autoridade sem hesitar.

 

4.    Nomes e menções à Mitologia Grega

Gostei de ver quando o protagonista perguntou à An Fei os pais dela gostavam de Mitologia Grega, relacionando seu nome à deusa Anfitrite, dando a deixa de que ela é a reencarnação da mesma no passado.

Foi uma maneira bastante sagaz de abordar o assunto nas entrelinhas do diálogo, o que me cativou para continuar atenta às próximas cenas, e surpreendentemente pude encontrar inúmeras referências às antigas lendas no decorrer dos capítulos. Esse é o ponto que mais me chama atenção e me fascina, admito.

No segundo episódio, é mostrado um flashback de Ye Hai com o avô, que lhe disse certa vez que, quando fosse mais velho, protegeria o mar como Poseidon e Anfitrite fizeram na Mitologia Grega. Além de ser uma cena MUITO fofa entre um neto e seu vovô (eu amo momentos fraternos de família, como já devem ter percebido), sob um ângulo mais analítico, isso pode tanto mostrar que o avô já estava “prevendo” o futuro promissor de seu herdeiro, como também refere-se à reencarnação do casal principal, de forma leve e agradável ao espectador.

Nesse mesmo episódio, são apresentadas imagens que remetem a Poseidon, o que achei incrível.

Após o falecimento do avô, Ye Hai recebe de um dos funcionários uma pequena caixa, que contém o símbolo de um tridente. No escritório do protagonista, existe um quadro do deus do mar, que o fez lembrar da história que o avô o havia contado.


5.    Os piratas

No primeiro episódio, aparecem piratas que atacam Ye Hai e An Fei. Além do mais, é dito que os pais do mocinho faleceram devido a alguns piratas. Apesar de ser um fato pouco comentado, os piratas aparecem em uma das histórias da Mitologia Grega, relacionada com Dionísio, deus do vinho. Conta-se que enquanto Dionísio estava passeando pelo mundo mortal, uns piratas o capturaram, pensando ser um príncipe, e o escoltaram até o navio

O capitão, no entanto, desconfiou da verdade e exclamou: “Seus idiotas! Vocês não percebem que esse é um deus que trouxemos a bordo de nosso navio? Ele pode ser Zeus ou talvez Poseidon, mas tenho certeza de que ele é um deus”

Embora a narrativa acima não esteja intimamente ligada a Poseidon faz todo o sentido o roteirista agregar os personagens à trama. Os piratas sempre estão atrás de quem tem posses, e no caso, podemos presumir que a família Ye sempre foi abastada

Ademais, tem tudo a ver com o mar, que o cenário principal do pano de fundo do drama.

 

6.    As Estrelas

Após a morte do Presidente Ye, a mocinha conforta Ye Hai, pela perda do avô, e o aconselha dizendo que quando sentir falta de seu ente querido, basta olhar para o céu, e verá milhares de estrelas, que estão olhando por nós.

Esse é um pensando que me agrada enormemente, e apesar de já ter virado lugar comum referir-se aos que se foram como estrelas, esse é um costume que tem raízes profundas na Grécia Antiga, proveniente da Mitologia Grega.

Quando alguém morria, seja uma criatura ou divindade, os deuses erguiam o indivíduo aos céus, por possuírem um mérito de terem contribuído de alguma forma em suas vidas.

Havia em si um significado profundamente afetivo, sendo também um símbolo de respeito e consideração por alguém. E, aqueles que eram erguidos aos céus, formavam as constelações que hoje conhecemos como Gêmeos e Sagitário, por exemplo.

Curiosamente, alguns nomes das constelações coincidem com os signos do Zodíaco, que tem sua origem a partir dessa tradição grega.  

 

7.    Conflitos

Também foi citada a Medusa, com quem Poseidon se relacionou. Não mencionaram no drama, mas diz a história que, do sangue da Medusa, teria gerado o Pégaso. Será o motivo dos conflitos entre os protagonistas? Vou esperar para ver.

Atena tem sua parcela de culpa nos conflitos com Poseidon. Um deles inclui Medusa, e o outro, é apenas entre ambos, pela posse do padroeiro da cidade que, hoje leva seu nome: Atenas.

Por isso, achei fantástico que os primeiros momentos do drama se passem exatamente em Atenas, tanto nas cenas do casal principal quanto a Conferência sobre o “Experimento Poseidon”, fazendo alusão à temática que deu embasamento para a obra como também, me fazendo lembrar da rivalidade entre Atena e o deus do mar.

Confesso que eu amaria ver uma versão reencarnada da Deusa da Sabedoria, para rivalizar com o protagonista. Considerando-se que no momento presente ele é um herdeiro de uma grande empresa, com seus planos e investimentos em projetos através da mesma, poderia haver alguém do mesmo ramo de negócios que ele, com propostas ainda maiores e melhores que as dele, já que Atena é a deusa da Sabedoria e da “guerra estratégica”, pois sempre tem uma solução e um plano estratégico para ganhar uma batalha, principalmente as mais acirradas.

(Foram apenas 4 episódios de ontem pra hoje e eu já imaginei tudo isso! Uau! Estou me superando no quesito “viajando na maionese” ~ Espero que nem tanto)

Pensando bem, depois de rever os dois primeiros episódios, “Atena”, deve ser a chatinha da Lin, que quer muito participar do “Experimento Poseidon”.

Só espero que ela seja tão inteligente quanto Atena era. Além disso, a deusa era bem vingativa e competitiva, o que pode dar uma grande guinada no enredo, se essa competitividade de ambos for explorada. Mas, pode ser só minha imaginação falando alto!

 

8.    “Experimento Poseidon”

Quanto ao “Experimento Poseidon”, achei um nome bastante adequado para um “experimento tecnológico” que tem tudo a ver com os oceanos e mares, e claro, AMEI as referências!

Em um dos episódios, é mencionado o motivo do nome “Oceano Atlântico” (admito que não sabia e amei descobrir). Também contam sobre Prometeu, o que julguei ser extremamente convincente. Prometeu foi o deus que apresentou o fogo aos humanos, a primeira “tecnologia” da qual se tem notícia na história da humanidade, por assim dizer. A partir de então, muitas coisas puderam ser elaboradas.

Milênios depois, através de uma tecnologia avançada, as pessoas poderão ser capazes de trazer soluções ainda mais eficazes e eficientes às problemáticas que encontram.

Outro aspecto que gostaria de destacar é que o responsável pelo “Experimento Poseidon” quer criar uma “cidade subaquática”. Segundo os mitos, quando os Três Grandes Irmãos dividiram o mundo, e Poseidon se apossou dos mares, ele criou um palácio submarino perto de Aegae, na Eubeia.

 

Fontes consultadas: 

GRAVES, Robert. “Os Mitos Gregos: Volumes 1 e 2” – Editora Nova Fronteira. 2017, p. 112, capítulo 16, Volume 1.

GIBBS, Laura. “Greek Myth: Dionysus and the Pirates”. Acesso em: 16 mai. 2020. Disponível em: http://mythfolklore.blogspot.com/2013/06/greek-myth-dionysus-and-pirates.html

THEOI. “Amphitrite”. Acesso em: 16 mai. 2020. Disponível em: https://www.theoi.com/Pontios/Amphitrite.html#Children

OPEN BRASIL. “Anfitrite: A Senhora dos Oceanos”. Acesso em: 16 mai. 2020. Disponível em: https://mitologia.openbrasil.org/2016/06/anfitrite-senhora-dos-oceanos.html

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