sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

[Resenha] Kokoro no Kizu wo Iyasu to Iu Koto


Kokoro no Kizu wo Iyasu to Iu Koto 

Título: Kokoro no Kizu wo Iyasu to Iu Koto

Número de Episódios: 04

Duração por Episódio: 49 minutos cada um

Gênero: Biografia, Drama, Tragédia, Histórico e Médico

Transmissão Original: 18/01/2020 a 08/02/2020

Emissora Original: NHK

Onde Assistir: Doramas para Ti (Espanhol)

 

Se tem algo que eu e minha xará gostamos bastante, é a psicologia. Quando assisti a este pequeno drama, lembrei-me dela. Por isto, dedico este texto a ela, que é tão querida para mim. Era para ser um presente de aniversário, mas como estou sempre atrasada, entregarei este singelo presente 24 horas depois.

Aos demais leitores, espero que gostem da resenha, e que deem uma oportunidade para esta história que, em inúmeras de suas passagens, nos faz refletir e mudar nossa visão sobre alguns conceitos em suas entrelinhas.

De antemão, já lhes adianto o fato de que, para aqueles que são extremamente sensíveis como eu, vão se emocionar bastante, pois o contexto histórico se trata do Grande Terremoto de Kobe, ocorrido no ano de 1995, que mais causou perdas humanas no Japão.

Como dito no primeiro minuto de apresentação do drama: “O terremoto roubou muitas coisas das pessoas. A perda foi gigante e não pode ser recompensada”. Com esta grande verdade resumida em poucas palavras, já podemos ter uma ideia do quanto esta narrativa é tocante, certo? Mas o “desastre” não se resumiu às catástrofes físicas, mas as consequências que a perda de entes queridos de forma abrupta, por assim dizer, e o temor de que isso aconteça novamente, causaram à saúde mental das pessoas. Esse é o tema central desta obra.

E o responsável por cuidar destes pacientes, que precisam de tratamento psicológico por conta deste acontecido, foi o nosso protagonista, An Kazutaka (Emoto Takasu), que por sua vez, decidiu cursar psiquiatria, ainda que fosse contra a vontade de seu pai, e desde o início, tinha em mente a missão de “curar a mente das pessoas, e compreendê-las”, fato que levou a cabo até seus 39 anos, quando veio a falecer de câncer.

Em 4 episódios, o drama relata a sua trajetória como um profissional da saúde, na área de psiquiatria, atuando não somente como médico, mas um amigo e aliado de seus pacientes, compreendendo a cada sessão, mais do pensamento e dos sentimentos mais profundos que carregam em seu kokoro, cuidando sempre com carinho, e estimulando-os a melhorarem. Os conselhos que concede a eles são emocionantes, e de extrema sabedoria.

Fiz questão de deixar a palavra “kokoro” em japonês pois a mesma possui um significado bem mais profundo: pode se referir a todas as esferas do espírito de alguém, por assim dizer: coração, mente e alma. Neste caso, refere-se à psique humana.

Desta forma, ao cuidar do “kokoro” de alguém, o médico prezará pelo seu estado mental e emocional, de superar os traumas e a dor da perda, e de ser capaz de seguir em frente, psicologicamente saudável e forte, analisando cada caso de forma particular, uma vez que cada indivíduo reage de uma forma àquilo que presencia ou vive, exigindo para tal, paciência e dedicação.

 

As reações de cada um

Entre as inúmeras reações e motivos explicitados durante a trama, o mais evidente é o medo de que algo parecido volte a acontecer novamente, pelo sofrimento inexplicável e gigante de perder alguém que se ama. Nestes casos, o mais indicado foi acalentar o coração destas pessoas, para que tivessem a segurança de que nada mais aconteceria com seus familiares. Elas precisariam dessa garantia, naquele momento difícil.

Muitas pessoas ficaram visivelmente abaladas, algumas já com problemas psicológicos – que se agravaram por este trauma e temor em virtude do terremoto –, e outras que até então estavam sãs, contudo, devido à tragédia, obviamente precisavam de um acompanhamento psicológico temporário. No entanto, algumas delas não aceitaram fazer o tratamento de primeira, ou por resistência própria ou por vergonha do que os demais ao seu redor pudessem pensar se descobrissem que estavam fazendo acompanhamento psicológico – a velha falácia de que terapia é para “gente louca” da cabeça.

Estes foram os casos mais presentes em adultos. As crianças, por sua vez, não entendiam as consequências da tragédia em sua plenitude, e muitas vezes reproduziam aquilo que viam, ainda que isto deixasse seus familiares – adultos e idosos – abismados, atordoados e assustados ao verem “meia dúzia” de crianças “brincando de terremoto” naquele local onde todos estavam, para serem atendidos. Esta é uma das provas do quanto as crianças são mais práticas que nós: Elas podem não compreender com a mesma profundidade de um adulto, mas sabe exatamente o que está acontecendo em seu entorno. São observadoras e intuitivas, e às vezes, imitar o que enxergam também pode ser uma maneira de se expressarem através da prática.

 

Outros temas abordados

Além dos pacientes que necessitavam de auxílio para se curarem de seus traumas por conta do terremoto, Kazutaka tinha pacientes “fixos” os quais prestava sua ajuda em consultas diárias ou bastante frequentes, e os motivos eram os mais variados, contudo se destacam os problemas familiares e interpessoais – a origem da maioria dos problemas humanos, permitam-me dizer. Entre os pacientes de nosso protagonista, destaca-se uma garota chamada Kataoka Kokoa (Shimizu Kurumi), a qual possuía transtorno de personalidade múltipla, possuindo duas personalidades completamente distintas que não se reconhecem – característica dessa síndrome – sendo uma bastante alegre e a outra bem triste. Depois, é revelado que ela tem um histórico marcado por problemas familiares e nisso, o protagonista lhe pede para se acalmar e diz que pessoas que sofreram muito como ela, têm a possibilidade de ficarem transtornadas.

Curiosamente, o médico An Katsumasa, a quem este drama singelamente homenageia (baseando-se em sua história de vida) realizou um estudo, com mais cinco médicos da área de neurologia sobre dissociação de personalidades, intitulado: “Dissociação de identidades e traumas na infânciano Japão”, que foi publicado no mês de setembro de 1998 na revista Psychiatry and Clinical Neuroscience – Volume 52”, e posteriormente lançado online em 2002, no site oficial.

O Dr. An Katsumasa, escreveu um livro sob o título “Kokoro no Kizu wo Iyasu to Iu Koto”, que deu origem ao drama homônimo, contando sobre suas experiências como psiquiatra no contexto do Terremoto de Kobe, publicado postumamente, em 01/12/2001.


Temas secundários: A vida pessoal do protagonista que passou rápido demais

O romance não foi o tema principal deste drama, até porque o foco principal eram os tópicos relacionados especialmente à psicologia e psiquiatria. Também sei que por serem apenas 4 episódios, foi necessário resumirem os fatos e, no entanto, eu achei que a temática da vida conjugal do protagonista, que ficou obviamente em segundo plano, passou rápido demais. Não teve um tempo para as coisas acontecerem, nem uma nota específica no drama dizendo quanto tempo se passou de uma cena para outra – dá a entender que havia apenas alguns meses de diferença, na minha concepção, dependendo dos acontecidos – dificultando para eu me localizar. O lado bom é que pelo menos os fatos mais relevantes da trama, possuem data explícita, colaborando para que eu saiba com precisão quais foram as datas mais importantes de sua vida, em seus primeiros anos, enquanto membro de família e depois, como uma referência em sua área profissional.

Esse foi um pequeno detalhe que me incomodou ao assistir, mas nada que interfira no entendimento da história, portanto, esta parte da resenha foi apenas uma observação a ser registrada.

Entretanto, a parte positiva do relacionamento conjugal do rapaz serviu para repensarmos as prioridades que damos em nosso cotidiano. Por muitas vezes, as pessoas trabalham e se esforçam pelos outros e, todavia, esquecem de seu próprio núcleo familiar – no caso a esposa, que em um momento difícil, precisava dele mais do que qualquer outra pessoa. Lembrem-se que o primeiro lugar que deve estar em ordem é o seu lar, e o primeiro lugar onde seu coração deve estar, é em direção à sua família.


A mensagem de que a vida é efêmera e passageira

Como mencionado no início desta resenha, tal como na própria sinopse desta obra, o protagonista faleceu de câncer aos 39 anos. Sua história nos mostra a importância de agirmos enquanto há tempo, de servirmos ao outro até o fim, o máximo que der, porque a vida é muito curta para ser desperdiçada.

Desta forma, vamos aproveitá-la ao máximo e com excelência, se doando fazendo o bem, para que, no final de nossas vidas, sejamos capazes de deixar um legado, como o Dr. An fez; não deixou apenas registros científicos e históricos através de seus escritos, mas tocou o coração de inúmeras pessoas. Deixou sua marca em suas mentes, corações e almas. Em seu kokoro. E as tornaram melhores.

No fim, ele realmente cumpriu sua missão de vida. Cuidou, compreendeu e ajudou a curar as mentes humanas. Aquelas que um dia estavam imersas em suas tristezas, decepções, depressões, puderam voltar a ter uma vida mais cheia de luz, pela sua própria superação.

Lhes deixo uma marcante passagem que ilustra este pensamento: “Médicos não curam os traumas das pessoas. A única coisa que os médicos podem fazer, é lhes dar suporte para que se recuperem por si mesmos”

 

Conclusões finais

Este é um daqueles dramas que, apesar de ser curto, possui uma carga emocional bastante intensa, e a cada entrelinha, principalmente nos conselhos que o Dr. An concede aos seus pacientes, um pouco mais sobre a nossa vida, mudando a nossa perspectiva sobre a mesma, e sobre o que realmente significa prezar pela saúde mental de alguém.

Ademais, nos faz perceber a quão efêmera é a nossa vida, fazendo nos lembrar daquela famosa frase: “Estamos aqui de passagem...”

Assistam, reflitam, se emocionem.

Espero do fundo do meu coração, que estas singelas palavras, de uma mera leiga que sou, possa ter-lhes tocado grandemente o seu kokoro. Seja você um divisor de águas na vida de alguém. Às vezes, é só isto que ela precisa.

4 comentários:

  1. Amei o meu segundo presente 🤩🤩
    Muito obrigada! Acho maravilhoso o jeito como você descreve a obra, vendo seus prós e contras.
    O bom é que esse dorama é curtinho. Dá para assistir rapidinho. Vou colocar na lista. Você está me inspirando a voltar com os j- dramas.

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    1. Que bom que estou te inspirando, amiga!!
      Garanto que vai amar
      Achei este drama a sua cara

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    2. Vou ver mais enredos assim, sei que gosta

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