terça-feira, 26 de janeiro de 2021

[Primeiras Impressões] Episódio 1 – Shitteru Wife / Familiar Wife


INTRODUÇÃO

Familiar Wife / Shitteiru Wife é o remake japonês do drama coreano homônimo de 2018. Eu não assisti ao original, mas minha xará sim, e pelo que conversamos, aparentemente esta adaptação japonesa está bem fiel ao coreano, com a exceção de que a protagonista Mio se estressa muito com a mãe dela, enquanto que na obra sul-coreana a mocinha da história era um amorzinho com sua mãe idosa.

Mas, não farei mais comparações de ambos os enredos, uma vez que isto será incumbência da minha xará, pois, por ter assistido ao k-drama, ela terá bem mais propriedade do que eu para fazer um paralelo entre eles, aprofundando cada ponto essencial da trama.

Nesta pequena resenha, relatarei as minhas primeiras impressões a respeito deste primeiro episódio, relacionando as principais cenas à nossa realidade, de maneira sucinta e objetiva, sem deixar de lado a sensibilidade que sempre acrescento na escrita, como meu “toque mágico especial”, evidenciando a proposta da narrativa: os dilemas e problemas cotidianos da família contemporânea, que envolvem o casamento, a responsabilidade de criar os filhos e zelar pelos mais velhos.

 

Primeira Parte: Temas abordados na trama e as dificuldades do dia a dia.

Logo na introdução do drama, podemos perceber os conflitos entre o casal principal, em seu dia-a-dia. O marido é muito focado no trabalho, e por isto, alheio aos afazeres domésticos, enquanto que a esposa é responsável por cuidar dos filhos durante o dia.

No entanto, ele sofre com a falta de paciência da esposa, que chegou a atirar um monte de objetos nele e o fez se envergonhar no supermercado, em um “passeio de família”. Nesta mesma cena, as crianças lhe pedem para que lhe comprem guloseimas, e ela responde muito impaciente que já comprou no dia anterior, o que faz com que seu filho reclame.

Com certeza, se ela explicasse com mais calma as circunstâncias, seu pequeno a entenderia, sem contrariar. Às vezes, o que mais satisfaz a criança não é necessariamente fazer as vontades, mas conceder a atenção que eles merecem. O que era para ser um momento caloroso de família se tornou algo bastante desagradável, ainda mais estando em um local público, como um estabelecimento comercial. O mínimo que ela – e qualquer pessoa nessa situação deveria fazer – é ter consideração pelos outros ao redor, antes de sair berrando como se isso fosse algo naturalmente aceitável.

Não é à toa que o Motoharu prefere focar no trabalho do que permanecer em casa, ninguém merece uma mulher neurótica daquelas como esposa! Honestamente, se eu estivesse na pele dele, sob essas condições, também faria a mesma escolha.

 Sob outro ângulo, ele também enxerga a família como uma forma de desestressar dos problemas que seu cargo no banco lhe proporciona, como revelado na reta final do primeiro episódio, sendo que ela não colabora, uma vez que não compreende o marido, que por isso, constantemente toma álcool e joga vídeo games, como forma de aliviar a tensão que lhe consome.

Todavia, se ele auxiliasse mais ativamente e soubesse conciliar melhor seu emprego e os afazeres domésticos e familiares – como buscar as crianças na escolinha – a mulher com certeza ficaria menos estressada.

Por esta ótica, podemos perceber que ambos os lados estão errados, apesar de terem suas respectivas razões para tal; Mio se sente sobrecarregada por ter que lidar com todos os assuntos da família, enquanto que ele se sente visivelmente saturado da personalidade agressiva da esposa, que só sabe descontar a raiva nele, na base da gritaria e agressão física, sem nenhum sinal de melhora com o passar do tempo.

 Vale ressaltar que ter e criar filhos é uma decisão do casal, e não uma imposição, e sendo assim, mesmo que se sinta estafada, Mio precisa se conformar que a rotina agitada que leva é uma consequência da própria escolha de vida que ela fez ao se tornar mãe. Neste caso, o mais adequado seria ela administrar melhor seu tempo e conversar com seu cônjuge a respeito das dificuldades que enfrenta, para que possam saná-las.

Contudo, ambos cometem o mesmo erro de não mudarem de comportamento, sem um diálogo saudável e franco, para saberem o que mais incomoda um no outro e como podem tornar o ambiente familiar melhor, sem discussões e nervosismos desnecessários.

Esta falha de comunicação, na vida real, mas tarde, pode gerar um outro tipo de conflito interpessoal, que é justamente a incapacidade de o casal entender os sentimentos um do outro. Desta forma, escondendo suas emoções e “tapando o sol com a peneira”, as pessoas acabam guardando os problemas para si mesmos, sem nem tentar resolvê-los, ficam fadigados emocionalmente por não ter com quem se abrirem e terminam o casamento, acarretando no sofrimento dos filhos.

Devido a isto, os adultos devem saber fazer a escolha com sabedoria, para que os pequenos sofram o mínimo possível. E, no caso desta ficção, percebe-se que o necessário ao casal é ter maturidade suficiente para resolver seus problemas e lidarem com eles, mas cabe a cada um assumir seus erros e estar disposto a mudar.

Se não bastasse os conflitos conjugais, Mio não tem paciência alguma para cuidar de sua mãe, que possui Alzheimer, e fala grosseiramente com a velha senhora, brigando com a mesma porque não tomou o devido remédio. Mas, convenhamos: como alguém com falta de memória vai lembrar de se medicar sozinha? De duas, uma: ou ela vai se automedicar duas vezes, ou nunca o fará. Exatamente por estes aspectos que os responsáveis pelos idosos precisam ficar sempre atentos aos cuidados específicos, principalmente os relacionados à saúde.

Desde modo, a única errada na situação é a própria Mio, que não consegue administrar o tempo de seus afazeres para dar atenção exclusiva à saúde de sua mãe e desconta nela por não se cuidar por conta própria, sendo que ela não tem culpa dos sintomas e condições que a enfermidade lhe acarreta.

Espero que com o desenrolar dos episódios, a relação entre mãe e filha melhore, e a protagonista se torne mais compreensiva. E, uma vez que a mãe a criou com amor, por que ela não retribui cuidando da velhinha com dedicação? Sem mencionar que ela não deve descontar os problemas pessoais nos outros, que não tem nada a ver com isto.

 

Segunda Parte – Estrutura do drama

A característica particular deste drama é o fato de o protagonista Motoharu voltar ao passado, 10 anos atrás, quando ainda era um jovem adulto universitário. Ele retorna a este período de sua vida e consequentemente muda seu passado. Este poder, em termos práticos se assemelha muito àquela frase: “se eu pudesse voltar no tempo, faria diferente”. Porém, acho que seria mais realista se ele não viajasse a momentos remotos, e sim, resolvesse os problemas com Mio como um casal no presente, propiciando maior carga emocional ao drama, vendo aos poucos, o progresso deles em seu amadurecimento pessoal.

Ainda que enredos ficcionais frequentemente chamem a atenção do público, para uma premissa que aborda assuntos com os quais podemos nos identificar bastante em nossa realidade, seria mais conveniente manter uma narrativa completamente realista, do que se apegar à ficção científica, até porque, sabemos que todo ato tem sua consequência e, embora nos arrependamos de algumas atitudes, as mesmas são águas passadas que nunca poderão regressar, e só depende de nós tentar compensar nossos erros no presente, a fim de atingir um futuro mais próspero.

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