quinta-feira, 1 de outubro de 2020

[Literatura Moderna Japonesa] A donzela chamada "Amor", by Takeshima Hagoromo

 


A donzela chamada “Amor” (Koi no Otome)

 

A brisa de primavera sopra, as gramíneas brotam

Na clareira da floresta, ao lado da borbulhante primavera

Atirando seus negros cadeados

A donzela chamada “Amor” se encontra ali, parada. 

 

A propósito, passou ao seu lado,

Um formoso cavalheiro, a cavalgar

Em uma galanteadora voz, ele a chamou:

“Aproxime-se, oh, donzela, de mim”

 

A donzela silenciosamente balançou a cabeça.

Descontente, o cavalheiro foi embora

Um imaculado amor

Ela não teria cavalheiro algum

 

O próximo a chegar

Foi um trovador, de delicados traços

Seus frios, negros olhos

Brilhavam como verniz

 

Os pássaros enrubesciam em seus ninhos

Com a sua doce garganta

Cantando, com sua voz, eloquentemente chamando:

“Aproxime-se, oh, donzela, de mim”

 

A donzela silenciosamente balançou a cabeça

Descontente, ele foi-se embora

Ah, sagrado amor

Ela não teria rara música alguma

 

O próximo a ser visto, com cabelos esvoaçando, de lado foi

Um Erudito Confucionista, com o cabelo mais branco que a neve

Sua testa tão elevada

Ele devia possuir inúmeros talentos

 

Com brilhantes, penetrantes olhos

Palavras macias, ele não tinha

Solene semblante, rígida voz

“Aproxime-se, oh, donzela, de mim” 

 

A donzela silenciosamente balançou a cabeça

Descontente, ele foi-se embora

Ah, lamentável amor!

Nenhum profundo conhecimento ela teria

 

O próximo a ser avistado foi

Um mensageiro exaltado no mundo

Uma coroa adornada com joias

Então sua nobreza resplandecia


Sua carruagem puxada a cavalo

Guardada por um corajoso samurai

Acenando para ela, ele chamou:

“Aproxime-se, oh donzela, de mim”


A donzela silenciosamente balançou a cabeça.

Descontente, ele foi-se embora.

Oh, nobre amor!

Nenhum grande posto ela teria.


Então, em seguida, ali chegou a pé

Um mercador tão rico quanto Cresus

Em seu peito repleto de ouro,

Uma grande bolsa podia ser vista


Prata e ouro todos misturados

Oferecendo uma porção de tesouros

Chamando em uma dourada voz

“Aproxime-se, oh donzela, de mim”

 

A donzela silenciosamente balançou a cabeça

Descontente, ele foi-se embora

Ai de mim, grandioso amor

Nenhuma vasta riqueza ela teria

 

A brisa de primavera tão perfumada, flores desabrochando

Acompanhadas pelo alaúde da borbulhante primavera

Inesperadamente naquela clareira arborizada

Apareceu um homem chamado “Amor”

 

Seus olhos transbordando de emoção

Sinceridade sobrando em seu coração

Ele gentilmente sussurrou:

“Aproxime-se, oh donzela, de mim”

 

A donzela, sorrindo, assentiu.

Coração abraçou

Ah, verdadeiro amor

Apenas verdadeiro amor ela teria.

 

Fonte: “The Maiden Called Love”. In: “RIMER, J. Thomas; GESSEL, Van C. “The Columbia Anthology of Modern Japanese Literature”. The Columbia University Press. New York, 2011 p. 26-28

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