A semana passou voando, e logo as férias coletivas de todos já haviam começado, e o tão esperado dia do Acampamento havia chegado. Desde o dia anterior, a minha mala já estava pronta com tudo o que eu precisaria para os próximos 4 dias, de segunda a quarta-feira, inclusive um kit de primeiros socorros. Nunca se sabe o que pode acontecer.
Eu e
Subaru acordamos bem cedo e logo que nos viram, os irmãos nos desejaram uma boa
viagem e Hikaru-san, com a personalidade um tanto especulativa, me recomendou,
descontraído, deixando-me um pouco tímida:
―
Conte-me sobre as aventuras românticas de lá quando voltar, estou precisando de
inspiração para um triângulo amoroso. Vai que a arte imita a vida, sabe?
― Acho
que está pensando coisas demais, Nii-san ― alertou Subaru, que pouco gostou do
comentário, no entanto, Hikaru-san o olhou com um sorriso travesso, como se
pensasse algo malicioso do mais novo.
Com a
discussão, Fuuto-kun aproveitou para se pronunciar, dirigindo-se a mim com os
olhos extremamente fincados nos meus:
― E
veja se volta inteira, hein?
Eu
teria a quinta ainda para descansar, até o show que seria na sexta, mas como
ele está sempre atento, nunca perde a oportunidade de interagir comigo. Apesar
das alfinetadas, aquela era realmente a “marca registrada” dele, e eu gostava
de sentir essa presença tão íntima e especial que só Fuuto-kun me
proporcionava.
― Pode
deixar ― respondi, amável ― Estarei novinha em folha na sexta
― Acho
bom ― afirmou ele, tentando esconder um leve sorriso malicioso.
Em
seguida, nos despedimos de todos e partimos em uma viagem de 2 horas de duração
até chegarmos ao nosso destino, que ficava em uma cidade vizinha à nossa.
Chegando no Acampamento, cumprimentamos as pessoas que passavam por lá, que
também estavam com suas malas na mão, indo aos seus aposentos. Eu estava
apreciando demais a paisagem, o ambiente diferente e o clima fraternal que se
instalava por ali, repleto de amizades e de um calor humano intenso.
Conforme
caminhávamos, alguém muito familiar se aproximava, a passos largos, leves e
precisos. A figura possuía uma presença forte, e aquele tom de voz que se
expandia até alcançar os nossos ouvidos, era tão inconfundível que fez o meu
coração saltitar.
― Hey! ― Ele nos cumprimentou, gesticulando com a mão
― Natsume! ― Me surpreendi ao vê-lo, esboçando um largo
sorriso e com o coração repleto de felicidade.
Ele sorriu em resposta, ao ver a alegria estampada no meu
rosto
― Natsu-nii! ― O que está fazendo aqui? ― Subaru o encarou,
com a expressão de poucos-amigos, espantado negativamente com o aparecimento do
mais velho
“Ah, Subaru, não quebre o clima fraternal, por favor”, pensei, sabendo que os dois não se davam nada bem, mas
esperava que ao menos nas férias essa rivalidade acalorada fosse esquecida e
desse lugar a momentos em família gostosos de serem lembrados e dignos de serem
guardados no álbum de fotografias, repleto de lembranças amorosas que possuo
com a família Asahina
Para aliviar a tensão, decidi puxar conversa com Natsume, o
mais calmo entre os dois:
― Como conseguiu vir? E com quem?
― Vim acompanhar uns colegas da empresa. Eles me falaram
sobre o Acampamento de Férias, é uma boa opção para relaxamento estar ao ar
livre
Eu não
esperava encontrá-lo ali, bem em minha frente, e estava contentíssima em poder
contar com a presença dele. Segundos depois, me
lembrei do que ele havia me falado em casa:
“Não se preocupe,
senhorita. Eu já sei como te ajudar com isso”.
Agora havia caído a minha ficha, do porquê da tranquilidade
extrema do Natsume ao me garantir isso. Era porque ele também viria ao mesmo
Acampamento de Verão que a gente! Subaru nada respondeu e só fechou a cara por
uns instantes, mas não foi nada que estragasse a minha felicidade em ter uma
companhia a mais
― Ainda dava tempo de se inscrever? ― Perguntei, curiosa
para saber desde quando ele já havia planejado aquilo, pois geralmente, o prazo
de inscrições costuma ser curto.
― De início eu
estava em dúvida se iria ou não, porém, foi prorrogado ― esclareceu ― Desta
forma, tinham uns dias a mais para se inscrever no Acampamento, e consegui vir
colocando como opção de esporte “atletismo”, porque ainda corro de vez em
quando, sem contar com a agitação do dia a dia!
― Verdade, já é uma boa correria! ― Dei risada, com
simpatia e em tom baixo. Sabia que nos dias da semana seu cotidiano era bem
movimentado e atarefado. Pelo menos, nessas férias, ele poderia descansar um
pouco e também praticar esportes, um de seus hobbies
― E você? Possui algum esporte que goste mais? ― Ele quis
saber, já que eu não conversava sobre esse assunto com ele, e a maioria das
vezes, era sobre o game que a empresa lançava.
― Tênis ― Respondi, sorridente, acrescentando em seguida: ―
Mas vou aproveitar para me aprimorar em todas as modalidades
― Está
certíssima! Assim que se fala! ― Natsume aprovou, contente de ver o meu apreço
por esportes e atividades físicas em geral.
A conversa fluiu tão bem, que, honestamente, até me esqueci
da minha “primeira companhia”, Asahina Subaru.
Ele pigarreou e disse:
― Eu ainda estou aqui, sabiam?
― Ah ― Fez Natsume, desinteressado, similar a um: “Ah, tá”
― Desculpe ― Pedi, e Subaru disse que não se importava com
aquilo, contudo estava visivelmente incomodado. Natsume causava um efeito
colateral em Subaru, que se transformava em alguém muito mais nervoso do que a
tensão normal que apresentava quando estava comigo, por não saber como expressar
seus sentimentos devidamente, o que é compreensível.
Não demorou para que um amigo dele se aproximasse de nós e
lhe dissesse:
― Asahina, você tem uma linda acompanhante ― O que se
chamava Fujimoto Naoki comentou. O rapaz era da altura de Subaru, magricelo,
com cabelos e olhos castanho-escuros ― É a sua namorada?
― Não há casais aqui ― Eu lhe garanti ― Estou apenas
acompanhando meu irmão mais velho ― Esclareci, não querendo dar bola ao rapaz.
Subaru pareceu ficar mexido com a indiferença com a qual
falei, entretanto, desta vez, ele entendia a situação na qual estávamos. Fujimoto-san
recomendou que eu aproveitasse bem a localidade e os eventos que teriam nesses
dias e se despediu.
Natsume permaneceu calado, e para não ficar um clima
estranho entre nós três logo após a saída de seu amigo, eu puxei conversa com
Subaru, e perguntei se ele sempre vinha nesse lugar todos os anos.
Ele respondeu que sim, juntamente com a equipe do basquete,
mas sem acompanhantes. Ou seja, eu era a primeira, de novo.
“A primeira e única”, pensei
“Deve ser difícil para ele enfrentar isso também, afinal,
não namoramos.”, refleti.
Tanto
Subaru quanto Natsume perceberam a minha reação pensativa e perguntaram se eu
estava bem
― Sim,
estou, mas estava pensando no Subaru ― fui honesta
― Em
mim? ― O referido apontou a si mesmo, surpreso
― Sim,
deve ter sido difícil para você lidar com os comentários de que parecemos um
casal
― Ah,
isso? Bem... sim.
― Você
parece tenso. Quer me dizer algo a mais? ― Com um ano de convivência, eu já
conhecia cada personalidade
Subaru,
no entanto, não conseguiu
― Bem,
vamos a outro lugar ― ele mudou de assunto, e eu concordei, já que precisávamos
nos dirigir aos nossos aposentos
Fomos
para o nosso cantinho no Acampamento e coloquei meus pertences em cada local.
Natsume gentilmente me ajudou a tirar algumas das minhas bagagens e vendo a
cena, Subaru fez o mesmo. Senti que havia uma certa rivalidade no ar, mas nada
disse, querendo saber até onde aquilo iria, e no final, eu estava grata pela
gentileza de ambos.
Depois
disso, decidimos que os três iríamos ver as atividades do Acampamento e realizá-las.
Decidimos partir para uma corrida, pois aparentemente Subaru ainda estava com a
bendita ideia fixa de não querer perder para o Natsume, de forma que fariam a mesma
atividade. Eu, por outro lado, aceitei a proposta por pensar que seria uma
excelente maneira de aquecer o corpo para começar a minha jornada esportiva.
Mal sabia eu que aquela estadia exigiria não só do meu físico, mas desafiaria o meu mental e emocional, e que o “calor” não se resumiria ao clima ou temperatura corpórea, como também representaria a intensidade de três corações que precisavam urgentemente se entender.
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