Tarde de quinta-feira – Tomoeda, Japão
Shaoran partiu rumo à China no
Inverno. Ele me disse que a família dele o estava chamando com urgência, para
resolver as pendências relativas a isso. Nós sempre fomos muito amigos,
companheiros para todas as horas. Para compartilhar a nossa alegria em momentos
bons e para termos um ao outro em momentos difíceis e dolorosos. As estações do
ano só ganhavam mais cor e vida porque ele sempre esteve comigo, ao meu lado,
me acompanhando. De mãos atadas com as dele, eu não tinha e nem enxergava
motivos para temer ou duvidar. Eu me sentia segura e protegida, uma sensação
gostosa, indecifrável e que não consigo explicar com palavras. Entretanto,
agora ele não estaria lá para fazer nenhuma dessas coisas comigo e ficaríamos
um ano separados
Eu sempre lhe dizia: “Eu gosto
de você” por não saber expressar meus sentimentos, e nem ter certeza do que ele
sentia por mim. Mas, a verdade é que eu amo muito o Shaoran-kun, e desejo tê-lo
comigo a cada segundo, até meu último sopro.
Antes de sua partida fizemos
uma promessa, entrelaçando nossas mãos uma última vez:
― Eu vou voltar, Sakura. Eu
prometo ― Ele diz, com a voz repleta de ternura, do jeito que eu aprendi a amar
― Então eu quero que façamos
uma promessa de inverno ― Pedi, com carinho, e ele devolveu no mesmo tom.
― Qual é?
― Quando a primeira flor de
neve cair, vamos apreciá-la juntos
― Claro. Vamos sim ― Disse, e
esta foi a última vez que eu vi seu sorriso tímido antes de ele partir. Desde
então, em cada um dos meses que se passaram no calendário, estive com meu
coração apertado, porém fiel às minhas próprias emoções. Olhando pela janela do
meu quarto, o vidro se esfumaçou. Escrevi nossos nomes no vidro, com um
coração, como forma de poder registrar o meu amor naquele instante e
“desabafar” sem que ninguém descobrisse, sutilmente. As letras apagaram-se
rapidamente, tal como a partida de Shaoran. As ruas nas quais costumávamos
passar, no momento possuem apenas a “minha cor”, minha presença. Ao caminhar
pelas manhãs e tardes de Tomoeda, me recordo de tudo o que passamos. As lojas,
as cafeterias e os parques em que costumávamos ir, todos estes locais me faziam
lembrar de Shaoran, a pessoa que está em minha mente e em meu coração nas 24
horas que preenchem o meu dia, e cada segundo que passa. O meu “alguém
especial”, com que eu aprendi o que é o amor, e o quão valioso é amar e ser
amado.
Se ao menos ele soubesse desse
meu infinito sentimento que me consome, sentiria as minhas lágrimas rolando
mesmo estando a milhares de quilômetros de distância de mim, porque seríamos
como duas estrelas a brilhar no céu noturno: pequenas e unidas, sem nunca se
separarem.
Tem pessoas que acham que é
fantasia ou ingenuidade acreditar que seu “príncipe encantado” retornará, coisa
dos contos de fadas e nada mais. No entanto, a opinião alheia pouco me importa.
Eu me mantive firme, com fé, e acreditando em sua volta. Por isso, ao decorrer
deste período, o tempo pareceu mais curto, meu coração se tranquilizou, e cada
vez mais eu pensava que o dia no qual nos reencontraríamos chegaria
prontamente.
Um ano inteiro se passou.
Agora ele está de volta, e é inverno novamente. A primeira flor de neve, enfim,
caiu, e nós a apreciamos juntas, como prometido. A felicidade transborda com o
calor do momento, e finalmente crio coragem para dizer-lhe:
― Shaoran, eu te amo.
´Por isso, a partir de hoje, nossos invernos não serão mais gélidos como a neve, mas sim, extremamente calorosos, como o nosso amor.
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