Naquele
fim de tarde, perguntei aos meus amigos se tinham planos para o fim de semana.
Eles disseram que não, mas disse que estava pensando em ir visitar minha
família, que estava hospedada em um hotel bem ali no centro de Paris.
Ninguém
me contrariou, e me disseram que “matar a saudade” da família era muito bom e
que era para eu aproveitar essa oportunidade. Telefonei rapidamente a minha mãe
que disse estar ansiosa pela visita. Do outro lado da linha ouviam-se gritos em
comemoração por causa disso, principalmente o da minha irmãzinha, que quando
está feliz demais é toda escandalosa! Mas fazer o que? Essa é a Natsume que eu
conheço! Estava tudo combinado. Passaria o sábado com eles.
Calma
aí...Acho que tinha um último recado... Ah, era um pedido da Natsume....
— Traga os seus amigos,
Nee-chan! Quero ver os Príncipes dos Doces! —pediu ela alegremente,
como se quisesse muito vê-los
Falei
pra ela que ia conversar com eles, mas que de qualquer jeito mataríamos a
saudade.
Revelei
a notícia aos meus amigos, que toparam ir comigo no dia seguinte visitá-los.
Iríamos
surpreendê-los com nossos “doces especiais”
No dia seguinte...
Chegamos
pela tardezinha, minha irmãzinha nos atendeu dizendo:
— A Nee-chan e os amigos
dela chegaram! — ela estava contente mesmo
A
minha família toda estava super feliz em nos receber. Me surpreendi ao ver que
tio Hikaru também estava lá (finalmente ele pode ter um tempo para descansar –
e viajar).
Entramos na sala e logo nos cumprimentamos. Apresentei meus amigos, especialmente a Kana-chan e Rumi-chan, que foram muito bem recebidas.
Quanto
aos rapazes... Bem, alguém muito enérgica foi logo comentar:
— Vocês vieram mesmo!
Nossa!!
— Claro que sim, não
podíamos recusar um pedido de uma menina tão linda como você, Natsume-chan—Hanabusa-kun
lhe disse, lhe entregando uma flor em caramelo (alguém de onde ele tira essas
flores? Deve carregar uma sempre...)
— Obrigada —
minha irmã agradeceu — Estou muito feliz que estão aqui
— A sua irmã disse que
você queria nos ver, então nós viemos —Kashino respondeu,
calmo.
— É, falei pra ela mesmo...
Queria aproveitar essa chance... Queria
muito ver vocês!
Admiro vocês, sabia?
— Nós também queríamos
te parabenizar pela sua conquista, Natsume-chan— completou Andou-kun
gentilmente.
— Nossa, obrigada! —
ela estava realmente grata
Depois
nós demos um abraço em família, que não fazíamos há meses. Aquele momento
família realmente fez cessar a saudade que senti deles aquele tempo todo. Era
reconfortante, acolhedor, caloroso. Me acalmava, aliviava ao mesmo tempo que a
minha satisfação em tê-los tão perto era enorme
—Estamos felizes em rever
você, filha — comentaram meus pais.
— É ótimo rever vocês
também, estava com saudades! —disse, alegre, sincera, satisfeita
— Quanto tempo,
Nee-chan! — foi o comentário da Natsume, cheio de alegria e energia
como sempre, envolvendo-me naquele abraço forte, cheio de sentimentos. Dava
saudades até das brigas que tínhamos de vez em quando...
—Natsume... —
retribuí um sorriso terno a ela, feliz em vê-la daquele jeito, contente,
disposta, carinhosa.
Um
tempinho depois, meus amigos se reúnem e me chamam.
— Queremos fazer uma
surpresa a Natsume-chan— a Kana-chan se pronunciou
— Entendi. Deixe-me
adivinhar... É pra distraí-la, né?
— Exatamente! —Kashino,
Andou e Hanabusa responderam em coro.
— Ok.
Na sala
Aproveitei
para me aproximar da minha família que estava toda reunida naquela pequena
sala. Me alegrava ver todos daquela forma, reunidos e conversando alegremente.
Gostava desses momentos. “Essa é a minha família” penso por um instante.
Alegria e energia sempre teve de sobra se depender da Família Amano. Sentei-me
no sofá e perguntei:
— Do que estão falando,
gente?
— Estamos falando de
como Paris é linda! —a Natsume estava realmente encantada, nas nuvens, ao
comentar isso
— É verdade. Paris é um
sonho pra muitas pessoas! Nunca pensei que nós duas teríamos a chance de
visitar Paris um dia! Parabéns, maninha!
— É mesmo, né! Hey,
obrigada, Nee-chan
— A avó de vocês estaria
muito orgulhosa de vocês duas agora — tio Hikaru comentou, e
meus pais concordaram com um sorriso de leve.
—Hey, Natsume! Você já
visitou algum lugar de Paris? — eu perguntei a minha irmã, curiosa para saber o que ela responderia.
— Claro, nós já vimos a
Torre Eiffel, o Arco do Triunfo e fomos a alguns bistrôs, experimentar algumas
comidas daqui que, aliás, são deliciosas! Essa foi a nossa manhã produtiva. Não
é mesmo, gente? —ela perguntou olhando para o resto da família, que apenas
acenaram a cabeça confirmando (ou quase todo mundo)
—Ei, não se esqueçam do
Museu do Louvre — o meu pai protestou, fingindo estar indignado com o
‘esquecimento” da Natsume
— Ah, é! —
a minha irmã falou, como quem acabou de se lembrar daquilo —
O papai insistiu que fôssemos ao Museu do Louvre para ver as obras de arte —
ela concluiu, com um sorriso travesso no rosto.
— Não foi bem assim... —
o meu pai protestou (ou melhor, tentou protestar)
— Foi sim! —
mamãe, tio Hikaru e Natsume exclamaram em coro, caindo na gargalhada logo em
seguida, e fazendo meu pai corar um pouquinho. E claro, não pude deixar de rir
também! Mas acho que a risada foi tão alta que até meus amigos na cozinha não
puderam deixar de sorrir
Ah, e por falar
nisso...
Na cozinha....
...
Meus amigos estavam todos concentrados fazendo a sobremesa para a Natsume. A
concentração era tanta que a cozinha estava completamente silenciosa, bem
diferente da sala, que estava tomada por risadas e discussões, bem típico da
minha família. Mas confesso que dali vinha um cheirinho tão bom, que deu
vontade de dar uma pequena espiada.Aproveitei que estavam distraídos e fui até
a cozinha com a Vanilla.
Mal chegamos,
e a Chocolat nos fala:
— Ah!! É a Ichigo com a
Vanilla!!
— Não posso nem dar uma
espiada? Tá um cheiro tão bom...
— Claro que não! —
responderam todos juntos, inclusive os Espíritos dos Doces.
— Mas é tonta mesmo! Vai
estragar a surpresa, Ichigo! — exclamou Kashino, olhando fixamente para mim, deixando
escapar aquele sorriso torto (bem de leve) que eu amava. —
Volta pra sala, logo! — ele me ordenou, ainda sorrindo.
— Ok, ok, vou voltar —
Vamos, Vanilla
De
volta pra sala...
— Onde você estava,
Nee-chan— a Natsume me questionou
— Ah, só estava vendo
como estavam as coisas na cozinha...
— Meu Deus, Nee-chan,
você não muda! Tá sempre curiosa! — a minha irmã comentou,
de bom humor.
— Ah, é né! —
respondi, meu sem graça a ela —
Do que estão falando agora?
— Estamos discutindo
como todos nós temos talentos diferentes! — ela respondeu,
gesticulando e sorrindo de ponta a ponta — E por isso nos
identificamos com Paris por motivos diferentes.
— Aqui é o país das
Artes — meu pai disse nossa direção
— É por isso que eu
estou aqui né? — perguntou a Natsume, balançando a cabeça e piscando.
— Verdade, filha! —
concordou minha mãe
— Eu estava falando de
outro tipo de arte, mas tudo bem — meu pai disse
— Ok, a gente viu a Mona
Lisa! — a minha irmã disse ao meu pai, para animá-lo, e deu certo.
— Como está seu
coraçãozinho, Natsume? Você tem uma apresentação logo amanhã!
— Estou ansiosa! Cada vez que alguém toca nesse assunto eu
fico tensa! Quero muito que a hora passe logo, só para que o amanhã chegue
logo! —ela disse, eufórica, com uma euforia que nunca tinha
presenciado antes. Era um dia realmente especial para ela. A realização de um
grande sonho seria dali a exatas 24 horas
—Natsume, não importa o
que aconteça, lembre-se: Você já é uma vencedora só de ter a oportunidade de
chegar até aqui. Isso só prova o quão talentosa você é! —eu
falei para ela, gentil e carinhosamente, fazendo-a ficar emocionada —
E eu vou estar torcendo por você! Todos nós estaremos! —
disse lhe finalmente, com convicção, segurando em sua mão, na tentativa de
passar toda a confiança de que ela precisava naquele momento.
—Nee-chan... —
ela disse, suspirando, deixando uma lágrima cair, e me abraçando.
—É exatamente isso, Ichigo!
—exclamou uma voz inconfundível, aprovando meu conselho à
Natsume
—Makoto... —
logo vi que todos estavam na nossa frente, na sala —
Pessoal...
— Que tal animarmos essa
Princesa? —Hanabusa-kun sugeriu, apontando para Natsume
— Surpresa!! —
disseram todos em coro
— Uau! — Minha família toda
exclamou — Que lindo!
Era
um bolo de dois andares, recheado com creme e chocolate amargo. Aquele
chocolate ressaltava no sabor e era bem harmonioso. Mas tinha um gostinho a
mais... Algo mais doce, que derretia na boca. Ah! Tinha uma boneca feita de
marzipan (a cara da Natsume mesmo, perfeita, e tocando piano) atrás da Torre
Eiffel. E tinha bastante detalhes, como flores (de várias cores), ao redor do
bolo! Em caramelo!
Minha
irmã ficou realmente alegre com a surpresa, e abriu um sorriso de ponta.
— Muito obrigada! É a
melhor surpresa que já recebi! — ela exclamou sincera, e ainda sem acreditar que aquilo
tudo era pra ela.
— Queríamos te fazer
sorrir, Natsume-chan! — Andou-kun falou, sinceramente, daquela maneira gentil que
só ele tem
— E conseguiram! —
ela disse, sorrindo — Amei aquelas flores...
— Você quem fez, não
foi, Hanabusa-kun?
— Na verdade, a
Kana-chan e a Rumi-chan me ajudaram a fazer... Sabe como é, às vezes senso
feminino é necessário...
— Como assim, “às vezes”? —
a Rumi-chan questionou, fingindo indignação.
—Ops! Acho que “sempre”
fica melhor —Hanabusa-kun respondeu a ela, que sorriu em resposta, como
se dissesse “agora acertou”.
Rimos
daquela cena, que deu mais alegria ainda.
Logo,
Natsume diz:
— Queria lhes agradecer
de outra forma — ela declarou — Ouçam esta música
Ela
tocou “Polonaise Brillant”, de Chopin, lindamente. Com uma sincronia que
transmitia todos os sentimentos dela ao tocar. Era suave e intenso ao mesmo
tempo; tinha uma harmonia incrível, ela era mesmo o talento da família quando
se tratava de música. Ao final da canção, nós a parabenizamos, e ela agradeceu,
olhando para nós, dizendo:
— Toquei essa música
porque reflete o dia de hoje. Essa uma das peças que mais gosto de tocar, mas
me dediquei muito para conseguir fazê-lo, assim como vocês se dedicaram ao
máximo para me fazer alegrar neste dia. E vocês todos são pessoas que admiro
muito, de coração. Fiquei extremamente feliz com a surpresa, mas não sabia como
agradecer-lhes com palavras, então esse é meu agradecimento a todos vocês,
pâtisseries, porque a música expressa aquilo que as palavras são completamente
incapazes de transmitir.
Foi
a vez de nós nos emocionarmos com ela e suas palavras ternas. Minha irmãzinha
era mesmo muito sábia e capaz de comover as pessoas transmitindo o que sente, e
faz alguns de nós chorar, de tão emocionados. Não contive as emoções depois de
ouvir aquela mensagem de gratidão vindo dela. Logo sequei as lágrimas (sim,
acho que choraria no dia da apresentação também, ou seja, no dia seguinte) e
esbocei um sorriso.
Depois
de um tempo, ela disse:
— Amanhã terei uma
apresentação. Estão todos convidados, se quiserem ir
— Seria uma honra,
Natsume-chan, mas temos nossos planos né, pessoal? —Hanabusa-kun
disse a ela
— Verdade —
(quase) todo o resto concordou, com um sorriso travesso e uma piscadela na
minha direção (e na de alguém)
— Mas a sua irmã vai
acompanhada, viu? — Andou-kun e Kana-chan falaram a uma só voz
— Ah, tá! —
A Natsume tinha aquele sorriso malicioso como se dissesse “já sei quem vai ser”
— Agora está na nossa
hora. Vamos indo, pessoal?
Todos
concordaram
— Ichigo, você vem com a
gente ou prefere passar mais um tempo com a sua família? —Kashino
me perguntou
— Bem...—
eu hesitei
— Se quiser pode ir,
Nee-chan. Sei que tem alguém especial no seu coração... Nos vemos amanhã...
—Natsume... Você sabe...
— Vai logo! Senão ele
vai te deixar pra trás! — ela falou, rindo.
— Okay, então —
pisquei a ela.
E
depois disso, quando estava saindo do local, eu gritei:
— AH! ME ESPERE! —E
corri para alcançar Kashino, e andarmos lado a lado, de mãos dadas, no caminho
“de volta para casa” em Paris, naquele fim tarde.
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