Alguns dias depois, já no mês de abril...
Logo
no começo do dia recebemos uma chamada repentina do Henri-sensei. Atendi no
mesmo instante curiosa e um pouco preocupada. Meus amigos estavam em volta e
também desejavam saber o motivo do Henri-sensei querer falar conosco bem de
manhã (e no começo do mês).
Ele
alegou que uma das professoras da St Marie no Campus de Paris teve algumas
complicações e precisava ficar afastada por um tempo e ele queria que nós
ensinássemos os alunos nesse período, uma vez que já somos profissionais.
Iríamos ensinar o segundo ano (me deu uma leve nostalgia de quando eu tinha
acabado de entrar para a Academia) e claro, sempre que possível com foco em
nossas especialidades.
Deixaríamos
a loja e partiríamos naquela manhã à França, que se considerando o caminho de
trem, é uma viagem de três horas e meia, de Londres até o centro de Paris.
Daria tempo de comer alguma coisa e ir rumo ao nosso destino. Chegamos lá eram
12h00 (que era a hora do almoço na escola) Tínhamos uma hora de descanso para
depois começar a ensinar no mínimo umas 30 pessoas. Como estávamos na nossa
pausa, decidimos ficar um tempo conversando, falando dos últimos acontecimentos
(incluindo essa viagem) que nos deixaram mais surpresos e/ou impressionados
Mas...
Quando achei que as surpresas acabariam, recebo uma ligação de última hora da
minha mãe dizendo que minha família toda estaria na capital francesa no dia
seguinte para aproveitar a cidade, porque dali a dois dias (que cairia no fim
de semana)a Natsume teria um recital de piano em Paris, e eles estavam me
convidando para assistir à apresentação (com direito a um acompanhante). Fiquei
super contente pela minha irmã e pelo convite, e disse que estava com saudades
e iria prestigiá-la com prazer.
Logo
contei a novidade aos meus amigos, e me desculpei por não poder levar todos,
mas isso foi um fato que eles encararam tranquilamente e até deram aquele
sorriso torto, como quem pensa: “a gente já sabe quem você vai levar para te
acompanhar”., me fazendo corar um pouco. Kashino não disse nada, mas dava pra
notar que estava satisfeito (e um pouco corado também). Depois disso, a
conversa entre nós foi tão divertida que nem vimos o tempo passar... Já era
hora de irmos à sala de aula, cumprir nosso dever.
Exatamente
às 13h00 fomos em direção à sala. Notei que os alunos deveriam estar nos
esperando bem ansiosos, já que tinha a impressão de que nos olhavam com
admiração. Alguns ficaram meio confusos, porque não é todo dia que se vê seis
pessoas entrando na sua sala de aula. Nos apresentamos rapidamente e explicamos
que nós que daríamos aula naquele meio tempo e que cada um de nós ficaria
responsável por auxiliar um grupo, e que, porém, todo e qualquer aluno poderia
nos chamar se fosse necessário. Não preciso nem dizer que as alunas
enlouqueceram com os “Príncipes dos Doces” e ficaram encantadas com eles. O
único que não ficou “encantado” com aquilo foi Kashino, porque detesta ser
assediado (mesmo que for só de olhar pra ele todas de uma vez). De outro lado,
a “fofura feminina” também atraiu vários olhares.
Começamos
a ensiná-los a como fazer petit gatau, um doce típico do País. Vez ou outra me
chamavam para auxiliá-los (eles compreendem rápido) e os ensinava a forma certa
de fazer.
Eu
os alertava sobre o sabor, falando que ao fazer um doce temos que pensar no
paladar, no gosto de quem irá experimentá-lo, já que cada um tem um gosto
diferente, e também lembrar-se que a sobremesa precisa trazer seus sentimentos
com ela, causar prazer e felicidade nas pessoas.
Em
seguida dizia:
—Se esforce(m) ou
—Não desista!
E a
minha célebre frase era:
—Doces foram feitos para
fazer os outros felizes. Façam as pessoas sorrirem, ok?
Eles
chamavam as minhas palavras de “os conselhos da Ichigo-sensei” (eu não estava
acostumada a ser chamada de “sensei”, mas estava começando a gostar disso) e eu
conseguia ver o sorriso deles no momento em que eu os encorajava Por vezes, eu lhes dava algumas ideias de
combinações que ficariam muito saborosas para a sobremesa
Assim
como eu, Kana-chan e Rumi-chan ensinavam encorajando todos. Elas sempre estavam
atenta ao que os alunos faziam e como faziam. Entretanto, para a sorte delas,
elas ficaram com os Grupos A e B, então não tiveram tantas dificuldades em
orientá-los. Vez ou outra, elas aconselhavam:
— Faça assim que fica
melhor
— Tente experimentar
fazer assim...
(...)
Entre outros tipos de “pequenos conselhos” que lhes davam na hora de preparar
ou algo do gênero.
Andou
ensinava as pessoas daquele modo calmo dele, e muitas vezes lhe falavam:
— Nos ensine a colocar
um sabor diferente na sobremesa!
Andou-kun
ficava muito feliz ao saber que queriam aprender algo novo e dava todas as
instruções tranquilamente. As pessoas o ouviam com atenção, e às vezes até
pediam sugestões de qual combinação se encaixaria melhor para aquela sobremesa.
Às vezes também ajudava os alunos (as) pegando na mão, para que aprendessem
mais rapidamente como realizar a tarefa (me lembrava os tempos que os três me
ensinaram muitas coisas para o Grand Prix) o que realmente os facilitava. E com
aquela gentileza toda... Que aluno ou aluna não faria o que ele pedia para
fazer?
Hanabusa
era o centro das atenções entre as meninas, e lhes dava dicas de como fazer uma
decoração mais agradável e bela na hora da elaboração. Ele sempre dizia que a
apresentação de um prato é muito importante, já que isso que vai agradar ou não
seu cliente, num primeiro momento. As meninas adoravam e exclamavam comentários
em aprovação como:
— Ah, que maravilha! Nos
ensine mais!
Hanabusa
fazia as vontades de suas pupilas (quando o assunto são garotas ele não
consegue recusar) e sempre respondia às
perguntas ou comentários que elas faziam, orientando-as sobre aquilo que
estavam interessadas
Por
fim, Kashino era aquele que sempre tentava soar indiferente e estava sempre
sério, e era quem tinha mais trabalho a fazer, porque vários alunos encontravam
dificuldades no momento de temperar o chocolate, então logo no primeiro dia
(hoje) ele teve que fazer uma demonstração de como temperar corretamente sem
ter falhas. Ele explicava minuciosamente e todos ficavam fascinados com suas
habilidades com o chocolate e com a maneira de ensinar. Apesar de ser sério,
também era bem compreensivo. Claro que eu sou suspeita pra falar, mas ele
ensina muito bem! Kashino-sensei (como era chamado) fazia muito sucesso entre
todos
No
fim da tarde estávamos bem cansados, mas no geral, todos nós concordamos que
aquele dia valeu muito a pena, até mesmo alguém “sádico” estava satisfeito,
porque pode colocar em prática aquilo que sabia. Aquele era só nosso primeiro
dia como professores na Academia, pois ainda tínhamos alguns dias pela
frente... Ah, e não podia me esquecer das surpresas que me aguardavam pelo
menos nas próximas 48 horas...
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