segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

[Fanfic] Reset

 

Lee Eun Bi

            Eu não sei muito do meu passado quando eu era recém-nascida. Só a partir dos meus cinco anos. Imagino que meus pais biológicos eram realmente boas pessoas, mas não tiveram condições de cuidar de mim e me criar, e por conta disso me deixaram na Love House, um orfanato onde morava até pouco tempo atrás

Meu dia a dia era como o de qualquer adolescente do Ensino Médio, exceto por uma coisa. Eu detestava o intervalo, porque era o “alvo” preferido da Kang So-young.

Isso mesmo. O que eu sofria na mão dela é o que o resto das pessoas e do mundo conhece como “bullying”. Mas eu nunca contei a ninguém a respeito do meu sofrimento, uma vez que não desejava que se preocupassem comigo. Eles já tinham tanto com o que se preocupar, tanto para aproveitar, que eu não queria interferir nos afazeres e na alegria dos demais ao meu redor.

Eu só queria que fossem e estivessem felizes: A única coisa que eu não conseguia ser naquele momento.

Como resultado, eu escondia a verdade marcada por feridas, por momentos inglórios sobre os quais eu nem gostaria de me recordar. Entretanto, as “marcas” de uma vítima não são apenas físicas, mas também, psicológicas e sociais.

Kang So-young estava conseguindo mexer comigo da pior forma, fazendo-me reduzir a nada. Eu era “a excluída” e sempre a “Boba da Corte”

A cada manhã eu desejava imensamente pedir por socorro por não conseguir suportar aquele inferno sozinha, rodeada de pessoas que se divertiam me humilhando e me usando como bem entendem. Como um objeto sem valor e descartável.

Sentia que havia um buraco no meu miserável coração

Um lugar onde ninguém podia me escutar

“Quem irá me estender a mão?”, me perguntava, porém mesmo naquelas circunstâncias, efeito nenhum surtia. Ninguém ousava se aproximar por medo, e eu não os culpo. Qualquer pessoa temeria sofrer algo deplorável nas mãos das valentonas da escola.

Por isso, ninguém me salvaria.

As expectativas positivas em relação aos meus colegas de classe, e a minha própria esperança, estavam cada vez mais próximos de zero.

Em todo e qualquer dia, mesmo com o raiar do sol claro e revigorante, parecia-me que estava inserida numa noite escura e lúgubre, em um túnel isolado, ao qual a luz se tornava cada vez inalcançável

Eu apenas ansiava em retornar aos dias brilhantes, repleto de boas energias, nos quais eu podia dar um sorriso sem temor algum.

Se tudo fosse tão simples, isso seria realizável

Entretanto, a vida me mostrou que a realidade era bem mais difícil do que aparentava. Em virtude disso, eu decidi tirar a minha própria vida.

E tudo acabaria

Não traria mais preocupações e tiraria esse inestimável peso do meu peito.

Esse era o caminho mais fácil.

Deixaria que as águas levassem meu corpo, e tudo bem

Mas bem nesse instante, uma mão segurou na minha, e me salvou, me livrando do meu trágico fim. Ao se prontificar em me socorrer, era como ela me dissesse: "Eu não vou te deixar partir"

Não reconheci a quem pertencia aquela delicada palma, mas essa pessoa me deu a chance de recomeçar

Agora, morando em uma nova cidade, mesmo sem memórias, sinto que eu posso viver tranquilamente na companhia de pessoas que me amam verdadeiramente. Que eu posso encontrar o amor fraterno e romântico, amizades sinceras e a coragem para seguir em frente.

Porque eu só quero recomeçar.

Recomeçar

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