Lee
Eun Bi
Eu não sei muito do meu passado quando eu era
recém-nascida. Só a partir dos meus cinco anos. Imagino que meus pais
biológicos eram realmente boas pessoas, mas não tiveram condições de cuidar de
mim e me criar, e por conta disso me deixaram na Love House, um orfanato onde morava
até pouco tempo atrás
Meu
dia a dia era como o de qualquer adolescente do Ensino Médio, exceto por uma
coisa. Eu detestava o intervalo, porque era o “alvo” preferido da Kang
So-young.
Isso
mesmo. O que eu sofria na mão dela é o que o resto das pessoas e do mundo
conhece como “bullying”. Mas eu nunca contei a ninguém a respeito do meu
sofrimento, uma vez que não desejava que se preocupassem comigo. Eles já tinham
tanto com o que se preocupar, tanto para aproveitar, que eu não queria
interferir nos afazeres e na alegria dos demais ao meu redor.
Eu
só queria que fossem e estivessem felizes: A única coisa que eu não conseguia
ser naquele momento.
Como
resultado, eu escondia a verdade marcada por feridas, por momentos inglórios
sobre os quais eu nem gostaria de me recordar. Entretanto, as “marcas” de uma
vítima não são apenas físicas, mas também, psicológicas e sociais.
Kang
So-young estava conseguindo mexer comigo da pior forma, fazendo-me reduzir a
nada. Eu era “a excluída” e sempre a “Boba da Corte”
A
cada manhã eu desejava imensamente pedir por socorro por não conseguir suportar
aquele inferno sozinha, rodeada de pessoas que se divertiam me humilhando e me
usando como bem entendem. Como um objeto sem valor e descartável.
Sentia
que havia um buraco no meu miserável coração
Um
lugar onde ninguém podia me escutar
“Quem
irá me estender a mão?”, me perguntava, porém mesmo naquelas circunstâncias,
efeito nenhum surtia. Ninguém ousava se aproximar por medo, e eu não os culpo.
Qualquer pessoa temeria sofrer algo deplorável nas mãos das valentonas da
escola.
Por
isso, ninguém me salvaria.
As
expectativas positivas em relação aos meus colegas de classe, e a minha própria
esperança, estavam cada vez mais próximos de zero.
Em
todo e qualquer dia, mesmo com o raiar do sol claro e revigorante, parecia-me
que estava inserida numa noite escura e lúgubre, em um túnel isolado, ao qual a
luz se tornava cada vez inalcançável
Eu
apenas ansiava em retornar aos dias brilhantes, repleto de boas energias, nos
quais eu podia dar um sorriso sem temor algum.
Se
tudo fosse tão simples, isso seria realizável
Entretanto,
a vida me mostrou que a realidade era bem mais difícil do que aparentava. Em
virtude disso, eu decidi tirar a minha própria vida.
E
tudo acabaria
Não
traria mais preocupações e tiraria esse inestimável peso do meu peito.
Esse
era o caminho mais fácil.
Deixaria
que as águas levassem meu corpo, e tudo bem
Mas
bem nesse instante, uma mão segurou na minha, e me salvou, me livrando do meu trágico
fim. Ao se prontificar em me socorrer, era como ela me dissesse: "Eu não
vou te deixar partir"
Não
reconheci a quem pertencia aquela delicada palma, mas essa pessoa me deu a
chance de recomeçar
Agora,
morando em uma nova cidade, mesmo sem memórias, sinto que eu posso viver
tranquilamente na companhia de pessoas que me amam verdadeiramente. Que eu
posso encontrar o amor fraterno e romântico, amizades sinceras e a coragem para
seguir em frente.
Porque
eu só quero recomeçar.
Recomeçar
Nenhum comentário:
Postar um comentário