Asahina Natsume
Eu sabia como ajudar a Ema a sair daquela situação: eu iria ao
Acampamento de Verão e chegaria de supetão no local para surpreendê-la. Há
meses que as pessoas estão falando sobre o evento, até mesmo na empresa durante
os pequenos intervalos que tínhamos, e as notícias correm mais depressa do que
se imagina, especialmente quando o assunto são os planos para as férias de meio
do ano.
Alguns colegas meus da Companhia também iriam para lá, porque também
gostavam de praticar esporte como hobby e uma estratégia anti-estresse por conta
do trabalho intenso que tínhamos, ou seja, eram os mesmos motivos que os
meus. Aproveitaria a situação e diria
que vim porque meus amigos decidiram vir, afinal eu não queria deixar na cara
as minhas intenções
Eu estaria lá na semana seguinte, para garantir que nada de
inapropriado ocorresse. Culpa dela que é linda demais!
― Então está marcado na semana que vem ― Subaru disse naturalmente, e Ema
lhe respondeu, sorridente:
― Eu vou sim. Será uma boa oportunidade de eu respirar novos ares,
praticar minhas habilidades esportivas e descobrir o que certa pessoa sente ―
Olhei de canto, para Subaru, que não respondeu. Também não estava a fim de
criar encrenca com ele de novo e bem ao lado dos nossos irmãos, já que
estávamos todos na mesa para apreciar uma xícara de chá.
― O que tem na semana que vem? ― Tsubaki se intrometeu, curioso.
Eu e Azusa sabíamos da personalidade dele, de modo que este o
repreendeu:
― Deixe de ser xereta, Tsubaki!
Uma semana depois, coincidiria exatamente com o inicio das férias de meio
do ano que tiraríamos por duas semanas.
Nosso gêmeo cruzou os braços, fazendo Ema rir de sua expressão de
chateado. Docemente, ela explicou que iria com Subaru ao Acampamento e Tsubaki
suspirou, decepcionado:
― Ai, que sorte a dele de poder ter uma companhia tão fofa como você. ―
Ele expressou perante ela, mas o que ele realmente queria dizer era: “Queria
que fosse eu no lugar dele”. No fundo, ele queria falar as coisas na lata, mas
milagrosamente não o fez, e preferiu levar na esportiva, deixando transparecer
apenas seu ar de decepção por não ter sido o escolhido.
Quando menos esperávamos, Ema nos faz uma proposta tentadora:
― Já que eu tenho que dar uma resposta para vocês ― Ela olhou para mim,
Tsubaki e Azusa por que não fazemos programas essas férias? Assim, cada um
poderá ter um momento especial.
― É sério isso? ― Tsubaki se animou, com os olhos brilhando
― É sim ― Ela abriu um sorriso amigável
― Tem certeza disso, Ema? ― Azusa lhe questiona, claramente demonstrando
sua cautela em relação a ela, me deixando aliviado que ao menos um deles a
compreendia de maneira decente.
― Tenho sim ― É a resposta breve e convicta dela ― É a melhor forma de
descobrir o que cada um de vocês sentem por mim.
Eu estava impressionado com a resposta dela. A cada dia ela nos
surpreendia e parecia que aos poucos estava deixando a indecisão de lado, o que
era bom sinal, ainda que preservasse sua natureza tímida.
Azusa sorriu em sua direção, satisfeito com suas palavras receptivas.
Fuuto, observador e esperto desde que o conheço por gente, indagou à mais
velha:
― Nee-san, o convite é só para eles ou eu também posso te fazer uma
proposta?
― Pode sim, Fuuto-kun ― Ela afirma, com sua amabilidade natural ― O que
foi?
― Na sexta que vem, à noite, eu farei um show. Quer ir, Nee-san? ―
Fuuto lhe pergunta, intencionalmente, e provocativo como de costume, porém, a
garota não se deixa levar pelo seu tom, e lhe responde alegremente:
― Claro! ― Sua voz era radiante. Era impressão minha ou ela estava com
os olhos brilhando bem mais com o convite do Fuuto do que com o do Subaru? Será
que ela estava mesmo ansiosa para ir ao Acampamento de Verão ou ela aceitou por
algum motivo em especial?
“Ah,
Subaru! Que estranho sentimento você causa na Ema, afinal?” Era o que eu pensava. Se até para mim que o conheço desde que éramos
pequenos, era complicado entender os sentimentos dele, fico imaginado o quão
difícil é para ela, que convive conosco há apenas um ano.
― Fuuto, você não perde uma, né? ― Yuusuke reclamou, tendo em mente a
personalidade do mais novo.
Com a língua afiada que tinha, Fuuto imediatamente se pronunciou:
― Pra você ver que eu não sou besta. Diferente de uns e outros que não
são tão espertos e nem são populares com garotas ― Ele contou vantagem em
relação a Yuusuke, referindo-se indiretamente à sua extrema popularidade por
ser um ídolo, com suas fãs 100% sendo mulheres, enquanto Yuusuke nunca foi o
cara mais popular e conhecido na escola, daqueles que as meninas vivem correndo
atrás. Ouvir algo desse tipo, ainda mais vindo da boca do Fuuto era um
verdadeiro insulto, o que o deixou bastante nervoso, não só pelas palavras,
como também pelo fato de elas serem verdadeiras. Yuusuke detestava quando Fuuto
estava certo, e detestava mais ainda ter que admitir isso de cara limpa.
Sendo assim, ele só olhou furiosamente para Fuuto, que não estava nem
aí para o nervosismo do irmão, por ser de praxe presenciar uma reação dessas.
Pelo contrário, Fuuto parecia estar se divertindo com a cena. Deixando isso de
lado, e querendo retomar o assunto principal que se denomina “Hinata Ema”, eu
olhei para ela e perguntei:
― Você quer ir mesmo ao Acampamento?
Eu tinha que perguntar isso, porque apesar de tudo, sentia que ela
escondia alguma coisa. No mínimo, ela queria descobrir os sentimentos do Subaru,
usando a lógica do que ela disse para nós anteriormente.
Eu deixaria que tudo acontecesse naturalmente, afinal, eu também queria
saber o que ele sentia, e logo depois teria uma conversa com ela, para saber
como ela se sente em relação a ele, porque, honestamente, até agora, ela parece
ficar bem incomodada com a presença dele – e, não, eu não estou “puxando a
sardinha para o meu lado”, como você leitor talvez possa imaginar, isso é só os
meu instinto masculino se manifestando. E, também, quem não fica mexido perto
do Subaru, hein? Ah, céus! Vou te contar.... (Suspiro).
― Sim ― Ela respondeu com mais convicção me deixando aliviado. ― Você
me deu autoconfiança, agora sei que vai ficar tudo bem ― Fiquei feliz em saber
que eu estava colaborando para que ela fosse mais confiante. Era gratificante
descobrir que ela estava crescendo por dentro, por conta da convivência que
tinha comigo.
― Quanto tempo vocês vão ficar lá? ― Ukyou nii-san quis saber,
provavelmente por conta da preocupação que tem com a casa.
― Quatro dias e três noites ― Respondi
― E depois a Nee-san é toda minha! ― Fuuto comemorou, e Yuusuke lhe
cortou:
― Não vá fazer nada de errado com ela, hein?
De repente, a voz de Subaru que não havia sido escutada até o momento,
por nenhum de nós, aproveitou a deixa do assunto de “agir corretamente” para se
pronunciar:
― Quer saber? Vou me retirar antes que eu faça alguma besteira!
Estava na cara que ele ficou mexido com os elogios que a Ema fez para
mim, mas resolvi deixar quieto e ver aonde tudo aquilo daria. Enquanto eu
decido ficar na minha, Iori resolve seguir Subaru, muito provavelmente para
falar com ele e saber o que se passava naquela cabeça. Espero que o gênio
tranquilo do Iori sirva de exemplo e suas palavras de conforto, e que assim,
Subaru possa abrir sua mente e pensar diferente.
Asahina Iori
Eu sabia que tinha algo errado com o Subaru. Raramente ele ficava no
quintal e em nosso jardim. Para ele estar isolado num lugar onde ninguém vai,
exceto eu, é porque “a coisa tá preta” de verdade. Fui falar com ele, que como
eu imaginava, não aceitou se abrir comigo de primeira.
Por causa da minha insistência, ele resolveu ceder, e me contou que
estava assim por conta da Ema, mais especificamente da relação dela com o
Natsume nii-san.
Todo mundo já se deu conta do quanto eles estão apegados e mais
íntimos, inclusive eu. Mas também percebi outra coisa muito importante: A Ema
quer alguém que seja sincero com ela, e nesse exato momento, Subaru não está
sendo sincero nem com ele mesmo, ficando em estado de negação por não admitir
logo que errou com a garota que ele ama, e com se irmão mais velho, já que é orgulhoso
demais para assumir seus erros prontamente. Vai ser bem difícil tentar quebrar
a cabeça dura do Subaru nii-san, mas, ainda assim, não custa tentar.
Quem sabe eu não consiga? Modéstia à parte que sou muito tranquilo, e
acho que ele está precisando de alguém com esse perfil para aconselhá-lo, por
mais que Fuuto e o Natsume nii-san já tenham falado sobre como lidar com as
garotas. Às vezes, a maneira com a qual falamos é a que mais importa para fazer
alguém tão teimoso mudar de ideia da água para o vinho.
Eu lhe aconselhei da seguinte maneira:
― Você lembra quando eu namorava a Fuyuka? ― Comecei, e ele assentiu
positivamente ― Nós compartilhávamos momentos juntos. Na alegria ou na
tristeza, eu sempre estava com ela. Quando você ama alguém precisa compartilhar
as experiências, as vivências e as emoções. Acontece que você é fechado demais,
e ela é tímida de natureza, o que dificulta a aproximação dela.
― Eu não sei o que nem como dizer para ela. Já disse o que sinto,
mas... ― Eu o interrompi, cortando-o imediatamente.
― Você não entendeu o que eu disse, pelo visto ― Aleguei com mais firmeza, e ele arqueou a
sobrancelha, atento, pois sabia que eu raramente era categórico com alguém,
dada a minha personalidade tranquila. ― Quando eu disse para falar seus
sentimentos, não me referi às declarações. Não é só disso que se trata amar
alguém. Você pensa que tem que dizer algo especial para ela, para conquistá-la.
Mas dizer apenas “eu te amo”, não resolve seus problemas
― O que quer dizer com isso, exatamente?
― A verdade é que não existe hora certa para demonstrar seus
sentimentos, porque eles não avisam ninguém. ― Ele ia dizer alguma coisa, mas
eu não permiti, pois já sabia exatamente o que ele alegaria. “Não tem hora
certa para se declarar também”. Eu nem precisava ver a cena para saber disso,
estava escrito na cara dele. Então, chamei a atenção do meu irmão mais velho:
― Mas isso não significa que você pode sair por aí se declarando, a
ponto de deixá-la inquieta. Mais ameno, eu o aconselhei, calmamente:
― A melhor forma de se aproximar dela é através do dia a dia, dizendo
as coisas mais simples possíveis. Compartilhe com ela as coisas que te agradam,
o que te incomoda, ou que você prefere. Quando você ver que ela está quieta,
pergunte naturalmente o que está fazendo ou se ela precisa de uma ajuda. Se ela
disser que sim, conforte-a, se ela disser que está tudo bem, contente-se por
ela estar bem. Aos poucos, você verá que ficará mais próximo dela, e quem sabe
não tenha uma oportunidade para finalmente revelar o que sente.
Francamente, ele não tinha – e ainda não tem – intimidade nenhuma com a
Ema, mesmo morando todos na mesma casa, sob o mesmo teto, considerando-se a
personalidade introvertida e extremamente difícil que ele possui.
― Como você consegue falar disso com tanta segurança, e tão natural?
― Chama-se experiência de vida. Eu fazia tudo isso e mais um pouco com
a Fuyuka, quando a namorei ― Lembrar daquilo me causava uma sensação de
nostalgia e tristeza. Subaru, assim como os demais, sabia que eu havia tido uma
namorada no Ensino Médio, entretanto, ele e a maioria de nossos outros irmãos,
não faziam ideia da minha dor e do trauma que isso causou.
Recompondo-me, continuei
― Quando a Ema chegou, fiz questão de recebê-la bem, com gentileza e
afeto, mas sem pretensão nenhuma, como faço até hoje. Só queria que ela se
sentisse bem em sua nova família.
Claro que depois, comecei a ter sentimentos mais fortes por ela, como
até hoje tenho, no entanto, a intimidade que eu tenho com ela se tornou
natural, então, sinto que conquistei pelo menos a confiança dela, o que é bem
mais importante do querer tê-la para mim. A Ema me devolveu a esperança, e me
fez ver que eu posso encontrar o amor outra vez. Isso já é bastante o
suficiente, e o mais importante.
Indiretamente eu estava falando (na última parte) para o Subaru parar
de ser possessivo com ela. Pela sua expressão ele deve ter entendido de
primeira, pois ficou incomodado com o que escutou.
― Eu só queria que ela tivesse um tempo comigo.
― E você vai ter no Acampamento de Verão. Aproveite essa chance para conversar
e se divertir com ela. Você não lembra do que o Fuuto disse naquela tarde?
Todos têm dois lados extremos, nii-san. Por mais que você seja introvertido na
maior parte do tempo, com certeza também tem um lado mais dócil. Demostre
carinho, afeto, ternura, porque você gosta dela, só por isso, mais nada. Se ela
vai ou não te corresponder a escolha é dela. ― Eu queria que ele compreendesse
isso de uma vez por todas, porque mesmo que o Natsume nii-san já tenha dito, um
toque a mais nunca é demais ― E é bem natural que ela queira ficar com outras
pessoas, tendo tantas opções perto dela. ― Enfatizei, à espera de ter
encontrado uma maneira de dizer que eu também me incluía na situação. Na mesma
situação.
― Falar é fácil, difícil é ter que suportar ver a Ema com outro cara!
― Escute ― Pedi cautelosa e
pacientemente, mas o assunto e as palavras que eu diria a ele eram sérias,
realistas e até um pouco duras ― Perder alguém é doloroso, amar alguém até o
final, de todo o coração, dói ainda mais. Só que o pior de tudo é ter a pessoa
amada do seu lado, debaixo do seu nariz, sabendo que nenhuma das partes está
feliz. Além disso, o amor é uma faca de dois gumes: machuca tanto quanto cura.
Ele se aquietou, atordoado, provavelmente porque nunca imaginaria que
eu dissesse algo desse tipo tão de repente. Entretanto, acho que no fim, foi um
bom conselho, uma vez que ele acenou positivamente com a cabeça, ainda em
silêncio e incomodado, em sinal de que havia “capitado a mensagem”
Diante daquele silêncio mórbido de alguns minutos e, presumindo que não
havia mais nada o que fazer ali, eu apenas disse:
― Enfim, espero que você aproveite seu tempo com ela ― E fiz menção de
me retirar para ir ao meu quarto e ler algum livro. Quando eu estava de saída,
Subaru repentinamente me parou, e perguntou:
― Você nunca se declarou para ela?
“Ah,
então você acha mesmo que uma declaração de amor tem que ser com palavras, não
é?” Pensei, no mesmo instante, e com a voz
macia, e com o olhar sério, fiz mistério, dando-lhe uma indireta:
― Eu já fiz isso várias vezes, você que nunca percebeu
“Nem ela”, refleti. Ema sabia que eu tinha um grande apreço por ela, mas ainda
era ingênua em relação ao amor e aos significados que cada uma das flores
possuía.
Raciocinando
por um instante, ele se deu conta do que se tratava.
―
Calma aí! Então as flores... ― Ele iniciou a frase, sem terminá-la, pasmado.
―
Exatamente. São uma forma de eu me declarar para ela. Não importa se é por
preocupação, afeto, gentileza ou algo maior do que “apenas isso”. É uma
forma de entregar meus sentimentos para ela. É o que eu chamo mentalmente de “A
Nossa linguagem das flores”, porque a linguagem das flores, também é a do amor.
“Só não sei até quando isso vai
durar”, pensei comigo mesmo. À medida em que ela se
decida em relação aos sentimentos, mais eu sentia que a hora de lhe entregar a tulipa
amarela se aproximava.
Hinata Ema
Iori
entrou em casa em silêncio e desviou o olhar de mim, algo que raramente fazia,
e eu claramente estranhei. Ele se dirigiu ao andar de cima sem nada dizer, e
coloquei em minha mente que, quando o encontrasse conversaríamos a respeito, ou
pelo menos, perguntaria se algo havia acontecido.
O fato
é que àquela altura, eu já estava conversando um bom tempo com Azusa, a quem eu
pedi um aconselhamento pessoal por causa do que aconteceu entre o Subaru e o
Natsume, e também a respeito deles, os trigêmeos. Azusa explicou que a relação
entre eles é de longa data e que Subaru nunca perdoou o irmão por ter desistido
do esporte. Depois acrescentou:
―
Esses dois têm o mesmo gênio. O que acontecerá no futuro só o tempo dirá ―
Falou com a voz macia, como forma de me confortar, percebendo a minha cara de
decepção depois de ouvir a história entre os irmãos. ― Não se preocupe.
―
Obrigada por me confortar ― Agradeci sinceramente. A calmaria com que ele
falava sempre me fazia sentir bem, era uma sensação realmente reconfortante.
Ele pegou em minhas mãos, acariciando-as e dizendo:
― Não
há de que. Sempre estarei aqui quando precisar ― Ele afirmou, no mesmo tom e
com um sorriso se formando em seus lábios e em seguida me abraçou. Ao tocar em
minhas palmas, senti corar instantaneamente. Aquele gesto de carinho
espontâneo, e presenciando com os olhos fincados nos meus, falando aquelas
meras palavras acalentadoras, me causava uma estranha vontade de “quero mais”.
Querer sentir a mão dele sobre a minha mais vezes, sentindo-me como alguém que
acabou de encontrar seu porto seguro. Aquele súbito abraço me fez desejar
sentir seu calor uma vez mais.
“Sinto-me bem. Se eu tivesse
apenas uma chance...”, comecei a pensar, e as palavras permaneceram
na cabeça: “Uma chance”
E no
instante seguinte meu pensamento mudou: “Por que não? Não temos nada a
perder”
Então,
lhe perguntei:
― Tem
planos para a próxima semana?
Ele
arregalou os olhos por conta da pergunta inesperada, e após alguns segundos,
respondeu-me timidamente, devolvendo-me com outra indagação:
― Não.
Por que? Aliás, coincidirá com o início das minhas férias
As
férias eram coletivas, de modo que estariam todos de folga. Só precisaria tomar
coragem suficiente para ter um momento especial com cada um deles.
―
Queria saber se... ― Fiquei hesitante por um momento, típico da minha
personalidade reservada acontecer isso sempre que falo algo pessoal
―
Se... ― Azusa fez um gesto com a mão para que eu continuasse, olhando fixamente
para a minha pessoa.
― Se
você quer sair comigo ― Eu disse, depois de juntar todas as minhas forças,
deixando a determinação transparecer em meu tom de voz, mas sem deixar a
delicadeza de lado. ― No domingo.
Ele
aprovou com um sorriso tímido e um olhar cheio de ternura:
―
Ema... Estive esperando por esse momento há muito tempo.
―
Desculpe ― Pedi, com as bochechas rosadas, desviando o meu olhar por um
instante, um tanto envergonhada pela longa demora, mas ele reagiu melhor do que
eu esperava e continuou sorrindo, ameno. Logo, levantei a minha cabeça e olhei
novamente para ele, declarando:
―
Agora estou mais decidida em relação ao que quero. Eu quero dar uma chance para
você, e para mim também ― Afirmei, carinhosamente, e como se lesse meus
pensamentos, ele me abraçou novamente, entretanto, desta vez era um abraço com
um misto de alívio, contentamento, ternura e satisfação. Ainda envolta em seus
braços, eu disse como um sussurro, uma mensagem que apenas nós mesmos éramos
capazes de escutar:
―
Teremos um momento especial, eu te enxergarei como você deseja.
―
Estarei pronto para isso ― Foi a gentil resposta que escutei vindo da boca
dele, também em forma de sussurro. E foi o suficiente para eu me sentir ainda
mais contente e realizada.
Ficamos
mais um tempo abraçados, e senti que agora eu tinha mais um lugar para o qual
retornar sempre que eu necessitasse de um consolo, de alguém que me compreendesse
como sou.
Tinha
um encontro marcado com meu irmão mais velho, a quem agora olharia como um
homem, uma pessoa pela qual eu tinha um crush, e fortes sentimentos escondidos
em meu coração.
E eu
estaria tão preparada quanto ele – assim espero – porque o amor prega peças em
nós constantemente, principalmente em mim, Hinata Ema. Ao mesmo tempo em que me
decidia quanto aos meus sentimentos, quanto mais eu estava certa do que eu
desejo para mim, mais o meu coração se dividia. A gentileza de Azusa me
conquista, mas a generosidade do Natsume me impressiona a cada dia. Meu
coração... Quanto mais eu anseio por entender o que se passa em meu interior,
menos eu compreendo. Só queria rompê-lo em dois.
Mas nesse momento, tudo que eu posso fazer é esperar para que o domingo chegue logo, e assim, teria um momento a sós com Azusa, que eu esperava que se repetisse mais vezes.
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