— Nee-san, o que exatamente
você pretende? — Kashino Makoto não perdeu tempo para me interrogar.
— Salvar a tua pele obviamente
— tentei descontrair, sem obter muito sucesso — Para isso, precisamos da Amano.
— O que tem a Ichigo?
— Você já vai saber — eu
comecei — Apenas me escute — pedi — Você vai poder continuar a fazer doces, mas
vai ter que fazer isso escondido, então pensei em te esconder na casa da Amano,
ou de um dos parentes dela. Ela tem parentes que são pâtisseries, não tem?
— Tem sim. É o tio dela — ele
responde, naturalmente
— Perfeito! É lá que você vai
se esconder — digo com entusiasmo. Pelo menos estávamos saindo do lugar
— Mas, e o nosso pai? — Ele me
interrogou, um pouco receoso
— Já disse para deixá-lo
comigo! E além do mais nosso pai não entra em “casa de pobres”, e já que é
assim que ele infelizmente enxerga a garota, a casa do tio dela é o último
lugar onde ele te procuraria, então, é perfeita para a ocasião. Eu sei que ele
falou com um tom de desprezo total, e que ela nem sua família são “pobres” do
jeito que ele pensa ser, mas na situação em que estamos, temos que tirar
vantagem de toda e qualquer coisa que seja possível, entende?
— Entendo sim — ele afirmou —
Não havia pensado por este lado...
— Bem, agora que você entendeu
o plano, ainda que não seja o mais genial de todos... Só resta falar com ela.
Bem, é o que temos para hoje! — Pisquei para ele
— Você fala com ela?
— A menos que você queira
fazer isso no meu lugar... — suspirei ao falar
— Pode fazer as honras, ainda
não passou o choque
—Tudo bem, se prefere assim
E foi exatamente isto que fiz.
Liguei ao número do celular dela e disse-lhe que havia um assunto
importantíssimo para tratar com ela. A garota estremeceu ao telefone,
desesperada com as minhas palavras e sem entender do que se tratava. Tratei de
explicar tintim por tintim o que havia acontecido e qual era o plano que eu
tinha em mente para salvar a pele de meu irmão (e seus sonhos também). Ela
escutava cada palavra atentamente e concordou em me ajudar. Ela também alegou
que o lugar escolhido era realmente perfeito, uma vez que ninguém mais mora naquela
casa, apenas seu tio. Apenas recomendei que ela estivesse na casa do tio dela à
noite, para que pudéssemos colocar o plano em prática. Com tudo explicado e
compreendido por ambas as partes, combinamos que colocaríamos o plano em ação
em breve. Eu só esperava que realmente desse certo.
— Falei com ela —informei ao
meu irmão —Está tudo combinado
Ele deu um suspiro aliviado.
Pelo menos por um momento, ele havia recebido uma boa notícia.
— Vamos colocar nosso plano em
prática logo mais
— Está louca? Nosso pai está
aqui em casa! — Meu irmão exclamou
— Talvez eu esteja
enlouquecendo mesmo — eu disse, na tentativa de aliviar a situação —Mas tem uma
coisa da qual você não sabe, Makoto — Hoje nosso pai tem plantão no Hospital
Geral, e ele precisa estar no local pontualmente às 19:30h, horário que começa
o período noturno dele. Para a nossa sorte, nossa mãe também é plantonista
hoje, em outra área do hospital. Sendo assim, na parte da noite, a casa está
livre apenas para nós!
— Não me diga! — Ele exclamou
— Por isso, umas 20h saímos de
casa, bem de fininho e pegamos um táxi até a casa do tio da Ichigo.
—Táxi? — Ele estava sem
entender — Por que?
— Por dois motivos bem
simples, Makoto — comecei — Primeiro porque se fôssemos com o nosso carro,
chamaria atenção demais, e temos que sair de fininho. E em segundo porque nosso
pai nunca usaria táxi a não ser que não tivesse outra escolha, porque qualquer
tipo de “transporte público” para ele está fora de cogitação, então ele não ia
desconfiar da gente neste quesito. E por causa da reputação que a nossa família
tem na cidade, absolutamente ninguém (ou quase isso) imagina que alguém com
nome de “Kashino” utiliza táxi, por mais simples, (e até banal), que isso seja.
— Entendi. Nossa, Nee-san,
você é um gênio! Pensou em tudo mesmo, hein!
Abri um sorriso torto bem de
leve, após ser elogiada por ele
— Obrigada, Makoto. Como eu
disse antes...
— Deixa eu adivinhar: Temos
que tirar o melhor da situação — ele já estava com a voz mais alegre.
— Exatamente! —exclamei, com
satisfação — Esse é o meu irmão! Assim é que se fala, Makoto!
Pontualmente
às 20 horas...
Estávamos saindo de casa de
fininho. Antes de sair, disse a Muraoka, o segurança da nossa casa:
— Vou levar meu irmão a um
lugar em especial. Mas se por ventura alguém perguntar por nós, diga que não sabe
de absolutamente nada. É algo extremamente sigiloso. Voltarei em breve
Ele me fitou, mas concordou
comigo, dizendo-me:
— Como quiser, Miyabi-sama
Feito isso, finalmente saímos
e pegamos um táxi, que veio prontamente. Disse o endereço ao taxista e ele nos
levou até a localidade, sendo que o trajeto foi rápido e demorou menos do que
eu inicialmente previa. Ao chegarmos lá, ficamos feliz em saber que quem havia
nos atendido foi Amano Ichigo.
— Entrem, por favor — ela
ofereceu a nós
Entramos e agradecemos por nos
permitirem vir e pela hospitalidade desde o primeiro momento. Cordialmente,
apresentei-me ao dono da casa:
— Sou Kashino Miyabi. Prazer
em conhecê-lo
— O prazer é meu, senhorita.
Sou Amano Hikaru, tio da Ichigo
Logo após as apresentações
sentamos em uma mesa e explicamos a situação a ele. Fui contando como tudo
havia acontecido, e a Amano ia acrescentando alguns detalhes e complementando
as minhas falas, de vez em quando
— Por isso o meu irmão precisa
muito da ajuda de vocês. Ele não quer desistir de seu sonho de ser pâtissier,
isso é muito importante para ele. E eu como irmã dele não quero que ele
desperdice o talento que tem, independente da opinião de nossos pais. Além
disso, ele também não quer perder alguém extremamente especial para ele — eu
disse, apontando para Amano Ichigo
—Desculpe fazer esta pergunta
estúpida numa hora dessas... Mas, eu fiz algo de errado?
—Você me fez gostar de você.
Só isso que você fez! —Makoto sorriu tristemente a ela.
— Eu não queria te contar para
não te magoar, Ichigo. Para não entristecer a sua família — comecei, tensa, e
falando baixinho, vergonhosa — Mas o meu pai ameaçou o meu irmão a escolher apenas
uma das duas coisas: ou a profissão, ou você.
— Que horror! — A Ichigo
exclamou — Que tipo de pessoa faz isto?
— Nosso pai — eu e meu irmão
dissemos em uníssono
— Você não conhece ele — eu me
pronunciei — Ele é bem pior que nossa mãe!
— Nossa! — A Ichigo tinha uma
expressão triste em seu rosto
—Por favor, não se sintam
magoados — eu disse, mesmo sabendo que isso seria impossível em um momento daqueles
—Só peço que ajudem meu irmão
— Amano Ichigo, eu preciso
muito de você! Não quero te perder! —a voz do meu irmão soou urgente, e repleta
de frustração
— Acalme-se —ela começou,
docemente —Você não irá perder nada e nem ninguém. Aconteça o que acontecer eu
estarei ao teu lado — ela assegurou
E olhando para mim, ela disse:
— Fique tranquila. Cuidarei do
seu irmão. O plano dará certo
Agradeci a ela pelas palavras.
Nestes momentos de tensão é bom ter uma pessoa otimista ao nosso lado. Assim
ficamos mais tranquilos
— Agora vou indo, para que não
desconfiem de nós. Cuidem-se
Voltei para casa alguns minutos depois, e tudo estava sob controle. Como previa, a cada estava totalmente vazia, o que era bom sinal.
Só esperava que continuasse assim no dia seguinte. O que eu duvidava que aconteceria.
Tudo o que podia fazer era pensar positivo
Nenhum comentário:
Postar um comentário