Na
manhã seguinte, despertei bem animada! (mencionei que estava em um hotel em
Paris também?). Era o grande dia da Natsume, e eu mal podia esperar para vê-la
apresentar maravilhosamente, e como todos da família, eu estava extremamente
orgulhosa da minha irmã mais nova. Era bem capaz que eu estivesse mais ansiosa
do que ela mesma.
Desde
que acordei, só queria que as horas passassem. Queria vê-la logo! E fazendo o
que mais gosta: tocando piano. No dia anterior ela tinha provado a todos nós o
quão enorme é o talento que possui, e hoje mais pessoas o reconheceriam. Uma
bela recompensa a ela, que se esforça tanto pela música.
Mas,
o fato é que eu estava inquieta por conta da ansiedade. Acho que todo mundo
percebeu isso, já que tinham os olhos voltados a mim, provavelmente a espera de
uma resposta do porquê de estar naquele estado. Mesmo assim, apenas uma pessoa
teve a audácia de me perguntar isso: Kashino Makoto
— Por que está tão
inquieta, Ichigo? — perguntou carinhosamente a mim, tocando na minha mão.
— Hoje é o recital de
piano da Natsume! Quero que as horas passem logo...—
respondo com um suspiro na fala.
— Entendi —
ele soou compreensivo e pensativo, como quem havia acabado de entender a
situação.
— Quer ir comigo ao
recital? Tenho direito a um acompanhante... — eu o convidei, a
espera da resposta dele.
— Está me convidando
para sair? — ele devolveu com outra pergunta.
Piscando
na direção dele, e bem humorada, respondi:
— É o que parece!
— Eu aceito. A sua irmã
é muito habilidosa, gostaria de vê-la tocar de novo.
— Então, ok. É às 14h da
tarde
Horas depois...
Depois
de um tempo, as horas começaram a passar mais rápido. Quando dei por mim, já
estava quase na hora de ir. Assim sendo nós avisamos aos nossos amigos sobre o
evento
— Daqui a pouco nós
vamos ao recital da Natsume— eu avisei
— Logo depois voltamos —
completou Kashino
— Não se preocupem. Voltem quando quiserem—
a Kana-chan nos disse gentilmente e os outros aprovaram com um sorriso, olhando
para nós
— Gente... —
eu e Kashino falamos em uníssono, sem saber como reagir àquilo.
— Aproveitem bastante,
nós também temos nossos planos, não é, Kana? — Andou-kun disse, com
um olhar cúmplice para ela, que ficou confusa, e um pouco corada.
Olhamos
fixamente para os dois, que coraram na mesma hora, especialmente a Kana-chan,
que ficou mais vermelha ainda.
Aproveitei
a deixa para perguntar:
— E aqueles dois ali? —perguntei
curiosa, apontando para Hanabusa-kun e Rumi-chan
— A gente é só amigo... —
A Rumi-chan se manifestou, sentindo enrubescer.
— Mas cada um de nós tem
seus planos, né, Rumi-chan? — disse Hanabusa-kun, na tentativa de acalmar o clima, e ela
concordou com a cabeça.
— Então, ok —
disse Kashino— Vamos, Ichigo? Está na hora
— Claro, Makoto. Vamos
nessa! — e olhando para meus amigos, disse alegremente —
Aproveitem o dia vocês também!
Minutos depois...
Chegamos
na hora marcada e logo de cara encontramos com meus pais e tio Hikaru, que
estavam na plateia e nos disseram que a próxima apresentação já seria a da
minha irmã. Nos sentamos perto deles e como haviam dito, um tempo depois já
estava na vez dela. Logo pronunciaram o nome dela, em alto e bom tom
—Natsume Amano! —
uma voz exclamou
Nesse
momento eu vibrei. Ela estava séria, calada, tentando manter a calma. Era uma
expressão que não dava para descrever direito. Ela respirou fundo e começou a
tocar o piano. Escolheu “La Campanella” de Lizst.
Fechei
meus olhos, para que pudesse apreciar e escutar cada nota com precisão. Ela
tocava suavemente, e nas notas mais altas, era mais intenso, mas era em uma
intensidade maior do que na peça de ontem, e mesmo tempo, não soava agressivo.
Mas acho que refletia o estado dela, por assim dizer; mesmo estando super feliz
por se apresentar em Paris, a pressão era muita.
Deve ser por isso que colocou tanta
intensidade na música. De outro lado, as notas mais leves, eram reconfortantes
e traziam paz, tranquilidade, uma calmaria imensa, que alivia qualquer um, pela
delicadeza com que ela tocava. Ela conseguiu me comover de novo (sim, chorei) e
com certeza deve ter alcançado o coração de todos ali presentes. Ao término da
apresentação, ela foi aplaudida e agradeceu timidamente com um aceno de cabeça
e se retirou. Logo fui falar com ela:
—Natsume, você estava
maravilhosa! — disse, secando uma lágrima, alegremente, admirada com ela.
—Nee-chan... Obrigada
por vir!! —e me abraçou, feliz por eu ter ido prestigiá-la —
e ao olhar para Kashino ela comentou, alegre— Ei você trouxe
companhia mesmo, hein!
Ficamos
corados ao ouvir isso. Corei mais ainda quando ela me revelou, baixinho, no meu
ouvido:
— Eu já sabia que seria
ele o seu “acompanhante”
Acho
que Makoto escutou o cochicho entre nós, porque corou instantes depois.
—
Você ainda tem mais apresentações, Natsume?
— Não sei, mas acho que
não. Essa foi uma apresentação, mas não é competição nem nada.
— É mesmo? —inquiri,
curiosa
— É sim, só vim aqui
porque fui escolhida, como uma das melhores da minha turma. A intenção é “reconhecer os talentos das
pessoas” — E mesmo se fosse uma competição/festival ou algo assim,
pouco me importam os resultados. O importante é dar o meu melhor, não é mesmo? —
ela completou, sorrindo.
—Natsume... Você mesmo muito
sábia... — eu a elogiei, com suspiros, e a abracei.
—Nee-chan, daqui a pouco
nós vamos indo... Tem planos pra mais tarde?
— Quem sabe... —
eu pisquei a ela, mas ainda estava na dúvida.
—Entendi... —
ela sorriu como quem fica imaginando situações que nem aconteceram ainda —
Então até mais! — e fez sinal de se retirar
—Natsume! Espere! —
eu gritei, e ela se virou para mim — Até quando vocês
pretendem ficar em Paris?
— Até o fim de semana —
ela respondeu de imediato
— Então ainda nos
veremos por um tempo — eu disse, feliz de ter um tempinho a mais com minha
família
— Claro! —
ela sorriu de ponta a ponta — Agora vá aproveitar o resto do dia com seu companheiro,
Nee-chan! Beijo, beijo. Fui!
Sorri
em resposta e logo depois chamei Kashino, avisando que minha irmã provavelmente
não teria mais apresentações e que poderíamos nos retirar. Quando estávamos
saindo do local, perguntei a ele:
— Poderíamos aproveitar
o resto da tarde, o que acha?
— Ok —
ele concordou — O que quer fazer?
— Poderíamos comer alguma
coisa... E aproveitar para apreciar a paisagem. Gosto da Torre Eiffel
— Então seu plano é
basicamente comer — ele zombou de mim, com bom humor.
— Não tem nada melhor
que comer! — eu exclamei igualmente bem humorada.
— Verdade —
ele concordou comigo, rindo.
Um
instante depois, a ficha caiu: Eu tinha um encontro a sós com Kashino? Oh, meu
Deus do céu... Um momento a sós... Era tudo o que eu mais queria nos últimos
tempos. Nem me lembro de quando foi a última vez que ficamos sozinhos... Tinha
que aproveitar essa oportunidade a qualquer custo.
Pouco
tempo depois já saímos de mãos dadas e decidimos que primeiro iríamos respirar
um pouco e apreciar a vista, mas também comeríamos algo. Mas, o que realmente
importa é que eu estava com ele e sentia que sempre que ele segurava em minha
mão e eu na dele, meu corpo vibrava e me transmitia a segurança e a paz que eu
estava procurando.
Caminhávamos
tranquilamente pela cidade e eu tirava várias fotos de lugares ou coisas que me
atraíam. Conversávamos sobre diversas coisas, ouvíamos um ao outro atentamente e
trocávamos ideias. Apreciávamos cada momento juntos e cada detalhe ao nosso
redor. Um tempinho depois já havíamos chegado a um pequeno bistrô.
Cada
um de nós pediu um café e uma sobremesa.
Estava
bom, mas como sabem, a gente sempre tem o sabor que prefere...
Enquanto
mordiscava o doce e bebericava o café, eu fitei Kashino intensamente, e lhe
disse:
— Sabe, esses doces
estão deliciosos, mas os que faz são os que eu mais gosto. Tem um sabor único.
Ele
apenas sorriu em resposta, mas dava para ver o quanto era gratificante a ele
ouvir algo como aquelas palavras (que foram bem sinceras da minha parte)
Após
alguns minutos, pedimos a conta e continuamos a nossa caminhada por Paris,
naquela tarde de sol, e sem nem perceber, tão logo (demorou menos do que eu
imaginava que demoraria) já estávamos frente à Torre Eiffel. Ao chegarmos lá,
ele me disse:
— Tenho uma surpresa
para te fazer — declarou com a voz suave
“Surpresa”,
pensei. Eu sempre gostei de surpresas, mas em uma situação daquelas podia
acontecer de tudo, e eu estava com o coração a mil, esperando o que vinha pela
frente.
— Surpresa —
eu repeti, ansiosa, as mãos começando a suar
— Sim, mas primeiro eu
gostaria que soubesse dos meus sentimentos por você, bem mais a fundo.
Eu
fiquei totalmente paralisada e de ouvidos abertos.
De
repente as palavras simplesmente resolveram sumir.
Deixe-o
continuar a falar, afinal eu estava curiosa
— Primeiramente, quero
que saiba que você é diferente de qualquer outra garota que eu conheci; é
determinada, sempre faz o seu melhor para conquistar o que quer. Ao contrário
de mim, você não guarda os sentimentos apenas para você, porque é honesta e
pura. Você sabe que a maior e melhor chave para tudo, são a persistência e o
amor; a vontade de vencer, de se superar, e de fazer as pessoas felizes. E é
por isso que eu te admiro e te amo tanto. Mas eu quero que você saiba e lembre-se
disso todos os dias da sua vida, e por isso, te entrego esse pequeno presente,
com todo o amor e carinho — Ele me deu o objeto e eu senti um pouco mais da sua mão
macia sobre a minha. — Era um colar prateado em forma de morango, e continha
nossos nomes escritos, um de cada lado. Peguei o presente ainda emocionada com
sua declaração, imensamente grata por todo aquele momento mágico que estávamos
tendo.
Ainda
sem saber como lhe agradecer, eu lhe revelei:
— Makoto... Eu amei. — eu pronunciava cada palavra de forma solene, mas também de maneira pausada, soando um pouco hesitante, já que estava procurando as palavras certas para usar — Sua surpresa, sua declaração, e tudo o que me disse de maneira tão amável e sincera, tão sua, tão somente sua... Estou muito agradecida por tudo, mesmo, nem dá pra dizer o quanto estou feliz e quão grata estou. Não há palavras que descrevam isso, nem todo e qualquer sentimento que eu tenha no meu coração, porque são infinitos. Porque eu te amo imensamente, Kashino Makoto. Eu te amo — e após fazer essa breve declaração a respeito do que eu sentia naquele momento, eu lhe beijei, da maneira mais forte e demorada de que se tem notícia. Porque naquele instante, era eu que desejava que ele se desse conta dos meus sentimentos, e de como são extremamente recíprocos e destinados a ele. E eu pertencia inteiramente e infinitamente a ele.
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