quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Três poesias chinesas de Su T’ung-po (1036-1101)

Su T’ung-po (1036-1101)
Seu nome era Su Shih, sendo T'ung-po seu “hao”, ou nome literário, o qual adotou quando se encontrava detido em Huang-chow, sobre a Ladeira leste da montanha, onde obteve o nome de “O Recluso da Ladeira do Leste”. ". Su T'ung-po é um dos maiores gênios da História da China. Com a sua morte, o Imperador lhe conferiu o título honorário de “Duque Patriótico Literário”. Reconhecido como um grande poeta, escritor de prosa, pintor e calígrafo e como todos os gênios, muitas coisas mais. Copilou um Manual de Ervas Medicinais que tem vigência até em nossos dias atuais. Adepto tanto do Budismo quanto do Taoísmo, atingiu um alto nível de prática em ambos, e seus diálogos com o monge Fo-yin, de quem foi um grande amigo, ficaram registrados. Enviuvou duas vezes e se casou três, sendo a última com   Wang Chao-yun, que era uns 26 ou 27 anos mais nova do que ele e com quem teve a relação mais profunda. Chao-yun foi também uma grande praticante budista. Suas últimas palavras, obtidas do Sutra de Diamante foram: “Como um sonho, como uma fantasia, como um orvalho”
T'ung-po possuía um grande senso de humor, como se mostra no poema escrito para o nascimento de seu filho com Chao-yun, incluso nessa antalogia. Uma vez seu amigo Mi Fei, o grande calígrafo, lhe perguntou:
― Todos dizem que eu sou um louco. E você, o que pensa?
Ao que T'ung-po respondeu:
― Você sabe que sempre estou com a maioria.

É possivelmente a pessoa mais querida de toda a História da China.

1.  Poema escrito para o nascimento de seu filho com Chao-yun. 
Todos no mundo querem que seus filhos tenham talento,
Mas, a causa do talento, eu tenho sofrido por toda a minha vida,
Tomara, filho meu, que seja estúpido e tolo,
E, livre de problemas, chegue ao cargo de Primeiro Ministro.

2.  Fervendo chá
A água vivente deve ser cozinhada,
Com o fogo vivente,
Vou ao lugar onde costumava pesca,
Extraio eu mesmo, a pureza da laguna.
Guardo uma vasilha de abóboras na dispensa.
A Lua está guardada em um jarro.
Corto o rio com uma concha,
O rio está guardado em um pato.

O leite em neve se eleva,
Desde o fundo, de onde foi fervida,
Repentinamente, se enxerga o vento.
Saindo no bosque de pinheiros,
É difícil evitar que a minha língua seque,
E esvazie três taças cheias
Sentado ocasionalmente, escuto as sentinelas
Soando na cidade deserta.

3. Poema
Estou velho, doente e sozinho,
Faço meu lugar na Ladeira Leste (Tung-po)
Branca, escassa e hirsuta,
Minha barba se mescla com o vento,
Frequentemente, meu filhinho se surpreende deleitado,
De encontrar minhas bochechas rosadas.
Sorrio. Como poderia ele saber,
Que estão vermelhas por conta do vinho?

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