segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

[A Tale of Two Phoenixes] Capítulo 2 – Minha alma ainda está aqui (Parte I)

Ela estava em um dormitório. Repleto de decorações elaboradas e delicadas, o quarto era elegante e encantador. Uma lanterna dourada de fênix estava pendurada na parede, e tanto a tela quanto a mesa de chá eram dignas e elegantes. Tudo possuía um estilo antigo.
Quanto ao porquê começou a suspeitar que isso não era uma brincadeira foi porque depois de que Chuyu recobrou o sentido, ela se lembrou de que, de qualquer forma, ela deveria estar morta agora.
Antes de acordar, a última coisa de que se lembrou foi um acidente de avião. Não era nenhuma boa memória, mas ela precisava enfrentá-la.
Seu avião colidiu, e então ela se encontrou neste estranho lugar, dormindo com cinco jovens despidos, sem nenhum machucado em seu corpo. Tudo naquele quarto era irrealisticamente antigo e refiado, e suas mãos...
Chuyu olhou para suas mãos. Estas não eram suas mãos, afinal. Graciosas, pálidas e delicadas, a pele terna não apresentava sinais de ferimentos ou ásperos calos. Essas mãos estavam muito bem tratadas, e, definitivamente não eram as mãos de Chuyu, esbeltas e fortes, as mãos que a acompanharam aos picos das montanhas e em direção aos bosques primitivos.
Este foi o mior defeito, e também a maior evidência.
Isso não foi uma brincadeira. De todas as pessoas que conhecia, ninguém podia fazer uma brincadeira tão grande. Durante sua vida, Chuyu também costumava ler light novels populares online em seu tempo livre. Algumas delas possuíam temas como viagem no tempo, possuir o corpo de outro alguém e a ressurreição dos mortos, mas apesar de serem criativos e interessante, Chuyu nunca os considerou como verdadeiras. Ela apenas pensava nelas como imaginações selvagens. Mas quando foi lhe apresentada a evidencia inegável, Chuyu recordou dessa possibilidade impossível.
Ambiente desconhecido, jovens desconhecidos, e corpo desconhecidos.
A Chuyu não lhe ocorreu outra explicação plausível além da viagem no tempo.
Chuyu sentiu que sua visão se escurecia, quase desmaiada. Seu coração se contraiu com essa grande mudança. Não podia lidar com essa grande mudança, no entanto, obrigou a si mesma a aceitar a realidade e começar a pensar.
O jovem possuía um sotaque estranho, e sua pronúncia era distintivamente diferente da do Chinês Moderno, como se se tratasse de um dialeto, mas não é a algo que Chuyu saiba. Entretanto, o estranho é que ainda assim, Chuyu pode entendê-lo perfeitamente, como se falasse bem com essa pronúncia o tempo todo.
Chuyu sabia que depois da adaptação de milhares de anos, a pronúncia dos chineses antigos é diferente da dos chineses modernos. Mas isso não importa. O que ela queria saber agora era: Quem é ela? Onde ela está? E em que período de tempo?
Bombardeada por um pânico extremo e perdido, mas pressionada pela razão, Chuyu repentinamente se sentiu tão impassível quanto um computador, como se a razão fosse extinta para formar outra alma, observando friamente e considerando. Esse jovem se dirigiu a ela como “Princesa”. A jugar pela sua roupa, provavelmente não era da Dinastia Qing ou da Dinastia Yuan, motivo pelo qual essas duas Dinastias poderiam ser eliminadas primeiro. Mas ela era realmente uma princesa?
Pensando rapidamente, vários pensamentos de Chuyu em uma fração de segundo. Ela ordenou com a voz mais firme que pode manter.
― Todos vocês, levantem-se e vistam-se!
Se arrependeu tão logo quanto o disse. O que aconteceria se se davam conta que sua pronúncia era diferente? Mas, também se deu conta de que suas palavras, sejam quanto ao tom ou a pronúncia, também haviam mudado junto com este corpo. A questão sobre a mudança de pronúncia, poderia deixar para mais tarde, porque Chuyu viu claramente que depois que disse aos quatro jovens para se levantarem, uma faísca de surpresa brilhou nas íris negras do jovem que havia estado de pé. Mesmo que desapareceu por uma fração de segundos, ainda assim foi capturado pela sensibilidade de Chuyu.
Ela disse algo de errado?
Seu ritmo cardíaco aumenta, Chuyu advinhou preocupada. Mas depois que a faísca de surpresa brilhou através dos olhos do jovem, ele esboçou uma expressão sorridente:
― A Princesa parece um pouco diferente hoje.
Logo, inclinou a cabeça e ordenou aos quatro jovens:
― Todos vocês podem sair agora. Chamaremos vocês se for necessário.
Quando lhes disse para deixarem de ajoelhar, os quatro jovens ficaram onde estavam, mas, uma vez que escutaram sua ordem, se levantaram e se vestiram. Chuyu inclusive escutou um deles dar um suspiro de alívio. Isso fez com que ela se sentisse ainda mais suspeita e perturbada.
Os quatro caminharam através da caminharam por entre o anteparo de frente para a janela e partiram, deixando Chuyu e o jovem de aspecto arrogante a sós no quarto. Apesar de o jovem parecer inofensivo, Chuyu ainda se sentias muito incomodada.
Falou em voz baixa:
― Você também sairá.
O que ela precisava era de espaço para que se acalmasse, e como o jovem a chamava de “Princesa”, ela acreditava ter ao menos alguma autoridade.
― Princesa? ― O jovem estava aturdido como se não esperasse que ele também receberia esse tratamento. Sua expressão também mudou, como se acusasse a Chuyu de fazer algo ruim. Chuyu começou a se sentir tímida sob seu olhar, mas agora nem sequer podia se acalmar, sem mencionar como os demais se sentiam.
Depois de esperar por um momento, no entanto, sem ver Chuyu revogar sua ordem, a expressão do jovem se tornou um pouco curiosa, e ele assentiu levemente:
― Bem, Rong Zhi se retira. Mas, Princesa, se houver alguma necessidade, não hesiste em convocar Rong Zhi a qualquer momento. Ao terminar seu discurso, o jovem que se dizia chamar Rong Zhi segiu sem pressa os passos dos outros quatro jovens e deixou o dormitório. Seus passos não eram rápidos nem lentos e suas costas pareciam solitárias e arrepiante à tênue luz. Muito diferente de seu semblante aprazível.
Depois, Chuyu ficou sozinha no espaçoso quarto. Envolta pela solidão e pela impotência, Chuyu respirou fundo para reprimir a debilidade que se reproduzia em seu peito. Mesmo quando se encontrava perdida nos boques primitivos, procurando um caminho sozinha na escuridão, nunca sentiu que seu futuro era tão sombrio.
Porque isso já excedeu tudo o que ela pode suportar.
Ainda envolta na colcha de seda, Chuyu subconscientemente procurou por uma roupa para esconder seu corpo. Em uma mesa quadrada, não tão distante da cama, várias peças de roupas para vestir estavam dobradas cuidadosamente. Camada após camada até mesmo fez com que Chuyu ficasse tonta, sem saber o que vestir primeiro.
Não deu tempo de ela pensar mais. A tímida voz de uma garota soou desde fora da entrada:
― Princesa, You Lan está aqui para te ajudar a se vestir.
A princípio, Chuyu não quis reconhecê-la, mas mudou sua opinião. Ela pressionou seus lábios, e bradou, com uma voz radiante:
― Entre.

              
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