sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

[A Tale of Two Phoenixes] Capítulo 7 – Beleza Perfumada (Parte I)

Um, dois três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez, onze... Apesar de os livros de História registrarem que a Princesa de Shanyin, Liu Chuyu possuía trinta cortesões outorgados a ela por ordem do Imperador, a realidade não era bem assim. Chuyu perguntou antes a You Lan: Havia um total de apenas 24 cortesões no Palácio e ainda que metade deles fossem concedidos pelo Imperador, a outra metade foi cuidadosamente selecionada pela própria Princesa de Shanyin.
Entre eles estava Rong Zhil, que foi um dos primeiros a chegar ao Palácio, devido à Princesa de Shanyin. Todos os tipos de belos jovens e elegantes adolescentes apareceram pela entrada do quintal, motivo pelo qual Chuyu não conseguia parar de exaltar seu coração. E, uma vez mais ela confirmou que as estéticas da Princesa não apenas possuíam um gosto nobre, como também se inclinava perante à diversidade. Quase todos os tipos tinham dois ou três deles, e ainda haviam diferenças em suas especificidades em um tipo. A variedade de estilos contribuiu para um cenário bastante colorido.
A Princesa de Shanyin era como uma colecionadora exigente, que continuamente colecionava obras de arte em sua casa. Queria somente dois ou três de cada estilo, mas assegurou que cada tipo estivesse completo e ao mesmo tempo tivesse uma diversidade de estilos.
Ela também havia pensado que Rong Zhi era muito charmoso, mas ao ver os demais cortesãos, Chuyu entendeu o provérbio de que “sempre há pessoas mais poderosas e céus mais amplos”. [1]
Deixando de lado seus temperamentos e simplesmente falando das aparências havia uns poucos homens que possuíam melhor aspecto do que Rong Zhi. As idades destes homens variavam desde os adolescentes até os que tinham pouco mais de 20 anos.
Entre os inúmeros rapazes, Chuyu avistou uma criança que parecia ter onze ou doze anos. Essa criança era fofa e adorável, com cílios largos e levantados, seus olhos redondos e brilhantes e suas bochechas se mostravam o suficiente ternas para comprimir a água.
Com sua cabeça zunindo, Chuyu obrigou-se a manter a calma, e perguntou despreocupadamente a Rong Zhi, quev ainda estava ao seu lado:
― A propósito, quantos anos ele tem? ― Sua mão apontou para a criança.
― Doze ― A resposta fez com que a cabeça de Chuyu voltasse a zunir: “Como a Princesa de Shanyin podia ser tão desumana?” Essa criança tinha apenas doze anos, e ainda assim, ela o arruinou descaradamente. Ainda que a criança tivesse o rosto de quem atrai as pessoas para arruiná-lo e ainda que a Princesa de Shanyin fosse jovem também, tendo ela somente dezessete ou dezoito anos..., mas doze anos, doze... Ao fazê-lo, ela estava destruindo os brotos de sua Pátria-Mãe!
Olhando para os demais, todos eram muito jovens. Chuyu balançou sua cabeça: Ao que parecia, a Princesa de Shanyin era aficionada em todas as idades, e tinha um forte costume comer erva nova. [2]
Incluindo Rong Zhi, haviam 24 cortesões sendo que dois alegaram que estavam doentes, motivo pelo qual Rong Zhi avisou a Chuyu que eles não poderiam vir. Mas, se eles realmente não podiam vir ou se não queriam fazê-lo por alguma outra razão, Chuyu não tinha como saber.
Ela apenas podia sorrir em seu coração e anotar seus nomes em sua cabeça.
O marido da Princesa de Shanyin, He Ji, tampouco estava no Palácio. Era uma pena que todos estes dias desde que chegou aqui, Chuyu nunca havia visto o verdadeiro marido de seu novo corpo. Mas, tendo em mente os feitos a partir deste ponto de vista, é obvio que a Princesa de Shanyin e seu esposo não eram próximos. E, claro, não importa que homem, se sua esposa tinha intimidade com outro homem em sua presença, eles não seriam próximos e nem afetivos um com o outro.
Pobre He Ji. Começando com as duas fileiras de belos jovens e elegantes adolescentes, Chuyu não pode evitar a não ser sentir pena daquele homem que ela nunca havia visto. Seus chapéus verdes [3] em sua cabeça provavelmente alcançava a altura de um prédio.
Os últimos que chegaram ao banquete foram dois jovens coquetes e charmosos. Um deles usava uma vestimenta fúcsia e o outro estava trajado com roupas Harlequin. Eles caminharam em direção a Chuyu, lado a lado.
Nesse momento, Chuyu tinha acabado de pegar sua xícara para provar um pouco de vinho de frutas, mas, se lhe dar tempo para saborear a bebida, esta dupla vermelho e verde se aproximou, deixando quase asfixiada. Ela rapidamente abaixou a cabeça e forçou-se a engolir o vinho, e logo, ergueu-a para encarar a multidão novamente.
Chuyu lambeu seus lábios. Desistindo de beber ela observou admirada aos dois jovens com aquelas deslumbrantes de cores: Ambos possuíam belezas absolutamente maravilhosas. Mas, vermelho e verde... Quem poderia fazer aquela combinação?
O jovem coquete vestido com Harlequin, era aquele que implorou a Rong Zhi para ver a Princesa, Liu Se. Quando ele ficou sabendo que a Princesa daria um banquete nos campos, ele rapidamente banhou-se, vestiu-se e até mesmo, se maquiou provocando seu leve atraso. Aconteceu que o outro convidado ligeiramente atrasado era Mo Xiang, um cortesão que estava sempre disputando pela atenção da Princesa.
Os dois virem por dois caminhos diferentes. Quando eles se encontraram em um ponto de intercepção, vendo que o outro também estava muito bem vestido eles lançaram olhares antipáticos um ao outro. Indispostos a ficarem para trás, eles aumentaram os passos e chegaram ao banquete.
Se alguém perguntasse a Liu Se que mais lhe desagradava no Palácio, não seria nem o marido da Princesa, He Ji, e nem o favorito da Princesa, Rong Zhi, mas este Mo Xiang.
He Ji era um marido sem esperança, não representado nenhuma ameaça para eles. À medida em que Rong Zhi era extremamente favorecido pela Princesa, ele geralmente era gracioso e extremamente discreto. Com exceção de esporadicamente pedir um par de livros à Princesa ele nunca pediu nem brigou por algo. Tudo foi lhe concedido voluntariamente pela Princesa. Ao invés de odiá-lo e se ressentir, a atitude de Liu Se em relação a Rong Zhi era mais um sentimento inalcançável e inatingível somado ao desespero e à inveja.
Por outro lado, Mo Xiang podia ameaçar diretamente nos interesses de Liu Se.
Por isso, quem ele mais detestava era Mo Xiang.
Todos sabiam que quando a Princesa de Shanyin escolhia seus cortesãos, ela não gostava de muitas repetições. Por essa razão, o mais especial ou único, era o mais favorecido. Liu Se e Mo Xiang eram uma boa vista para olhos doloridos. Ainda que Liu Se era um pouco mais bonito, Mo Xiang tinha uma diferença que ele não possuía. Essa se tornou a arma mais útil de Mo Xiang e seu maior capital. Nesse momento, ainda restavam dois espaços vazios. Ambos saudaram a Chuyu sem nem olhar para os lugares, então, se separam em dois caminhos, foram em direção à mesa e sentaram ao lado de Chuyu.
No instante em quer os dois se aproximaram, Chuyu detectou um suave e doce aroma. A fragrância era diferente de seus incensos: não continha cheiro de fumaça ou fogo e era de longe, bem mais natural do que o perfume das flores. Até mesmo carregava um vago calor consigo. Após pensar um pouco, Chuyu repentinamente pensou em uma possibilidade. Ela inclinou a sua cabeça e olhou para Mo Xiang. Provavelmente devido à pressa para chegar aqui, Mo Xiang tinha pequenas gotas de suadouro na frente e na ponta do nariz, e quando a brisa soprava, trazia um estalo do aroma.
Durante a Dinastia Qing, existiu uma garota extremamente formosa Xinjiang que possuía uma delicada fragrância vinda de seu interio. Ela era fascinada pelo Imperador QianLong e era conhecida como a Concubina Fragrante. O que Chuyu não percebeu antes foi que, há mais de mil anos atrás, na Dinastia Song do Sul, também havia alguém assim, exceto por ser do sexo masculino e residir no Harém da Princesa de Shanyin.
Chuyu agora começou a admirar um pouco a Princesa de Shanyin. Devido às diferenças físicas e a constituição dos corpos, muito, muito poucos nasciam com a habilidade de transmitir fragrâncias. Ainda assim, uma pessoa tão rara foi encontrada pela Princesa de Shanyin, a Colecionadora de Homens Elegantes, e colocado em seu harém.

Notas:
[1] “Há sempre pessoas mais poderosas e céus mais amplos” (人外有人天外有天): Provérbio Chinês que significa que sempre haverá uma pessoa melhor do que outra, ou melhor em alguma coisa.
[2] “Comer erva nova” (啃嫩草): significa namorar ou sair com uma pessoa mais nova. Geralmente utilizado para se referir ao caso de uma garota mais velha e um rapaz mais novo.
[3] “Chapéu verde”: símbolo da infidelidade da esposa. 


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