Hinata Ema/Asahina Ema
Todos estavam torcendo por mim
e pelo Yuusuke-kun, para que passássemos na Universidade Meiji. Felizmente,
ambos fomos aprovados com êxito. Estavam todos na sala de jantar, no térreo,
comemorando por termos conseguido. Natsume-san também havia vindo nos
prestigiar nessa data especial, uma vez que seu trabalho estava mais tranquilo,
e segundo nos foi transmitido, ele fazia questão de aparecer na mansão.
Hikaru-san havia acabado de voltar de sua viagem à França, depois de meses
fazendo pesquisas para seu próximo romance investigativo, e Louis terminou seu
expediente mais cedo no salão de beleza. Portanto, a Família Asahina estava
completa, em uma das noites mais importantes da minha vida, para a minha
felicidade. O advogado foi o primeiro a tomar a palavra, com sua voz solene:
― Parabéns pelo esforço ―
Ukyou-san nos elogiou, e tanto eu quanto Yuusuke-kun nos sentimos gratos pelas
palavras
― Realmente deu o seu melhor, Imouto-chan!
― Kaname-san se pronunciou, em seguida, arrancando-me um sorriso tímido. Aquele
monge realmente sabe como me alegrar. Sinto-me bem em ter alguém extrovertido
em nosso meio.
― A Onee-chan é incrível ―
Wataru-chan comentou, com um sorriso de ponta a ponta. Meu irmãozinho é uma
fofura de gente!
― Ei, ninguém vai falar de
mim, não? ― Yuusuke-kun perguntou, um tanto incomodado e enciumado, pelo fato
de os elogios serem direcionados a mim
― Você já é cabeção, dispensa
comentários! ― Estava demorando para Fuuto-kun chegar com sua língua afiada e
provocativa de sempre, em sua forma mais sarcástica em relação ao irmão,
deixando-o irritado
― Você! ― Yuusuke-kun exclamou
furioso para o mais novo, que fingiu não estar nem aí com a reação dele.
― Bem, bem ― Masaomi-san
estava tentando acalmar os hormônios entre ambos ― Hoje é dia de comemoração, e
não de conflitos, certo? ― Ele indagou, mostrando sua forma angelical de ser, o
que fez com que os dois adolescentes concordassem silenciosamente, já que era
Masaomi quem estava pedindo. Viraram a cara um para outro e depois se calaram.
Para que animasse um pouco
mais o Yuusuke-kun, Natsume-san decidiu parabenizá-lo:
― Parabéns para você também,
Yuusuke. Vejo que se esforçou bastante. ― A voz dele era firme, satisfazendo ao
ruivo.
― Obrigado, Natsu-nii. ― Ele tinha
um sorriso no rosto ― Agora vou poder estudar na mesma Universidade que a Ema!
― Ele comentou, alegremente, fazendo-me ficar tímida, de repente, mas não
demorou muito para que meus olhos brilhassem novamente. A atmosfera entre nós
voltou ao normal, retornando ao objetivo inicial, que era nos alegrar. Brindamos,
rimos e sorrimos.
A situação ficou mais séria quando
Subaru-san me questionou:
― Falando nisso, Ema... ― Ele
ficou pensativo ― por que você escolheu a Universidade Meiji?
“Para ficar mais perto de
você”, era o que se passava na minha cabeça, mas não teria audácia suficiente
para falar uma frase dessas na frente de toda aquela gente, por mais que
fôssemos uma família unida.
Constrangida, eu respondo,
hesitante:
― Ah... É porque... fica mais perto
de casa ― Eu me atrapalhei com as palavras
― Hum... ― Fez o rapaz,
pensativo ― Entendi
Eu pouco me convenci com a
resposta dele. Parecia que ele sabia que eu escondia algo dele, porque me olhou
analítico, de canto. Quando todos nós terminamos o jantar, eu me ofereci para
lavar a louça com o Ukyou-san, para agradecê-lo pela noite especial. No
entanto, uma voz determinada contraria meu desejo e diz:
― Desculpe, Kyo-nii, mas será
que eu posso ter uma palavrinha com a Ema?
― Claro. ― O mais velho
responde, receptivo, e eu congelo. Ukyou-san apenas finge não perceber a minha
reação, e nos deixa a sós. Não me sinto confortável com a situação. Alguém mais
poderia nos escutar, eu não estava pronta para lhe dar nenhuma resposta. Decido
subir as escadas, em direção ao meu quarto, mas não tenho sorte alguma Ele me
para, segurando meus braços com força, olhando fixamente para mim, me impedindo
de continuar a caminhar justo quando eu estava na metade da escadaria. Ficamos
frente a frente quando ele decidiu me indagar:
― Agora que estamos a sós... ―
Quando ele começou a falar, eu fiquei imóvel ― Diga-me, por que escolheu a
Universidade Meiji?
― Eu já disse ― Tentei
convencê-lo, obviamente sem sucesso
― Você acha mesmo que eu
acredito naquilo? Pode até ser verdade que fica perto de casa, mas esse não é o
único motivo
“E está longe de ser”
― Vamos, desembucha! ― Exigiu,
enérgico, fitando-me, e colocando-me contra a parede
― Subaru-san... ― Comecei, e
ele logo me cortou
― Sem formalidades ― Disse,
mais ameno ― Me chame pelo meu nome
Corei
― Então, Subaru ― Eu estava
hesitante, ainda era estranho chamá-lo pelo seu nome, sem utilizar honoríficos
― É porque eu...
Ele esperou eu concluir a
frase, sem desviar o seu olhar do meu, nem por um segundo. Ele estava me
encarando intensamente
Respirei fundo, e lhe disse de
uma vez, um pouco desesperada, antes que eu desistisse de novo:
―... Eu quero ficar mais perto
de você. Quero torcer por você nos seus campeonatos e treinos da Universidade,
porque eu gosto muito de te ver você dando o seu melhor no basquete, fazendo o
que gosta.
― Ema você... ― Agora era ele
que estava sem reação e impressionado com as minhas palavras, as quais disse
após reunir toda a coragem que me restava.
“Você
gosta de mim?” Era o que ele provavelmente
estava prestes a dizer, contudo, uma voz reconhecível a nós dois completou esse
pensamento por ele.
― Você gosta do Subaru? ― Natsume-san,
que estava prestes a subir a escadaria em direção ao seu dormitório, passou
pelo corredor do térreo, e sem querer, escutou o nosso diálogo. Curioso, me
indagou sem mais delongas, me deixando sem saída.
“De
repente, era melhor e mais fácil permanecer na sala de jantar para uma conversa
civilizada e sigilosa”, refleti. “Mais fácil ainda seria lavar e enxugar os
pratos e só ver o rosto dos meus irmãos amanhã de manhã”
― Eu... Gosto ― Respondo,
sentindo o meu rosto corar, e o meu coração saltitar. Eu tinha verdadeiros
sentimentos por Subaru... Mas também, não podia negar que o meu peito pulava de
alegria e ansiedade ao ver aqueles fios alaranjados e aquelas íris violetas bem
em minha frente. Estava ficando confusa de novo. Divida entre duas pessoas tão
ímpares, tão importantes para mim...
Natsume-san nada me respondeu
em palavras, só com um olhar. Ao invés disso, confrontou Subaru, que também não
perdeu tempo para encará-lo.
― Natsu-nii ― Pronunciou o
nome do irmão, um pouco alterado
― Subaru, podemos conversar? ―
Questionou, controlado e firme, como de costume.
― Claro ― Respondeu, tentando
soar indiferente
E depois daquela resposta, eu
senti e pressenti que a noite ainda seria longa.
Asahina
Natsume
Chamei Subaru para uma conversa
de homem para homem. Ema imediatamente se retirou, alegando que iria dormir. Eu
duvidava que a garota adormeceria tão rapidamente, depois de se espantar com a
minha aparição repentina, entretanto, em todo caso, o fato de ela se retirar
nos ajudou muito, já que o assunto era exatamente ela. Decidi que iríamos à
sala principal, no térreo, e eu não sairia de lá enquanto não soubesse dos
reais sentimentos e intenções de Subaru em relação à Ema.
― Por que você teve que
deixá-la desconfortável durante o jantar? ― Perguntei, como forma de arranjar
um pretexto para o assunto principal, sem contar que, aquilo não era apenas uma
mera estratégia. Eu não gostava de ver as pessoas que eu amo desconfortáveis,
ainda mais em se tratando de uma garota tão dócil, meiga e sensível como Ema, a
nossa irmã de consideração, e a garota que me fascina mais do que ninguém. Eu
sou louco por ela!
― Eu só fiz uma pergunta! ―
Ele se defendeu ― Não sabia que ela ficaria daquele jeito. Além do mais, o
Yuusuke....
― Não coloque os outros no
meio da conversa! ― Lhe pedi, assertivo, sabendo das habilidades dele para “encontrar
uma resposta cabível” para tudo que existia na Terra. ― Parece que você não a
conhece tanto quanto supõe
― E o que você sabe sobre ela,
Natsu-nii? ― Ele devolveu, enérgico
― Ela é doce, meiga, sincera e
às vezes, insegura. Ela é preocupada até demais conosco, e por isso, não se
expressa com a facilidade que gostaria. Antes doa para nós, irmãos, do que para
ela, que já pensa tanto nos outros. Com uma pessoa tão preciosa, que possui
tanta empatia e um coração de ouro, nós temos que ser pacientes e deixá-la
confortável. Coisa que você parece não saber, Subaru, já que é impulsivo demais
em situações delicadas. Ou você vai negar que estava todo feliz em saber que a Ema
passou na mesma Universidade que você?
Ele estava visivelmente
vermelho.
― Estava sim ― Ele confessou.
Finalmente estávamos chegando em algum lugar
― Aliás, entender o coração
puro e amável de uma garota é o primeiro passo para conquistá-la ― Lhe disse,
mantendo a minha voz normal, em forma de conselho, que, de maneira mais direita
equivaleria a: “você já deveria saber disso, meu irmão”
― Onde você quer chegar com
tudo isso, Natsu-nii??
“Que ótimo! Mordeu a minha
isca”, pensei comigo. Em seguida, inquiri a ele:
― Você gosta da Ema, certo?
― Gosto ― Ele revelou, um
pouco incomodado por ter que se abrir a respeito de algo pessoal. Típico dele.
― De que maneira? ― Eu o
instiguei a falar o que sentia. Subaru sempre teve dificuldades com sentimentos,
e isso era algo que tínhamos em comum, com a diferença de que era muito mais
difícil para ele se expressar do que eu.
― Da mesma maneira que você,
eu suponho. A Ema é especial para mim.
Olhei para o meu irmão,
estudando sua expressão, e percebi que ele estava sendo sincero em seus
dizeres. Ele prosseguiu sua fala, afirmando:
― Somos rivais no amor
― Isso
não é uma partida, competição ou aposta. Isso é o que se chama “Conflito do Amor”
― Subaru ia abrir a boca para falar alguma coisa, e, todavia, eu não permiti. ―
Mas, se você quiser mesmo encarar essa situação dessa maneira, só tenho uma
coisa a te dizer: Duvido que você faça três pontos na Ema. ― Afirmei,
fazendo uma metáfora com a pontuação do basquete.
― Três pontos? ― Subaru me
questiona, frisando a primeira palavra ― Como assim?
― Quer dizer conquistá-la em
três lugares diferentes: Em sua mente, em seu coração, e em seus lábios. ― Eu
lhe expliquei, calmamente.
Subaru ficou claramente
alterado após escutar a minha declaração, e disse, determinado e irado:
― Eu ainda vou conquistar a
Ema. Você vai ver, Natsu-nii!!
― Você pode conquistar a Ema... Mas, o coração dela... Quem garante? ― Eu
desafiei o meu irmão. E, bem no momento em que ia respondê-lo, alguém aparece
de surpresa:
― Hum... Então você se
garante, Natsume? ― Azusa, que veio até o térreo pegar uma cerveja para, ao que
parecia, descansar na sala, indagou, surgindo bem atrás de mim, acompanhado de
Tsubaki
― Azusa! Tsubaki! ― Me surpreendi ao vê-los. A expressão no
rosto de Subaru era idêntica à minha. Ele também não esperava que tivéssemos
“visitas” em plena discussão.
Tsubaki, ao ver a nossa
expressão de assustados, disse:
― Que caras são essas, gente?
Relaxem, só estamos de passagem ― Ele sorria de forma suspeita. Azusa emendou a
fala de nosso gêmeo, perguntando:
― Quer dizer que você se
garante, Natsume? ― Azusa insistiu para que eu confirmasse a veracidade do fato
― Claro que sim. Se não
tivesse tanta certeza do meu sentimento não perguntaria para ele ― Apontei para
Subaru, que se manteve calado, e deixou que a conversa fluísse apenas entre
nós, trigêmeos.
― Até onde vocês ouviram a
nossa conversa? Respondam francamente vocês dois ― Eu exigi, tendo consciência
de que poderiam nos esconder algo
― Só a última parte ― Azusa
começou, sinceramente. Eu os conhecia bem para saber quando estavam falando a
verdade e quando era só uma “interpretação”, por conta da habilidade que tinham
em encenar devido à profissão ― O que é mais do que suficiente para que
saibamos que você ama a Ema
Assenti, engolindo em seco
levemente, e ele continuou
― Eu vou fazer 4 pontos
Eu e Subaru arregalamos os
olhos diante daquilo.
― “Quatro pontos”? ― Subaru,
que permaneceu quieto durante minutos de debate, decidiu se pronunciar uma vez
mais ― Não existe “cesta de quatro pontos” ― Ele alegou, claramente tentando
compreender a fala de Azusa através de seu conhecimento do esporte.
― Exatamente. O “ponto extra”
é a confiança dela. Ela tem que confiar no parceiro, para que eu possa tocá-la
inteiramente, e tê-la comigo para sempre ― Azusa se justificou, nos deixando
pasmados, e quem mais ficou impressionado fui eu e Tsubaki, por convivermos
mais tempo juntos. Nunca havia dito algo tão audacioso antes ― E aposto que eu
não serei o único a tentar conseguir fazer isso ― Ele disse, na direção de
Subaru e na minha, olhando intencionalmente para Tsubaki, que confirmou a
“teoria” ao comentar:
― Conflito do Amor, hein?
Gostei ― Diz, exibindo um sorriso torto ― Também vou querer participar.
― Ei! Isso não é uma competição,
ou um game que vocês dublam ― Chamei
a atenção de meus irmãos gêmeos, com o meu olhar fixo em cada um deles
― Tem razão, Natsume. Isso não
é um game que nós dublamos. É um conflito
no qual nós somos os protagonistas. ― Declarou Azusa ― Então fiquem espetos
vocês três. ― Advertiu, com uma olhadela crítica para mim, seguido por Subaru e
Tsubaki ― Vamos ver quem conseguirá escrever a nossa “História de Amor” como o
Hikaru nii-san faz, porém... ― Ele fez um pequeno suspense antes de concluir
seu pensamento, atraindo todos os nossos olhares de uma só vez em sua direção
―.... Na vida real... e com a Ema
Eis o “Conflito do Amor” na
Família Asahina. Sua chama havia acabado de se acender, e este era só o início
de muitos conflitos entre nós, os irmãos.
Uma garota e quatro corações
dispostos a tê-la para si. Qual de nós será que ela vai escolher?
Sinceramente, espero que seja
a mim. Por quê? Porque segundo ela mesma disse certa vez, eu sou o irmão que
mais a compreendo, e modéstia à parte, isso é verdade. Eu procuro entendê-la
completamente, e a amo do fundo do coração.
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