domingo, 7 de janeiro de 2018

Terceiro Conflito: Ciúmes no Parque Aquático


Asahina Azusa
Pela tarde, nós quatro fomos para o Tokyo Summerland. A Ema estava muito animada por poder desfrutar de uma tarde ensolarada conosco. Segundo ela, fazia tempo que não vinha a um parque aquático, e acompanhada de alguém. Devido a isso, esse domingo era extraordinário a ela.
Só de vê-la contente daquele jeito já compensava meu dia. Rapidamente nos separamos, para que nos trocássemos.
Quando ela retornou, eu olhei diretamente para ela, que estava linda com aquele biquíni cor-de-rosa. Sua silhueta bem-definida, perfeitamente esbelta, se encontrava em frente aos meus olhos. Impressionei-me com seu corpo e a visão que tinha daquilo.
Logo, corei ao me pegar com aqueles pensamentos estranhos e meio obscenos, colocando a mão na boca. Não obstante, me dei conta de que Ema também estava com a face ruborizada, e tímida.
Era impressão minha ou... ela estava com os olhos fixos em mim? Para nós três, na realidade. Quem diria que uma menina tão pura me encararia, a me observar com roupas de banho! Para não constranger nem a ela e nem a mim mesmo mais do que já estávamos, resolvi mudar de assunto e chamá-la para se divertir comigo, e ela topou
― Você sabe nadar? ― Tsubaki lhe perguntou, e eu o repreendi
― Não seja rude!
Ela ri baixinho, e responde, meiga:
― Sei sim. Aprendi quando pequena, nas aulas de natação ― Ela comenta, feliz ― Só espero não ter perdido o hábito, pois precisarei de muita habilidade e disposição aqui
“Garota atlética”, cogitei, sorrindo em resposta às suas palavras
Eu realmente queria ser o primeiro a ficar com ela, que disse que entraria em uma piscina ali perto e praticar as suas habilidades. Contudo, meu gêmeo percebeu as minhas intenções desde que sutilmente lhe disse: “vamos nos divertir juntos” e não perdeu tempo em se pronunciar
― Eu te acompanho
Eu o conheço melhor do que ninguém, e dizem que gêmeos nascidos pressentem a situação uns dos outros. Esse poder estava se manifestando justamente agora. Para a Ema, aquilo provavelmente era uma “companhia entre irmãos”, mas em se tratando de Tsubaki, aquilo era apenas uma desculpa para se aproximar dela e, ele com certeza tentaria algo com ela, e se aproximaria o quanto pudesse.
Logicamente que aquilo me deixou incomodado, contudo, não me deixei abater, afinal, a aventura estava apenas começando. Eu ainda teria uma oportunidade de ouro para segurá-la, abraçá-la e conquistá-la. Ema não perde por esperar, é hoje que eu farei seu coração palpitar
Enquanto isso, fiquei observando Tsubaki e Ema. Era uma excelente oportunidade de descobrir as cartas dele. Certamente, ele notou a maneira como a menina me olhou mais cedo com roupas de banho, e a minha intuição de gêmeo afirma que Tsubaki deseja que Ema também sinta uma emoção especial por ele, assim como eu.
Esperto como só ele sabe ser, Tsubaki a convida para nadar e mergulhar com ele. Ela o faz com muita destreza, ainda que afirmasse não praticar há tempos, o que o deixou admirado, e o instigou a propor uma aposta, para ver a quão ágil e rápida ela consegue ser na piscina. Percebi também que ele queria demonstrar-lhe suas habilidades sobre as águas, chamando-lhe sua atenção.
A “aposta” era uma estratégia que encontrou para ficar perto da menina. “Corpo a corpo”, pensei, ao presenciar a cena. Estavam com o corpo colado um no outro e sutilmente a abraçou e a tocou em suas costas, deixando-a sem graça. Em dado instante uma pessoa desconhecida começa a dar em cima da Ema, no maior descaramento, elogiando sua beleza 
Tsubaki a protegeu do cidadão e lhe disse:
―  Ela está comigo! ― Tsubaki afirmou, imponente ― Então oeha como você a trata e fala com ela
O homem não se deu por vencido tão fácil, e lhe inquiriu, sem nem se importar:
― E quem é você para exigir isso? O pai dela?
― Não, eu sou o irmão mais velho dela, e ela é a pessoa mais importante para mim ― Tsubaki respondeu, confiante, atraindo vários olhares de outros turistas e gerando um pequeno falatório ao redor. Pelo menos, seu ato havia afugentado o rapaz e o clima se normalizou na piscina. Nesses momentos é que a nossa “situação familiar” nos auxilia e muito a sair de eventos constrangedores como aquele. Em contrapartida, a última parte do discurso de Tsubaki me trouxe pensamentos alarmantes: “A pessoa mais importante para todos nós você quer dizer”. Realmente, a cada passo o desafio era maior, e eu estava determinado a vencê-lo;
Após Ema se divertir (ou nem tanto) com Tsubaki e sair da piscina de onde estava, eu lhe chamei para vir junto comigo em uma das atrações do local.
― Onde você quer ir? ― Lhe indago, pacificamente
― Vamos naquele ― Ema apontou para o tobogã, e convenhamos era uma opção bastante convincente para o momento. Concordei sorridente, e de mãos dadas, fomos até aquela área. No parque, havia três opções de tobogãs, e eu escolhi entrar no do meio. O detalhe era que este é escuro, de modo que dá mais adrenalina. Ao entramos, eu disse:
― Segure-se firme!
Deixei que ela se segurasse em mim o quão forte quisesse. Carinhosamente, a abracei por trás. Tê-la em minhas mãos era a melhor sensação que eu poderia ter. Ela sentiu os meus dedos em suas costas e corou por conta disso. Admito que também corei, já que não é todo dia que sou capaz de senti-la tão de perto. Mas, ao contrário dela que estava com um misto de surpresa e susto devido à minha ação espontânea, eu estava realmente satisfeito com o momento a dois, e no escuro.
Quando escorregamos, Tsubaki já nos esperava na piscina:
― Surpresa! ― Diz, alegremente, arrancando-lhe um sorriso. ― Um homem bom é um homem molhado
“Só pode ser brincadeira!”, pensei. “meu irmão deve estar nos perseguindo”. Não é possível, alguém que estava até uns minutos atrás com ela, vir aqui e fazer uma “surpresa” dessas. É mesmo muito atrevimento vindo dele! Também chegou mais perto da menina e afagou os cabelos molhados de Ema, com a palma da mão nas costas dela. Eu pouco aprecio a cena que vejo e pigarreio forte, e Tsubaki felizmente entende isso como um sinal de que está na hora de me deixar a sós com ela. Querendo puxar conversa e ter um momento mais tranquilo e íntimo com ela, lhe ofereço, gentilmente:
― Quer tomar ou comer alguma coisa?
Estava quente e nós merecíamos nos refrescar. Como se não bastasse o calor do sol, também havia o calor humano.
― Não, obrigada ― Ela responde, delicada e grata. Percebo que ela está se contendo, mas finjo não notar. Eu ia começar um diálogo sereno com a garota ao meu lado, se não fosse pelo Natsume surgindo do nada na nossa frente, e, pelo visto, ele pensou o mesmo que eu.
― Ema, quer tomar um sorvete? ― Ele perguntou, naturalmente
― Ela disse que não está com fome ― Respondi por ela, no ato. Era verdade, e eu precisava me certificar de que eu teria um tempinho com ela. Para a minha surpresa, Ema aceitou a oferta
― Vamos sim, Natsume-san
Então, lembrei do que ela disse mais cedo em casa: “Só saio com vocês se o Natsume-san for com a gente”. Ela queria ter a companhia dele, e parece ter conseguido com êxito. Quanto a mim apenas comentei, com a voz neutra, no entanto, eu fiquei um pouco chateado por ela ter aceitado o convite de outro homem ao invés do meu.
― Ema, há dois minutos você disse que não queria nada.
Natsume, mantendo-se sério perante a mim, não colaborou nem um pouco com o meu humor ao atestar:
― Ela escolhe com quem quer comer
“E você sabe do que ela gosta?”, pensei, e então lhe acusei:
― Aposto que você não sabe o sabor predileto dela ― O meu tom se mantinha normal, para que Ema não desconfiasse de meus sentimentos. Não queria que ela pensasse que eu sou o tipo de homem possessivo, porque isso eu não sou. Mas, tente entender, caro leitor, é horrível ver a garota da minha vida com outro, especialmente quando se trata de alguém com quem tenho intimidade, no caso, Natsume.
― Sei sim ― Afirmou ― Chocolate ― Seu tom ainda continuava normal, o que me deixou intrigado. Seu modo de agir e falar eram tão certeiros e autoconfiantes que chegava a me incomodar
― Como vocês sabem disso? ― Ema questiona, ingenuamente
― A gente presta atenção em quem gosta ― Eu lhe digo, fazendo charme, com sutileza na voz, e Ema enrubesce, enquanto Natsume permanece sério, com a expressão inalterada, e calado.  
Eu estava com ciúmes do meu irmão com a garota que eu amo.
E eu faria algo a respeito

(...) Quando Ema chegou com Natsume, eu comentei com a garota:
― Como estava o sorvete?
― Uma delícia! ― Ela disse, contentíssima, e me arrancou um sorriso de leve também. A alegria que vem dela deixa tudo melhor. ― Obrigada, Natsume-san ― Ela o agradeceu, amável
― Não há de que ― Foi a breve resposta dele.
Eu não sou o tipo de homem impulsivo na maior parte do tempo, e quero que Ema continue a me enxergar como sempre me viu. Uma pessoa compreensiva, gentil, prestativa e amorosa. Mas tudo na vida tem limites, até mesmo a generosidade de alguém, e eu havia chegado a tal ponto. Não estava mais aguentando ver meus irmãos com ela, e a situação só estava se agravando mais. Queria provar os meus reais sentimentos para ela, sem mencionar que aquele era o momento perfeito para deixar as coisas esquentarem e desvendar as emoções ocultas do Natsume. Assim, peguei Ema pelo braço, e a puxei para próximo de mim. Ao pé do seu ouvido, sussurrei:
― Só porque me desacatou, vai receber uma punição
Ela tremeu, uma vez que nunca tinha escutado e nem esperava que eu disse algo tão áspero para ela. Já Natsume, parece ter escutado as minhas palavras, porque sua expressão facial tornou-se séria em questão de segundos
― O que você quer dizer com isso? ― Ela indaga, baixinho, e sem entender
Já em um tom normal, eu lhe respondo, olhando fixamente para ela.
― Você escolheu a oferta do Natsume ao invés da minha
― Ah... ― Ela murmurou, como quem acaba de entender a mensagem ― Então, o que eu vou receber? ― Questiona ela, dócil, explicitamente temerosa com o que viria pela frente.
― Isso ― Lhe respondi, tocando em seu pescoço e dando um beijo na boca, que começou de forma leve e se tornou intenso e enérgico, desesperador, deixando-nos em estado de excitação. Tocar seus lábios era um alívio para mim, sendo a maneira mais eficaz de revelar-lhe o meu sincero coração. Como já dizia Lewis Carroll: “A melhor forma de explicar, é fazer”, e o amor se concentra nisso, porque ama, é na prática e no toque. Agora, só que me faltava era ela acreditar em mim e em meus atos
Quanto ao Natsume, este me deteve, atordoado, afastando-me da Ema
 ― Azusa, solte-a! ― Ele ordenou, alterado ― Você ficou louco? Beijando ela à força dessa maneira! E os sentimentos dela? ― Ele inquiriu, bravo, vendo que a garota estava claramente envergonhada e desconfortável. Eu também fiquei meio desconsertado, afinal estávamos num parque cheio de pessoas desconhecidas, o que gera certa insegurança por dentro. Também sabia que deveria levar em conta as emoções da Ema, mas diante do meu próprio estado de espírito e das minhas circunstâncias, incapaz de suportar por mais tempo, criei coragem para enfrentá-lo a ponto de lhe dizer:
― O que importa agora são os meus sentimentos ― Proferi, decidido
― Você e o Tsubaki trocaram de cérebro por acaso? ― Natsume perguntou, sabendo que eu sempre fui mais contido e reservado, ao contrário de Tsubaki, cuja personalidade é mais extrovertida.
Eu rio fraco, e respondo:
― Não se trata disso. Eu só quero que as pessoas saibam do meu amor por ela, especialmente você
Ema ouviu a confissão ficou incrédula do que havia acabado de acontecer, e altamente corada, da cor de um pimentão.
Inteligente, e conhecedor indiscutível da minha personalidade, Natsume me pergunta, arqueando as sobrancelhas:
― Você está tentando me testar?
― Acertou. Eu queria saber até onde você iria pela Ema
― Agora já sabe. Por ela eu sou capaz de tudo, incluindo te impedir de ir além da conta.
Eu nada respondi a ele, apenas o olhei de canto. “Interessante”
Aquela nossa conversa gerou altas fofocas entre os turistas do parque, que queriam entender o que estava ocorrendo entre nós. Ouvia-se comentários do tipo:
― O que está acontecendo ali? É um triângulo amoroso? ― Questionava uma jovem, um pouco mais velha do que a Ema, sussurrando para suas amigas, e uma delas lhe devolveu:
― Triângulo? Aquilo tá mais para um “quadrado amoroso”. Olhe bem, aquela não é a garota que estava com outro rapaz em uma piscina? ― A desconhecida comenta, apontando na direção de Ema, se recordando do incidente com Tsubaki mais cedo.
“Que ótimo, hein! Essa é a Família Asahina arrasando no parque aquático”
Da parte de Ema, como eu já imaginava, ela me perguntou o motivo daquilo, depois de trocar olhares intensos com Natsume e comigo.
― Ema, quero que me olhe como um homem. A partir de agora, não serei mais seu irmão mais velho, vou te tratar como um homem faz, e espero que você aceite a minha decisão.
Eu não mudaria de ideia, e Ema já estava mais do que avisada. Só me restava torcer para que ela me compreendesse como eu desejo.

Hinata Ema
“Não serei mais seu irmão mais velho”. Aquelas palavras realmente me pegaram de surpresa, contudo, agora, tudo fazia mais sentido. É por isso que os trigêmeos que se dão tão bem, estavam brigando e agindo de maneira incomum. Estranhei o comportamento dele desde que chegamos aqui, principalmente o do Azusa-san, que no dia a dia costuma ser amável, e, todavia, nesta tarde pareceu-me que estava mais enérgico ao agir perante aos outros dois, e, enfim, descobri o porquê
Ele também me abraçou bem forte e, estranhamente eu me senti tranquila.
De certa maneira, é por isso que eu gosto de ficar mais perto dele e de falar com ele. Azusa-san me passa uma calmaria que só ele possui, e sinto-me aliviada e confortável em sua companhia. Suas mãos são macias, e sua voz agradável deixando o abraço mais suave. Eu ouço a voz dele constantemente, mas era bem melhor presenciar ao vivo e a cores, e, no pé do meu ouvido, seu tom me causava uma sensação diferente, me deixando arrepiada e fazendo meu coração bater rapidamente
Tsubaki-san parecia normal já Natsume-san parecia mais quieto e reservado do que o normal, quase não nos vimos nesse parque, porque ele decidiu ficar em outra área na maior parte do tempo.
Ir a um parque aquático em família era um sonho realizado, uma vez que faz anos que não venho num lugar como esse, sendo que das últimas vezes, fui acompanhada de minhas amigas da escola, porque meu pai estava extremamente ocupado viajando a trabalho. Eu sempre compreendi os seus deveres e nunca reclamei, pois sabia que Rintarou-san sempre foi um pai muito zeloso, e me ama mutuamente. Para mim, é isso que importa
No que diz respeito aos meus irmãos, eu gosto bastante deles, pela forma de se expressarem e pela generosidade que eles têm comigo. E, se havia um ponto positivo em ter lhes oferecido esse passeio foi que nessa tarde eu pude testemunhar o sentimento de cada um dos três, e também, sentir emoções mais intensas, quando se aproximavam de mim.
“A gente presta atenção em quem gosta” essas palavras ressoavam na minha cabeça. Meu instinto me alertava que a frase não se resumia apenas ao fato de saber minhas preferências ou gostos, mas sim, observar-me de forma geral.
O charme com o qual ele falou a frase, era na verdade, o principal motivo de aquilo permanecer na minha mente; eu nunca havia visto ele falar assim antes, já que em nosso dia a dia ele sempre se pronuncia de forma neutra e angelical. De repente, me dou conta de que a tal frase também se aplica a mim: se algo tão minucioso como a maneira diferenciada de ele falar comigo me deixou mexida, é porque algum sentimento especial ele me traz, e por mais difícil que seja para eu conseguir explicar o que exatamente meu coração diz, com meras palavras, eu tenho consciência de que algo único, uma emoção que somente Asahina Azusa pode me causar. 
Ademais, aquele beijo me fez arrepiar: começou lento, e depois tornou-se avassalador, como alguém em desespero para encontrar os meus lábios. Admito que me senti bem com isso, no entanto, me concedia uma sensação bastante diferente de quando Natsume-san me beijou em seu apartamento, à 1:30 da madrugada, quando passei a noite por lá.
Ambos me deixavam tranquila, porém, quanto mais eu pensava no assunto, mais confusa eu ficava. Estava cada vez mais difícil escolher a minha pessoa especial.
Com tantas informações e sentimentos diversos à tona com os trigêmeos, tendo o meu coração aceleradamente indeciso, decidi que necessitava de um descanso, relaxando um pouco sozinha. O lugar ideal para fazê-lo eram as saunas, de modo que quando estavam os três reunidos na mesma área, eu aproveitei para lhes avisar onde iria.
― Vou à sauna
Eles assentiram e eu fui em direção ao local. A sensação de estar em uma água quente era tão boa e calmante que eu nem vi o tempo passar, e mal sabia eu que isso ainda faria três cavalheiros ficarem imensamente preocupados comigo.

Asahina Azusa
A Ema disse que ficaria nas saunas. De início, nós ficamos tranquilos, no entanto, ao se passar uns minutos, Tsubaki vem correndo em frente às saunas, procurando por ela, e esbarra comigo
― Você também está aqui?
― Eu te pergunto o mesmo. Estou preocupado com a Ema
― Acho que daqui a cinco minutos ela deve sair ― Digo, na tentativa de nos acalmarmos
Cinco minutos contados no relógio se passaram, e nada da Ema. Saíam todo tipo de mulheres, menos ela. Começamos a perguntar pela Ema para as pessoas que estavam de saída, descrevendo suas características físicas e perguntando se alguém a viu. As garotas que de lá saíam alegavam não ter visto nenhuma adolescente com as características dela.
Continuamos perguntando por ela, sem sucesso. Mais dez minutos se passaram e nada de ela aparecer. Começamos a entrar em pânico, pensando no que poderia ter acontecido a ela.
Justo nesse momento, Natsume surgiu bem em nossa frente.
― Natsume!
― Vocês estão com uma cara... ― Ele analisou ― O que aconteceu? Digam! ― Exigiu
― A Ema. Ela não voltou até agora das saunas, e isso já faz uns 15 minutos
― O quê?
― Eu vou encontrá-la ― Ele disse, determinado, e entrou no local, escancarando a porta e nós o seguimos, de tão preocupados que estávamos com ela. Obviamente que a nossa aparição repentina na sauna feminina, assustou as poucas turistas ali presentes, que arregalaram os olhos, espantadas.
Encontramos a Ema em um canto da sauna, sozinha, e por isso era difícil visualizá-la. Quando a encontramos, ela estava desmaiada e sem forças. Natsume a tocou, e percebeu que a menina se encontrava pálida e com dificuldade de respirar. Muito provavelmente sua pressão havia abaixado
― De qualquer forma, vamos tirá-la daqui ― Natsume nos disse, e concordamos brevemente. Ele se prontificou de tirá-la da sauna o mais rápido que pode, carregando-a em suas costas
― Natsume-san... ― Ela murmurou o nome dele, provavelmente depois de sentir suas grandes mãos. Pelo menos, sabíamos que ela estava consciente, o que já nos aliviava bastante. Ema prontamente chegou a uma área externa do parque para que pudesse respirar melhor, e no mesmo instante, acionamos a enfermaria do local, que disse que nos acolheria prontamente
Seguimos prontamente à enfermaria, e a doutora questionou à Ema – que já se sentia um pouco melhor – se ela havia se alimentado
― Tomei apenas um sorvete essa tarde, e não comi nada mais. Não posso comer muito quando vou a parques ou lugares com muita adrenalina, pois passo mal.
― Compreendo ― A médica falou, zelosa, e em seguida alterou para um tom de advertência ― Mas você precisa se alimentar adequadamente para o seu bem-estar e saúde. Você ficou desnutrida, o que a fragilizou. E segundo eu a examinei agora, sua pressão abaixou
Bingo, acertei. Ema sofria de pressão baixa vez ou outra, não é de hoje. Já presenciamos em outras ocasiões nas quais ela estava submetida à fortes emoções, por exemplo, na viagem em família. Parte da culpa era nossa, já que fizemos ela se emocionar mais do que deveria. Me certificaria de cuidar dela até que se recuperasse.
― Certifique-se de se alimentar bem e de repousar ― Recomendou a médica, olhando para Ema e depois para nós três ― Você deixou seus acompanhantes muito preocupados, senhorita.
“Acompanhantes”. Quem diria. Geralmente dizem: “Você deixou a sua família preocupada”, mas a mulher nos chamou só de “acompanhantes”, me fazendo sorrir
― Não se preocupe, ela será bem cuidada. Um de nossos irmãos é médico, e nós estaremos atentos a ela para que se recupere devidamente ― Declarei para a mulher que sorriu.
Em seguida, foi a vez de Ema se pronunciar:
― Pessoal, desculpem fazê-los preocupar
― Não há nada que se desculpar ― Disse a ela, docemente ― Todos estamos aqui para te proteger
― A sua saúde é o mais importante ― Natsume se manifestou, sério, contudo ele estava realmente contente por ter sido só um susto
― E você precisa de muita energia pela frente ainda! ― Tsubaki a encorajou, à sua maneira
Ela nos agradeceu com um sorriso de ponta a ponta e em seu rosto, e com palavras ternas, como de costume, da forma que nós aprendemos a amar

(...) Chegando em casa, ela cumprimentou nossos irmãos fracamente:
― Olá para vocês
Todos a estranharam, por vê-la tão sem energia. Expliquei o acontecido para o Masaomi nii-san que garantiu cuidar dela, e eu lhe disse que também a acompanharia
― Ema você... ― Subaru começou, no entanto, o que quer que ele quisesse lhe falar, foi cortado pela própria, com uma frase que nenhum de nós da família esperávamos ouvir de sua boca:
― Será que podemos falar outra hora? Não quero saber mais de homens por hoje.
Ficamos impressionados com sua fala. Eu insisti para que a acompanhasse até o seu quarto, mas ela recusou, dizendo que estava bem o suficiente para caminhar sozinha até o local. Não querendo discutir com ela, apenas abri um sorriso tímido, para tentar animá-la e lhe disse que a veria mais tarde
Os demais apenas encararam a nós três, e por incrível que pareça, o primeiro a quebrar o silêncio entre nós foi o caçula:
― O que aconteceu com a Onee-chan? Ela não cumprimentou a gente do jeito alegre que ela faz todo dia ― Wataru estava com a carinha triste
― Ela só deve estar cansada ― Masaomi nii-san disse, tentando poupar e consolar o menor, e, todavia, ele não se convenceu daquilo e continuou com a expressão tristonha. Então, foi a vez de Fuuto opinar:
― Esquece, Masa-nii. O Wataru é pequeno, mas não é bobo! Até ele já notou que tem alguma coisa errada acontecendo aqui, depois daquilo que a Nee-san falou.
― Até que enfim você disse algo que preste, hein, Fuuto? ― Yuusuke o provocou, levando um olhar de reprovação vindo de Ukyou, o qual pigarreou forte e fuzilou o mais novo, que se calou no mesmo instante.
Fuuto não se deixou abalar por aquele comentário e tomou a palavra. Olhou para nós três fixamente e nos perguntou, diretamente:
― Tem a ver com vocês, não tem?
― Tem sim ― Afirmei de forma serena e ao mesmo tempo, firme.
― Essa história está ficando interessante.... ― Comentou Hikaru nii-san, que já devia estar imaginando coisas que nem existem, de tanto que ele acha inspiração em cada “caso” do dia a dia. Nem precisa ser um crime, qualquer reviravolta ou acontecimento inesperado é de extremo interesse para ele, inclusive o incidente envolvendo Ema, a quem ele se refere como Imouto-chan ― Comecem a contar ― pediu ele.
Se de um lado havia alguém interessado no ocorrido, de outro, havia alguém que sempre tinha a língua afiada
― É melhor vocês contarem logo o que aconteceu com a Nee-san ― Fuuto exigiu de nós ― Só que pra ela estar acabada daquele jeito.... ― Começou de forma neutra, e em seguida elevou a voz: ― Ah, fala sério! Vocês não sabem mesmo lidar com mulheres!
Aquilo me intrigou. Desde quando o Fuuto fala sobre mulheres? Será que ele sabe mesmo lidar com garotas? Os demais irmãos deviam estar se perguntando a mesma coisa, pois também ficaram explicitamente espantados com o comentário dele.
O fato é que agora, não havia saída. Tínhamos que contar os motivos principais para o esclarecimento de todos, ou o “Interrogatório Asahina” nunca terminaria. Aliás, ele estava prestes a começar.

Resultado do plano: Hinata Ema não quer saber de homens até, pelo menos, amanhã de manhã. Vou precisar de bastante paciência, mas nada que uma aproximação sutil não resolva. Pelo menos eu já lhe disse o que eu sinto, e isso já me deixa 100% satisfeito apesar de tudo que passamos
Status do “Conflito do Amor”: Mais intenso do que nunca, porque conflitante mesmo, está o meu coração nesse exato instante

Nenhum comentário:

Postar um comentário