Arco 1 – Voltando ao tempo
Capítulo 1
Eu o
amo, eu o amo muito, eu não posso evitar senão amá-lo
Essa
única emoção, um dia ao logo desta trilha, eu a esqueci
Mas,
eu me lembrei apenas disso: nos dias remotos, eu guardei esse sentimento
Ah, está acontecendo novamente
Quando
eu o vi se apaixonar frente aos meus olhos, eu tive um vago pensamento. Devido
ao fato de que ele estava mantendo uma inexpressiva face, de imediato o seu
espanto não pode ser percebido.
No
entanto, em seus olhos que nunca estavam preenchidos por emoções, como se
fossem feitos de um fino gelo, certamente não havia dúvida alguma de que algo havia
se estabelecido
Para
mim, foi um fato que eu entendi bem claramente.
No fim, eu havia
desperdiçado um longo tempo, durante mais de dez anos com ele.
Sem
falar de forma minuciosa, nós passamos uma época mais terrível e mais longa
juntos. Como agora, esta cena tem aparecido várias vezes mais. A “eu” do
passado costumava se desesperar a cada vez. E, a cada vez, ela dizia a si mesma
que uma coisa daquelas não poderia acontecer
— É um prazer conhecê-lo, Onii-sama — Sorrindo docemente,
minha irmã mais nova, de uma mãe diferente da minha, apresentou-se com sua
amável voz.
Essa
festa do chá era uma ocasião preparada para apresentar minha irmã mais nova ao
meu prometido. Esta oportunidade foi conquistada pela minha irmãzinha que
estava doente e ainda precisava ser apresentada formalmente
— Prazer em te conhecer também, Imouto. No entanto, ainda
não é cedo demais para me chamar de “Onii-sama”?
A
prazerosa voz do meu prometido alcançou meus ouvidos. Era a mesma voz de sempre.
Entretanto, havia algo diferente nela.
Os
dois estavam se entreolhando, e eu, que estava sentada ao lado deles, não tive
escolha senão observá-los: Minha bela irmã mais nova com suas bochechas
coradas. Meu prometido admirou sua aparência com uma olhadela sincera.
A
“eu” do passado estava tomada pela ciúme e arruinou a festa.
Em
contraste a mim, que havia berrado e delirado, a minha gentil e inocente
irmãzinha abaixou a cabeça e se desculpou:
— Desculpe-me, Onee-sama
— Não há nada com que se desculpar
Meu
prometido a tranquilizou com uma expressão terna e sorridente, que eu ainda
lembro até hoje. No final, devido ao fato de que o meu ciúmes inadvertidamente
foi o gatilho que encurtou a distância entre eles, isso fez-me sentir sem graça
e idiota.
— Ilya, algum problema?
Para
mim que estava distraidamente olhando para as duas pessoas, que estavam
aprofundando a intimidade entre si, meu prometido lançou um olhar inquisitivo.
— Não, nada. Apenas sinto-me um pouco indisposta.
— O quê? De novo?
— Sim. Por isso... estaria bem para ti se eu me retirasse
primeiro?
Quando
lhe disse isso, meu prometido levemente ergueu as sobrancelhas. Ele
silenciosamente parecia dizer: “Você não
pode pelo menos aguentar um pouco mais?”. Àquilo eu respondi com sorriso e
levantei-me tão vagarosamente quanto possível. Nunca os deixem perceber que
você está desapontada.
Eu
sabia que seria impossível para o meu prometido acreditar em uma justificativa
como “sentir-se desapontada”. Quem tinha o corpo frágil não era eu, mas a minha
irmãzinha. Minha irmãzinha com seu delicado, efêmero e fraco corpo. Minha
irmãzinha que aflorava nas pessoas o merecimento de proteção e que era amada
por todos.
— Espere, Ilya! Eu te escoltarei de volta ao teu quarto. — Através de mim, vinda
de alguém que já havia começado a caminhar, uma voz ressoou.
— Não, não há necessidade para tal. Esta é a tão esperada
festa do chá. Dê teu tempo e aproveite-a.
A
fim de não ver seu rosto, eu suavemente desviei meu campo de visão, mas
cuidadosamente lhe respondi, de maneira a não demonstrar desagrado algum.
— Não, mas ainda assim... — Meu prometido contrapôs mais veementemente ainda, e, como
sempre, bastante sério e honesto
“Eu sei que você está tentando agir como
um legítimo prometido”
— Eu tenho um guarda. Você não precisa se preocupar.
Eu
lancei uma piscadela ao guarda que permanecia ao lado. Ele capitou a minha
mensagem e se movimento para obstruir o campo de visão do meu prometido. Meu
astuto guarda provavelmente percebeu que eu queria retornar ao meu quarto tão
logo quanto possível.
Mas
não havia necessidade de se movimentar. Não havia necessidade de obstruir-me de
seu campo de visão. Meu prometido não estava mais olhando para mim. Porque seu
coração já estava ao lado de minha irmãzinha.
Meus
pés estavam soando um barulho esmagador à medida em que estava pisando na
grama. As rosas no extenso jardim estavam todas completamente desabrochadas.
Uma gentil asa estava voando, um claro céu azul estava se expandindo tão longe
quanto os olhos poderiam enxergar. Estes cenários que eu vi inúmeras vezes, me
fizeram sentir patética.
Queria
saber se é por causa que minha “eu” do passado estava chorando quando as viu?
Estava
eu chorando porque ansiava pelo meu prometido? Porque eu amava aquela pessoa?
Uma
vez mais, isso se repete. Esse momento que nunca acaba
Eu
era um ser humano que, por alguma obra do destino, continua retornando ao mesmo
momento.
Algumas
pessoas chamariam isso de “reencarnação”, e outras, diriam apenas que é um “a
volta no tempo”. Para mim, eu não sei o significado que esse período possui. Em
primeiro lugar, eu não sei nem se existe um significado ou não. Eu apenas
continuo voltando para o mesmo momento.
É
sempre o mesmo instante. Isso começa quando ele se apaixona pela minha irmã
mais nova e termina até eu morrer. Se eu devo lembrar das minhas vidas
passadas, então lembrar do momento em que eu nasci deve ter sido bom. Desta
forma, eu não cometeria erros quando estivesse lidando com o meu prometido.
Mas
o momento do qual eu lembro, é sempre o mesmo. É sempre a festa do chá. Àquela
hora, já era tarde demais. Entre mim e meu prometido, uma lacuna que não pode
ser preenchida se instalou, tornando a situação impossível de ser revertida. E,
finalmente, inevitavelmente, ele se apaixona pela minha irmã mais nova.
Em
minha “primeira vida”, eu gostei do meu prometido ao ponto de ficar loucamente
triste. Desde a primeira vez que o conheci, quando eu tinha cinco anos, eu
tinha olhos somente para ele. Por exemplo, mesmo se fosse um casamento
político, eu nunca duvidaria da minha crença de que um dia o coração dele se
aqueceria e nós construiríamos uma família. Porque esse havia sido o caso dos
meus pais.
Contudo,
ele era da família de um marquês e tinha muitas expectativas em relação ao seu
futuro. Nesse sentido, mesmo que eu fosse a sua prometida, eu não tinha
permissão para aproximar-me dele indelicadamente.
Em
nosso país, há diferentes pariatos, e, para além disso, estes ainda são
divididos em mais cinco classificações da Corte. Quanto mais a posição aumenta,
mais o número de pessoas que possuem o título, diminui. A família de marqueses
dele está em primeiro lugar, enquanto a minha família de contes, está em
terceiro.
Entre
as poucas casas de marqueses, a dele permanece no topo, enquanto entre os
inúmeros condados, o meu é mediano.
Apenas
em temos de ranks da Corte, nós estamos separados por oito classificações.
Ainda
que a minha família possuísse inúmeros ativos financeiros, e uma longa
história, mesmo assim, eu fui submetida a fofocas maliciosas, pois, de um jeito
ou de outro, eu estava comprometida com ele, de cujo status familiar eu não era compatível.
Quanto
ao motivo de uma inadequada e ele nos tornarmos comprometidos, pode-se somente
dizer que simplesmente aconteceu por uma coincidência. Originalmente, ele tinha
outra prometida, mas aquela jovem mulher, após vários desde que o noivado foi
feito, contraiu uma doença e passou desta para melhor.
Por
causa disso, e como aconteceu de nossos pais tornarem-se amigos, e aconteceu de
que eu tinha uma idade próxima a dele, enquanto que eu estava sem um prometido,
nós ficamos noivos.
De
repente, foi-me atribuída a grande pressão de inesperadamente me tornar a noiva
do filho de um marquês. Devido ao fato de que eu me apaixonei por ele, eu
estava desesperada para que, de uma maneira ou de outra aquilo se tornasse uma
união apropriada para ele, mas eu sabia que isso não era suficiente.
Aconteceu
de eu ter sido escolhida, no entanto, eu estava sempre ansiosa com o fato de
que haviam damas muito mais apropriadas. Não importava o quanto eu me
esforçasse, eu nunca poderia fazer algo a respeito de minha aparência. Por
exemplo, quando eu me visto, mesmo se ficasse bonita, se o material de origem é
ruim, há um limite, não importa o que seja feito. Por outro lado, aglomeradas
ao redor dele, haviam muitas jovens garotas com as faces e fisionomias
atraentes, que, de forma nenhuma, eu poderia superar.
Por
isso, eu monitorei a mulher que se aproximou dele:
...Certo.
Desta forma, a minha primeira vida estava conectada a ele.
Eu
sabia que o coração dele não pertencia a mim. Ainda assim, eu esperava que,
casando-me com ele e morando juntos na mesma casa, a afeição dele por mim
cresceria.
Entretanto,
no momento em que ele conheceu a minha irmãzinha, eu compreendi que tudo aquilo
era um desejo que não se tornaria realidade.
O
tempo não tinha nada a ver com isso. Em um mero instante, ele se apaixonou pela
minha irmã mais nova.
Eu
apenas podia observar isso acontecer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário