[POV do Allen]
Uma
pessoa repentinamente entrou no quarto.
—
Muito cansada — Disse uma voz feminina.
Eu
olho para os seus pés e vejo que eles não são pequenos. Tenho certeza que essa
não é garotinha Jessica.
—
Tenho saudade desse lugar! Tenho certeza que nada mudou.
Deitada
na cama, ela se levantou e deu a volta por todo o quarto. Eu espiei do lado de
fora e vi que ela foi em direção à mesa de estudos da Jéssica e tocou nas
coisas da Jessica.
—
Como ousa tocar nas coisas da Jéssica!
—
Elas ainda estão aqui. As memórias da minha infância — A mulher sussurrou.
Ela
estava de costas para mim. Do meu ponto de vista, eu pude ver que ela tinha
cabelos longos, enquanto usava jaqueta jeans. Não demorou para que eu a visse
tirar a sua jaqueta. E ela jogou aquilo que “devia ficar na cama”
Já
que eu estava de costas para ela, aquilo atingiu a minha cara.
—
Ouch! — Eu praguejei, e imediatamente me escondi quando ela se virou.
—
Quem é? — Ela disse, em choque.
Essa
foi por pouco. Isso me deixa nervoso. O que ela está fazendo, e se intrometendo
nas coisas dos outros?
Ela
é a nova inquilina que vai morar aqui? Jessica realmente não vai voltar?
A
noite chegou e ela caiu no sono. Eu sai para ver o rosto dela claramente. A luz
da lua ilumina a escuridão do quarto. Brilha em seu rosto, enquanto ela dorme
profundamente.
—
Ela é linda. — Eu sussurro enquanto deixo minha cabeça próximo do rosto dela
para observá-la mais de perto.
Ela
tem cílios longos, nariz pontudo e lábios beijáveis. Eu não sei o que deu em
mim para eu querer tanto me aproximar dela desde que ela acordou.
—
Quem é você? — Ela chorou.
Eu
gesticulei para ela manter sua calma, mas de repente sua voz se tornou mais
alta.
—
Você é um pervertido! Um estuprador! — Ela queria gritar, então eu me
movimentei. Eu tapei a boca dela utilizando a minha mão, mas ela me mordeu.
Ela
intoleravelmente me mordeu! Que boca!
—
Ouch! — Eu gritei
—
Ajuda! Ajuda! — Ela berrou.
—
Cale a boca! — Eu lhe disse
—
Suma! — Ela insistiu.
—
Garota maldita, você é a única que deve sair! Esse quarto é da Jessica, não seu.
—
Você me conhece?
—
Eu estou falando da Jessica, não de você
—
Jessica e eu somos a mesma pessoa, porque eu sou ela, seu idiota!
Eu
me surpreendi com a repentina revelação. Mas não pode ser. Jessica é apenas uma
criança.
—
Vo... Você parece familiar. — Ela gaguejou enquanto vagarosamente caminhava em
minha direção.
Eu
voei para longe dela. Eu não posso acreditar nela!
Eu
a vi caminhando em direção à mesa de estudos da Jessica e parecia que ela
estava agarrando alguma coisa. Eu enrijeci porque ela estava abraçando um
desenho da Jessica, de mim mesmo.
—
Não toque nisso! Isso é meu! — Eu estava falando com ela, querendo pegar o
papel.
—
Isso é meu — Ela disse, enquanto tentava evitar que o papel fosse parar em
minhas curiosas mãos. — Então, você é real. Na verdade, você é real, certo? — Sua voz
repentinamente se tornou inexpressiva enquanto estava dizendo aquilo e eu podia
ver brilhantes lágrimas em seus olhos.
—
Está se referindo a mim? — Eu perguntei.
—
Você é real, de verdade! — Ela repentinamente pulou e me abraçou — Você não é
apenas um sonho ou imaginação. Não é como eles disseram — Ela acrescentou.
—
Jes…Jessica?! — Eu perguntei. Eu apenas queria ter certeza e esclarecer o que estava
confuso em minha mente.
—
Sim, sou eu. Se lembra? — Ela falou para mim, sorrindo, enquanto suas lágrimas
vagarosamente se derramavam em seu adorável rosto.
[POV da Jessica]
—
Você nunca mudou — Eu disse a ele. Ainda não conseguia acreditar que aquilo
estava acontecendo.
—
É realmente você, Jessica? — Ele parecia uma criança perdida.
—
Sim, sou eu. — Eu sorri e o abracei.
—
Você mudou muito.
—
Hmmm... Muitos anos se passaram — Eu expliquei rapidamente, querendo aproveitar
o momento.
—
Por que você não voltou?
—
Depois de um mês meus pais decidiram ficar na América de vez. Eu pedi para eles
para voltar por sua causa, porém eles rejeitaram a ideia — Eu expliquei.
—
Então você não voltou?
—
Eu tentei. Eu contei para eles sobre você, mas eles não acreditaram em mim. Eles
me disseram que você era só um amigo imaginário que eu tinha até me acostumar
com a cidade e disseram para eu te esquecer. Eu estou realmente arrependida —
Me desculpei.
Eu
pude ver em seus olhos que ele acreditava em mim e entendi tudo o que havia
acontecido.
—
Como está? — Perguntei.
—
Continuo o mesmo.
—
Eu sei. — E ri.
—
Por que? — Ele me indagou de forma questionadora, talvez porque eu ri.
—
Nada. É só que eu lembrei que eu tinha um crush por você e a coisa mais louca
que eu fiz foi te beijar. Você é meu primeiro beijo!
—
Eu lembro. Na verdade, você queria ser minha namorada. — Ele riu, com a
repentina lembrança.
Eu
não respondi. Pensar naquelas coisas que eu fiz no passado se tornava
inconveniente nesses momentos. Eu já sou uma adulta, uma mulher completamente
crescida.
Eu
o observei com absoluta atenção: ele está dando risada, e nada mudou. Ele não
envelheceu. Ele ainda tem aquela aparência linda que me fez ficar louca por ele
desde que eu era criança.
—
Nós ficaremos aqui definitivamente e continuar a minha universidade no país. —
Eu lhe disse.
—
Sim, isso é bom. Sinto sua falta, Jessica.
—
Eu gosto do jeito que você me chama de “Jessica” — Digo isso com um sorriso em
meu rosto.
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