sábado, 30 de janeiro de 2021

[Primeiras Impressões] Mokomi: Kanojo Chotto Hen Dakedo – Episódio 1

 

Desde que eu li a sinopse deste drama, fiquei interessada por se tratar de um tema diferenciado e delicado, que envolvem temas com os quais podemos nos identificar, por ter em seu cenário principal, a família.

A roteirista deste drama é a mesma que adaptou Familiar Wife / Shitteru Wife, de forma que eu estava ansiosa para assistir outra obra dela, também com temática familiar, só que com enfoque distinto; desta vez o foco maior se dá pelos entes precisarem entender a protagonista Mokomi, inclusive sua mãe Chikako (Tomita Yasuko), com quem parece ter maiores conflitos.

Shimizu Mokomi (Koshiba Fuka), aparentemente possui um transtorno neurológico – mas posso estar errada –, no qual ela pode identificar sentimentos de seres inanimados e até mesmo conversar com eles. Por conta dessa “habilidade especial”, desde criança ela foi tida como “mentirosa” e “estranha”, ou “aquela que fala coisas bizarras”, por ser colegas e até por sua mãe, uma vez que ninguém acreditava que algo desse tipo pudesse realmente existir – Chikako ainda não acredita, mesmo após uma década e meia.

Por conta dos acontecimentos, Mokomi parou de frequentar a escola, se tornou alguém completamente fechada, sem interações sociais a não ser sua própria família, motivo pelo qual a Sra. Shimizu teme que sua filha volte a ser uma reclusa novamente, como aconteceu, no passado, depois de ouvir que ela tirou folga do trabalho.

O que ela não sabe, é que a tristeza de Mokomi se deve às palavras que ela lhe disse mais cedo: “não dê trabalho na fábrica”. Qualquer um ficaria extremamente chateado se escutasse que você é um incômodo para os outros, e que suas ações, por melhores que sejam as intenções, são desnecessárias. Me identifiquei muito com o sentimento da protagonista, pois já tive que lidar com situações parecidas, em que pessoas desinformadas a respeito do meu quadro clínico, pensavam que eu incomodaria ou atrapalharia alguém. Em virtude disso, eu aprendi a ficar sempre quieta no meu canto, para não dar trabalho a ninguém. É completamente compreensível a atitude da protagonista, pois, depois de tanto escutar comentários desagradáveis e ser desprezada, é natural preferirmos nos fechar do que continuar ouvindo isto constantemente e se machucar mais ainda por dentro, a cada dia. Assim, a maneira que encontramos de nos proteger destas circunstâncias, é se isolar.

Podemos resumir este pensamento em um famoso ditado popular: “melhor sozinho do que mal acompanhado”. 

No caso da protagonista é ainda pior, uma vez que nem dentro de casa ela consegue ter paz, já que sua mãe não a aceita como ela é, enxergando a garota como alguém “anormal”, por não ter conhecimento suficiente sobre o que se trata este distúrbio. Não é à toa que Mokomi preferiu passar o dia do seu aniversário inteiro trancada em seu quarto: era uma maneira de permanecer longe de quem não a compreende.

E o pior e mais deprimente tipo de preconceito e incompreensão, acontece quando ele vem de nossos parentes e/ou de pessoas muito próximas a nós. Em determinados momentos da minha vida, já passei por algo similar, só que ao invés de “a estranha”, eu era “a coitada”.

Contudo, no meu caso, não era a minha mãe que me chateava – ela sempre me acompanhou em tudo – mas, sim, a minha avó paterna. “A coitadinha da minha neta”, e frases do mesmo feitio foi o que eu precisei suportar inúmeras vezes. – além de tudo que tive que ouvir das outras pessoas.

E, não! Eu não sou uma coitada, nem a Mokomi é bizarra. Apenas temos algo especial que, pessoas que se pautam simplesmente pelo chamado “senso comum” não são capazes de enxergar com bons olhos. E, para completar este raciocínio eu digo que nossa condição não determina quem somos, nem nos limita a nada, porque limitados mesmo são os que rotulam os outros, sem saber a fundo do que se trata e o porquê de existir uma característica diferente em nós.

Por isto, eu lhes recomendo: busquem informação, pois a desinformação gera o preconceito, e este, por sua vez, dá origem à depressão, à solidão e ao isolamento. E não estou aqui para me vitimizar, uma vez que detesto isto. Não sou uma vitima da sociedade, até porque o preconceito não é algo generalizado e nem se encontra em uma cidade ou país inteiro. Ele está inserido nas pessoas que julgam demais os outros, e menos a si mesmos. Se você deseja que alguém tenha uma vida social normal, então demonstre isto com atitudes verdadeiras e sadias, ao invés de dizer palavras duras, insinuando que ela é um estorvo para aqueles que a cercam.

Mude seu modo de agir e pensar primeiro, para só depois, proferir sua impressão a respeito de outrem.

Outra dica: seja honesto ao falar. A mãe de Mokomi recomendou que ninguém na família comentasse sobre o trabalho, mas claro que ela escutou (teve uma cena que representou isto). Então fiquem espertos, as paredes têm ouvidos! Além do que, dava para perceber que ela tentava agradar a filha de um jeito forçado, não era natural. O mesmo vale para a tal “recomendação”. Ela forçou todos os familiares a não tocarem no assunto, que no final das contas, ela mesma abordou.

Um fator que deu para notar, é que a mãe dela é geniosa demais da conta, e quer “fazer a cabeça” de sua família, a partir de suas próprias convicções, impondo sua opinião, sendo ela, a grande causadora de conflitos entre eles. Isto fica bem mais evidente com a aparição de seu pai. Chikako não o aceita de modo nenhum, enquanto que ninguém mais tem nada contra o idoso.

O mínimo que ela deveria ter é consideração pelos outros. Ele não é um “velho” qualquer: é o pai do marido dela e avô de seus filhos, portanto, possui todo o direito de se aproximar dos mesmos. Ademais, a menos que se prove por A + B que se trata de alguém ruim, só assim ela teria razão de querer afastá-lo do resto, o que definitivamente não é o caso do contexto deste drama.

O avô parece ser uma pessoa gentil e do bem, aliás, Mokomi aparenta ser bastante apegada a ele, considerando-se que o homem foi o único indivíduo que acreditou nela desde a infância e a confortou, dando conselhos calorosos à neta, e que me emocionaram imensamente.

Devido ao gênio forte de Chikako ninguém ousa contraria-la, a fim de não agravar a tensão em casa, não havendo diálogo necessário. Isto explica o porquê de a personagem principal ser tão fechada sentimentalmente. A menina sente que, debaixo do próprio teto, não há quem a proteja, a defenda e compreenda, visto que a opinião da mãe também é a palavra final.

O mais triste de tudo neste meio é que a mãe não enxerga que a tristeza e o comportamento da filha, na verdade, são culpa dela. A mãe que deveria ser compreensiva e zelosa, é quem menos a apoia.

Não sei ao certo que tipo de distúrbio ela possui – espero que revele nos próximos capítulos – mas, uma coisa é certa: a sensibilidade dela é muito maior do que de uma pessoa que se diz “normal”. Digo isto, pois em um dos flashbacks seu avô lhe explica que cada gota de chuva se assemelha a uma lágrima, e cada lágrima transmite um sentimento. Ela respondeu: “sim, são vários sentimentos”. Através da expressão da personagem, eu tive a sensação de que ela estava contente e que ela realmente era capaz de sentir cada uma daquelas emoções.

É difícil de explicar, contudo, eu consigo compreender de verdade a sensibilidade que a personagem tem, com a diferença de que ela é muito mais sensível do que eu!

E tal característica a faz extraordinária! Por este motivo que eu disse antes que isto é apenas algo especial, que as pessoas ditas “normais” não são capazes de enxergar com bons olhos.

Sob a minha perspectiva, esta é uma das muitas mensagens que poderemos tirar deste drama e levar para a nossa vida: Que aquilo que é inicialmente “estranho”, pode ser incrível.

 

Roteiro, personagens e atuação

Este roteiro realmente me agradou. A roteirista Hashibe Atsuko é verdadeiramente talentosa para criar enredos de dramas familiares. Ela soube agregar vários aspectos que podem vir a acontecer no cotidiano em um único episódio, ao mesmo tempo em que volta seu protagonismo para determinados personagens, neste caso específico, Mokomi e Chikako, já demonstrando o foco principal da trama e cativando o espectador pela variedade de assuntos abordados.

Em 20 minutos de drama eu consegui captar nas entrelinhas as problemáticas que, visivelmente serão a base para aprofundar esta história – ou, assim espero que seja.

A cada vez que assisto algo escrito por ela, sou capaz de refletir e de enxergar pontos cruciais nas relações interpessoais com os quais eu posso fazer um paralelo com a nossa realidade, e no caso deste drama, com as minhas próprias vivências, em certa medida. Esta é a prova de que, através de sua arte, ela consegue retratar as situações de maneira bastante realista. Enfim, a autora está de parabéns, e desejo acompanhar mais trabalhos dela.

Os atores escolhidos combinaram com seus respectivos papeis, me senti confortável em vê-los em cena. É a primeira vez que vejo algo com este elenco e, todavia, sinto-me satisfeita.

Um personagem que gostaria de ver nos próximos episódios, é o irmão da protagonista, que parece ser generoso com ela, com uma personalidade calma, um companheiro que só quer nosso bem.

Tenho a impressão de que a entrada do avô dela será importante para o desenvolvimento da trama, para a revelação dos sentimentos da protagonista e de mais flashbacks da infância dela.

Sinto também, que os desentendimentos mãe e filha estão longe de terminar... pelo contrário, eles acabaram de começar.

 

Espero que tenham gostado destas minhas singelas “primeiras impressões”

Beijos e até a próxima indicação,

Com carinho,

Rebeca

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