INTRODUÇÃO
Familiar Wife / Shitteiru Wife é o
remake japonês do drama coreano homônimo de 2018. Eu não assisti ao original,
mas minha xará sim, e pelo que conversamos, aparentemente esta adaptação
japonesa está bem fiel ao coreano, com a exceção de que a protagonista Mio se
estressa muito com a mãe dela, enquanto que na obra sul-coreana a mocinha da
história era um amorzinho com sua mãe idosa.
Mas, não farei mais comparações de
ambos os enredos, uma vez que isto será incumbência da minha xará, pois, por
ter assistido ao k-drama, ela terá bem mais propriedade do que eu para fazer um
paralelo entre eles, aprofundando cada ponto essencial da trama.
Nesta pequena resenha, relatarei
as minhas primeiras impressões a respeito deste primeiro episódio, relacionando
as principais cenas à nossa realidade, de maneira sucinta e objetiva, sem
deixar de lado a sensibilidade que sempre acrescento na escrita, como meu
“toque mágico especial”, evidenciando a proposta da narrativa: os dilemas e
problemas cotidianos da família contemporânea, que envolvem o casamento, a
responsabilidade de criar os filhos e zelar pelos mais velhos.
Primeira Parte:
Temas abordados na trama e as dificuldades do dia a dia.
Logo na introdução do drama,
podemos perceber os conflitos entre o casal principal, em seu dia-a-dia. O
marido é muito focado no trabalho, e por isto, alheio aos afazeres domésticos,
enquanto que a esposa é responsável por cuidar dos filhos durante o dia.
No entanto, ele sofre com a falta
de paciência da esposa, que chegou a atirar um monte de objetos nele e o fez se
envergonhar no supermercado, em um “passeio de família”. Nesta mesma cena, as
crianças lhe pedem para que lhe comprem guloseimas, e ela responde muito
impaciente que já comprou no dia anterior, o que faz com que seu filho reclame.
Com certeza, se ela explicasse com
mais calma as circunstâncias, seu pequeno a entenderia, sem contrariar. Às
vezes, o que mais satisfaz a criança não é necessariamente fazer as vontades,
mas conceder a atenção que eles merecem. O que era para ser um momento caloroso
de família se tornou algo bastante desagradável, ainda mais estando em um local
público, como um estabelecimento comercial. O mínimo que ela – e qualquer
pessoa nessa situação deveria fazer – é ter consideração pelos outros ao redor,
antes de sair berrando como se isso fosse algo naturalmente aceitável.
Não é à toa que o Motoharu prefere
focar no trabalho do que permanecer em casa, ninguém merece uma mulher
neurótica daquelas como esposa! Honestamente, se eu estivesse na pele dele, sob
essas condições, também faria a mesma escolha.
Sob outro ângulo, ele também enxerga a família
como uma forma de desestressar dos problemas que seu cargo no banco lhe
proporciona, como revelado na reta final do primeiro episódio, sendo que ela
não colabora, uma vez que não compreende o marido, que por isso, constantemente
toma álcool e joga vídeo games, como forma de aliviar a tensão que lhe
consome.
Todavia, se ele auxiliasse mais
ativamente e soubesse conciliar melhor seu emprego e os afazeres domésticos e
familiares – como buscar as crianças na escolinha – a mulher com certeza
ficaria menos estressada.
Por esta ótica, podemos perceber
que ambos os lados estão errados, apesar de terem suas respectivas razões para
tal; Mio se sente sobrecarregada por ter que lidar com todos os assuntos da família,
enquanto que ele se sente visivelmente saturado da personalidade agressiva da
esposa, que só sabe descontar a raiva nele, na base da gritaria e agressão
física, sem nenhum sinal de melhora com o passar do tempo.
Vale ressaltar que ter e criar filhos é uma
decisão do casal, e não uma imposição, e sendo assim, mesmo que se sinta
estafada, Mio precisa se conformar que a rotina agitada que leva é uma
consequência da própria escolha de vida que ela fez ao se tornar mãe. Neste
caso, o mais adequado seria ela administrar melhor seu tempo e conversar com
seu cônjuge a respeito das dificuldades que enfrenta, para que possam saná-las.
Contudo, ambos cometem o mesmo
erro de não mudarem de comportamento, sem um diálogo saudável e franco, para
saberem o que mais incomoda um no outro e como podem tornar o ambiente familiar
melhor, sem discussões e nervosismos desnecessários.
Esta falha de comunicação, na vida
real, mas tarde, pode gerar um outro tipo de conflito interpessoal, que é
justamente a incapacidade de o casal entender os sentimentos um do outro. Desta
forma, escondendo suas emoções e “tapando o sol com a peneira”, as pessoas
acabam guardando os problemas para si mesmos, sem nem tentar resolvê-los, ficam
fadigados emocionalmente por não ter com quem se abrirem e terminam o
casamento, acarretando no sofrimento dos filhos.
Devido a isto, os adultos devem
saber fazer a escolha com sabedoria, para que os pequenos sofram o mínimo
possível. E, no caso desta ficção, percebe-se que o necessário ao casal é ter
maturidade suficiente para resolver seus problemas e lidarem com eles, mas cabe
a cada um assumir seus erros e estar disposto a mudar.
Se não bastasse os conflitos
conjugais, Mio não tem paciência alguma para cuidar de sua mãe, que possui
Alzheimer, e fala grosseiramente com a velha senhora, brigando com a mesma
porque não tomou o devido remédio. Mas, convenhamos: como alguém com falta de
memória vai lembrar de se medicar sozinha? De duas, uma: ou ela vai se
automedicar duas vezes, ou nunca o fará. Exatamente por estes aspectos que os
responsáveis pelos idosos precisam ficar sempre atentos aos cuidados
específicos, principalmente os relacionados à saúde.
Desde modo, a única errada na
situação é a própria Mio, que não consegue administrar o tempo de seus afazeres
para dar atenção exclusiva à saúde de sua mãe e desconta nela por não se cuidar
por conta própria, sendo que ela não tem culpa dos sintomas e condições que a
enfermidade lhe acarreta.
Espero que com o desenrolar dos
episódios, a relação entre mãe e filha melhore, e a protagonista se torne mais
compreensiva. E, uma vez que a mãe a criou com amor, por que ela não retribui
cuidando da velhinha com dedicação? Sem mencionar que ela não deve descontar os
problemas pessoais nos outros, que não tem nada a ver com isto.
Segunda Parte – Estrutura do drama
A característica particular deste
drama é o fato de o protagonista Motoharu voltar ao passado, 10 anos atrás,
quando ainda era um jovem adulto universitário. Ele retorna a este período de
sua vida e consequentemente muda seu passado. Este poder, em termos práticos se
assemelha muito àquela frase: “se eu pudesse voltar no tempo, faria diferente”.
Porém, acho que seria mais realista se ele não viajasse a momentos remotos, e
sim, resolvesse os problemas com Mio como um casal no presente, propiciando
maior carga emocional ao drama, vendo aos poucos, o progresso deles em seu
amadurecimento pessoal.
Ainda que enredos ficcionais frequentemente chamem a atenção do público, para uma premissa que aborda assuntos com os quais podemos nos identificar bastante em nossa realidade, seria mais conveniente manter uma narrativa completamente realista, do que se apegar à ficção científica, até porque, sabemos que todo ato tem sua consequência e, embora nos arrependamos de algumas atitudes, as mesmas são águas passadas que nunca poderão regressar, e só depende de nós tentar compensar nossos erros no presente, a fim de atingir um futuro mais próspero.
Olá, onde poderia assistir o dorama Shitteru Wife?
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