Informações Gerais do Filme:
Título: Omoi, Omoware, Furi, Furare
Duração: 2h 4 min
Data de lançamento: 14/08/2020
Gênero: Cotidiano, Escolar, Drama e Família
Roteirista e Diretor: Miki Takahiro
Descrição: Baseado no mangá homônimo da autora Sakisaka Io
Onde
assistir: New Wave & Perfect Zect Fansub
Eu comecei esse filme com a intenção de ver algo fofinho,
como o sentimento puro do seu primeiro amor. Realmente se trata disso, mas logo
descobri que o enredo não é nada bobinho. Consistente e bem construído, agrega
muitos sentimentos ao espectador, mostrando as problemáticas relacionadas à
família e à pessoa amada.
Esta obra faz jus ao nome que tem, uma vez que “Amar, ser
amado, rejeitar e ser rejeitado”, não se restringe apenas a levar um fora de
quem gostamos, mas também se trata de ter seus sentimentos rejeitados pelos
familiares – no caso, a mãe da Akari – e por nós mesmos, ao reprimi-los em nome
de uma força maior, como nossa família ou amigos, a fim de não magoá-los.
Mas nesta longa estrada da vida, é inevitável não machucar e
ser machucados por alguém. Ainda que nosso desejo seja sorrir a cada vez que o
sol se ilumina, incontáveis lágrimas farão parte de nossa história, e cabe a
nós sabermos como agir depois que as secarmos.
O que nos distingue uns dos outros é justamente a forma como
lidamos com as emoções e problemas individuais. Neste quesito, destacam-se o
contraste entre as duas protagonistas e melhores amigas Ichihara Yuna (Fukumoto
Riko) e Yamamoto Akari (Hamabe Minami).
Yuna, no começo da história, é a típica menina sonhadora com
príncipes encantados, e tímida ao extremo, o que dificulta a aproximação dela
com Yamamoto Riyo (Kitamura Takumi), seu crush. Entretanto,
posteriormente ela se torna mais autoconfiante e passa a enfrentar seus temores
e encarar os próprios sentimentos, sendo perceptível o amadurecimento da
personagem no decorrer do longa-metragem.
De outro lado, Akari se mostra inicialmente extrovertida,
enquanto que, na verdade, tende a esconder o que sente, por medo de se
machucar, e de que sua família termine uma vez mais. A mãe da menina se
divorciou duas vezes, motivo pelo qual ela já trocou de sobrenome, dando a
entender que não teve uma figura paterna "fixa" nos seus primeiros anos de
vida. Akari e Riyo já se gostavam no Fundamental, mas ao saberem do casamento
de seus pais, reprimem esse sentimento amoroso, para não desequilibrar a
harmonia da família, uma vez que uma paixão entre irmãos não é bem vista pelos
demais – embora não estejam conectados pelo mesmo sangue.
Me emocionei nas cenas do Riyo, o ator se expressou bem, demonstrando
a frustração dele, me convenceu e fiquei com o coração apertado! Acontece que a
grande “ponte” entre os irmãos Yamamoto, é Yuna, a qual permite que ambos se
abram com ela confortavelmente.
Neste impasse, Yuna abre mão de seu próprio sentimento por
Riyo, ao perceber que, naquele momento, o coração dele não lhe pertencia. A
importante mensagem que podemos extrair deste trecho é que, quando amamos
verdadeiramente alguém, nós deixamos o caminho livre para que ela seja feliz,
não forçando a situação.
E, aquele que realmente preza pelos laços de amizade, sempre
compreenderá o sentimento alheio, sem ser egoísta a ponto de pensar apenas no
próprio sofrimento.
“Você não vai morrer porque levou um fora”, foi o que saiu da boca de Riyo.
Essas palavras, ainda que pareçam frias, estão repletas de razão, porque um
novo amor nós podemos encontrar, mas a família quando se desfaz, dói bem mais.
Você se sente sem rumo, sem seu principal porto-seguro, sua base e sua
inspiração de vida.
A partir deste ponto de vista, somos capazes de notar o quão
compreensível é a preocupação de Akari. A mais profunda dor, é a ausência
familiar. Quem também tem esse mesmo problema é Inui Kazuomi (Akaso Eiji),
culpando o irmão mais velho pelos desentendimentos.
Akari e Kazu desenvolvem uma amizade e, mais tarde, novos
sentimentos um pelo outro e encontram um no outro, a companhia e compreensão
que necessitam para acalentar seus corações.
Por conta da existência e apoio de Yuna e Riyo,
respectivamente, eles conseguem enfrentar seus problemas e se resolverem com
seus entes queridos. O que mais gostei de ver, foi a amizade entre as duas
protagonistas; era visível o quanto se importavam e se doavam uma pela outra.
Sabemos quem são nossos amigos de verdade nos momentos mais difíceis, e o
relacionamento de Akari e Yuna demonstrou isto na prática.
Por mim, diria que Yuna foi a grande heroína deste enredo;
ela foi capaz, não tão somente de lidar com suas próprias emoções, como também
abraçar os corações aflitos e confusos daqueles ao seu redor, além de alertar
certo alguém que pode (e deve) fazer diferente dali para adiante com sua filha.
No início, precisava de força, e a conseguiu ao receber um
intenso amor recíproco. No fim, compartilhou a sua luz, para que seus amigos se
tornassem pessoas melhores. Esse, é o significado da verdadeira amizade, aquela
que nunca se apaga.
Enredo, personagens e atores
O roteirista Miki Takahiro possui em seu currículo diversos
filmes do estilo shoujo, atuando como diretor, a maioria adaptações de mangás, de forma que é bastante
indicado para esta temática. Em suas narrativas, sempre agrega passagens com nas
quais refletimos e nos emocionamos. Quanto a este filme, especificamente, eu
não conheço a obra original, mas, analisando o andamento da narrativa exposta
em 2 horas, posso dizer com certeza que foi bem elaborado, com os fatos que se
entrelaçaram apropriadamente, comovendo o espectador.
Apesar do “quadrado amoroso” a partir do qual a premissa se
desenrola – Kazu gosta de Yuna, que é apaixonada por Riyo, que ama Akari – e
depois surpreende, como dito no começo desta resenha, a temática não se
restringiu aos sentimentos românticos de um casal de Ensino Médio, expandindo
seu profundo significado de “Amar e ser amado, rejeitar e ser rejeitado” ao
âmbito fraternal e até pessoal, se consideramos que cada personagem precisa
olhar para dentro de si mesmos e repensarem suas atitudes para que sejam
capazes de lidar com as emoções que guardam dentro de seus corações, devido às
circunstâncias de cada um
Amor de mãe nunca muda, nem diminui, independente de qualquer
mal-entendido. No entanto, esta mesma foi a que teve menos sensibilidade, por
não se dar conta dos sentimentos escondidos de sua própria filha.
Não foi mal-intencionado, uma vez que por vezes, em virtude
da rotina agitada de nosso cotidiano, não paramos para perceber como nosso
próximo se sente. Ou quando tomamos decisões precipitadas sem consultar todos
da família, como aconteceu no filme.
O motivo dos divórcios anteriores da mãe de Akari, tal como
do pai de Riyo não foram mencionados, sendo um mero detalhe, mas fato é que
isto abalou demais os personagens principais, os quais foram pegos de surpresa
à época da ocorrência. Mais para reta final, os pais (quase) comentem o mesmo
erro de decidirem por si mesmos, sobre o futuro da família. A lição que fica da
família Yamamoto é: saiba escutar os outros, e nunca os faça reprimir seus
sentimentos. É importante saber refletir sobre as consequências do que uma
mudança pode significar, tendo em mente que cada indivíduo reage de uma maneira
distinta.
Sobre a família Inui, também não foi explicita toda a
situação familiar em geral, tópico que gostaria que tivesse explorado mais, sendo
um assunto abordado “por cima”, só com os conflitos entre os irmãos. Esse foi o
único item que julguei ter sido deixado meio “no ar”, mas eu perdoo o
roteirista! Tem seus créditos pelos demais 99% dos acontecimentos! ‘hahaha 😉
Talvez se eu tivesse lido o mangá primeiro, estaria melhor
situada e não me importaria tanto com tais elementos minuciosos. Não obstante,
gostaria de destacar que para os que não puderam ter contato com a obra
original, deixar passagens em aberto pode gerar certas dúvidas ao espectador,
mesmo que pequenas.
O elenco combinou com cada personagem para o qual foi
designado. A Minami-chan eu já conhecia de outros trabalhos, e a cada vez, ela
melhora em sua atuação! O momento que deu para perceber o potencial dela, foi
na briga que a Akari teve com a mãe. Ela realmente entrou na personagem, eu
senti o quanto estava incomodada com a atitude da mãe. Uma cena marcante!
A Fukumoto Riko, que interpretou a Yuna, participou da
live-action “Sensei Kunshu”, mas confesso que não me recordo dela na obra em
questão, pois assisti há muito tempo.
Neste longa, porém, posso dizer que gostei muito do trabalho
desempenhado por ela, principalmente a partir de quando a Yuna perde a timidez
e se mostra corajosa, transmitindo em palavras o que sente e pensa. Depois
deste, me despertou a vontade de vê-la mais vezes, em histórias deste estilo.
Kitamura Takumi nunca decepciona, e cumpre seu papel com
maestria. Estou acompanhando “Nijiiro Karute” (2021), drama médico do qual ele
é protagonista, e fico contente em descobrir que a cada trama que estrela,
aprimora suas habilidades para representar os sentimentos dos personagens aos
quais dá vida. Deste filme (agosto de 2020) para “Nijiiro” que é deste ano, a
interpretação melhorou.
Falando em atores conhecidos, Akaso Eiji foi um dos rostos
conhecidos e um dos meus motivos para assistir à esta adaptação – o outro foi a
sinopse. Conheci o ator no mini-drama “Nee, Sensei, Shiranai no?” (2019), em
que ele ficou responsável pelo protagonista, bastante fofinho e cavalheiro. Honestamente, ele se sai bem neste tipo de
papel.
Aqui em “Omoi, Omoware, Furi, Furare”, ele esteve igualmente
fofo, se encaixa bem como melhor amigo dos protagonistas, só acho que deveria
ter colocado mais intensidade em alguns momentos que exigiam mais emoção.
Apesar disso, continua com o meu imenso carinho e consideração como profissional.
Gostaria de fazer uma menção honrosa ao nosso eterno
Irie-kun! AMEI ver o Furukawa Yuuki como irmão mais velho! Ele tem mesmo cara
de “Nii-chan”, sempre fofo e meio irônico, para variar. Quem assistiu “Itazura
na Kiss” sabe do que estou falando – com a diferença de que o Irie era frio no
início, mas depois adere à estas características. Fazia tempo que eu não
assistia nada com ele, e vê-lo novamente em um enredo cativante desses, foi um
grande presente.
A atriz que interpretou a mãe da Akari fez parte do elenco do
filme coreano “The Last Princess” (2016), todavia, eu não me lembro dela –
estou com memória péssima hoje, como devem ter notado. Neste longa, ela
interpretou muito bem a personagem, confesso que em algumas cenas até deu
agonia dela! Foi uma boa escolha a colocarem para este papel.
O intérprete do pai do Riyo eu não conhecia, porém me agradou
bastante também. Transmitiu a imagem de homem sério, centrado e que possui
inteligência emocional suficiente para resolver as questões que lhe dizem respeito,
diferentemente da esposa.
Os atores Kamimura Kaisei e Mifune Kaitou, que atuaram como
Agatsuma Haruto e Ryosuke respectivamente, também não os conhecia, entretanto, considero
ser participações satisfatórias.
Conclusões finais
Esta é uma daquelas tramas que, apesar de fofinhas, carregam bastante sentimentos em seu desenrolar. Uma história de mexer com os nossos corações, fazendo-os partir, e em seguida, se aquecerem novamente. Que faz o espectador torcer pela felicidade de todos os personagens envolvidos, compreendo suas razões e emoções. Cativante do início ao fim, e com um elenco maravilhoso, este filme é indicado a todos aqueles que desejam ter a oportunidade de, através do entretenimento, ser capaz olhar para dentro de nosso coração, sabendo lidar com as próprias emoções, e as dos outros, sempre aprendendo que as alegrias nos fazem crescer, e as lágrimas, a amadurecer
Olá, acabei de ler sua resenha sobre o filme e me sinto disposto a vê-lo.
ResponderExcluirA forma em que escreveu foi muito legal, me fez ter uma empatia muito grande pelos personagens que ainda nem conheci. Está parabéns, belo trabalho, força!
Olá, Matheus!
ExcluirQue bom saber que sentiu empatia pelos personagens, era essa a intenção
Espero que o filme seja bastante proveitoso para ti
Grata pelo apreço, faço com muita dedicação