Informações Gerais
Título: O que me fez pular
Autor: Naoki Higashida
Primeira publicação: 2007
(Japão)
Lançamento no Brasil:
20/03/2014
Editora: Intrínseca
Páginas: 192
Naoki Higashida tinha apenas
13 de idade quando escreveu “O que me fez pular”. O livro, que possui 192
páginas, é um compilado de perguntas e respostas que costumavam fazer a ele,
por ser autista. Naoki possui autismo severo, o que comprometeu sua fala, mas
esse fator não o impediu de se comunicar e ter uma vida normal. Pelo contrário,
ele se superou, encontrou sua própria forma de se expressar e de lidar com as
situações
Deu para sentir o quanto ele
estava sendo sincero e honesto ao escrever cada resposta, cada linha. Eu, como
uma pessoa com necessidades especiais (paralisia cerebral + TDAH), sei como
cada pequena conquista do dia a dia, para nós, significa uma grande vitória, um
sinal de superação às adversidades que possamos encontrar nesse caminho
tortuoso e maravilhoso, que nós mesmos construímos a partir de nossas vivências
e aprendizados, e montamos como milhares de peças de um enorme quebra cabeça.
Tem coisas que só quem sente
na pele sabe. Eu tenho uma história completamente diferente das experiências do
autor deste livro. Tem fatos com os quais eu não me imagino estar inserida, e
não tenho a mesma sensibilidade para a natureza que ele tem, por exemplo. Autistas
possuem uma conexão incrivelmente inexplicável com a natureza; é como se eles
fizessem parte dela, e como se ela os protegesse, reconhecendo uma alma pura e verdadeira.
Apesar das nossas diferenças, -
que são incontáveis –, ainda assim, me identifico com parte dos sentimentos de
Naoki. Eu, mais do que ninguém, sei como é se sentir solitário, rejeitado, como
necessitamos e queremos ter carinho, amor e atenção, mas, principalmente,
compreensão. Queremos que as pessoas compreendam as nossas condições e que não
desistam de nós, pois o apoio da família, dos amigos e das pessoas próximas a
nós, é aquilo que nos motiva. E a compreensão é o que nos faz sentir parte de
um grupo (sentir como pessoas “normais”) e ter esperanças para seguir em frente.
Não estou dizendo isso para me
vitimizar, até porque odeio pessoas que se vitimizam e fazem mimimi por
qualquer motivo que seja. Todos devemos conquistar nossos sonhos pelos próprios
méritos, pelo esforço, sendo que os que têm “necessidades especiais”, possuem
ainda mais potencial de sobra para dar a volta por cima, é só querer.
Por isso vencemos as batalhas.
Porque temos força de vontade para enfrentá-las! É como disse a Avril Lavigne
na música “Warrior”: “Eu escolho as minhas batalhas porque eu sei que eu vou
vencer a guerra”.
E na outra estrofe: “(..) E
eu estou mais forte, eu luto pela minha vida. Eu conquistarei a cada vez”
Sempre tive a família ao meu
lado, especialmente minha mãe, e Naoki também, como relatado nas entrelinhas de
seu livro. Mães são heroínas eternas, que cuidam de seus anjos com todo amor e
dedicação. Não é para puxar saco, mas devo dizer, que nós, pessoas “especiais”
somos realmente especiais, porque temos a alma mais “limpa” e honesta (não sabemos
mentir, e se alguém o faz, identificamos na hora, então, fiquem espertos!)
Outro ponto com o qual me
identifiquei foi em relação a “escrever no ar”. Eu tenho essa mania de “escrever
no ar” as coisas que penso, imagino ou lembro (às vezes até meu nome, quando
reflito sobre mim mesma. É estranho, mas acontece)
Naoki também “escreve no ar”
repentinamente sobre as coisas que lembra. Confesso que fiquei bastante
surpresa, ao perceber que eu não era a única com esse costume! Entretanto, no
caso de Naoki, ele o faz como uma maneira de “conectar as suas lembranças”,
como num quebra cabeça que ele precisa resolver no momento, enquanto eu “escrevo”
qualquer coisa que me vem à mente.
Conforme o andamento do livro,
em cada resposta que dá, Naoki esclarece o porquê os autistas têm determinados
comportamentos. Nesse sentido, a leitura desta obra me proporcionou um grande
aprendizado. Afinal, saber como alguém pensa é essencial para que sejamos
compreensivos e tenhamos empatia com o próximo.
A simplicidade e a objetividade
é o ingrediente que encanta e traz beleza a uma escrita fluida e cativante.
Como se não bastassem os
relatos de sua vida cotidiana (e as reações que teve em cada ocasião), ao final
do livro Naoki nos apresenta uma narrativa ficcional de sua autoria. O
protagonista deste pequeno conto é um garoto chamado Shun, que a meu ver, é o
alter-ego do próprio Naoki.
Às vezes a ficção nos ajuda a
expressar sentimentos, emoções, pensamentos, sensações, filosofias, através de
um contexto paralelo que, para o leitor torna-se agradável e até mais fácil de
se identificar. Digo isso, porque às vezes escrevo textos reflexivos ou ficcionais,
sendo que nesses últimos, coloco um pouquinho de mim em cada personagem que crio
(quem sabe um dia eu faça meu próprio alter-ego também. Contar a minha história
de maneira leve seria bastante divertido)
Mas chega de falar de mim, não
é mesmo? 😊
O que importa é que vocês que
estão lendo esta postagem consigam se identificar e se colocar no lugar do
escritor. Torço para que esta pequena resenha os motive a ler, conhecer,
repensar e aprender (comigo e com Naoki).
Espero também que a leitura de
“O que me faz pular”, lhes tragam bons ventos, que os façam abrir a mente para
o novo, que vejam o brilhantismo e o lado positivo de uma pessoa especial, ao
invés de se prenderem a rótulos negativos como “fulano não consegue/não vai
conseguir fazer isso”, “ele tem limitações para tal coisa”, etc.
E lembrem-se sempre: Todos somos
igualmente capazes, e tão humanos e “normais” quanto vocês, que estão ao nosso
redor, em nosso meio.
E não somos dignos de pena. Somos
extraordinários!
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