quinta-feira, 16 de abril de 2020

[Resenha] “Fated to Love You” – As 12 lições que tiramos do drama e levamos para a vida.

Informações Gerais do Drama
Título: Fated to Love You
Também conhecido como: You are my Destiny ou Unmei Kara Hajimaru Koi.
Descrição: Remake da obra taiwanesa “Fated to Love You”, baseado no manhua de mesmo nome.
Gênero: Comédia, drama, tragédia, cotidiano
Emissora: Fuji TV
País: Japão
Episódios: 10 episódios de 36 minutos cada
Tipo: Renzoku (dramas de 30 a 40 min por episódio)

Bem, depois de meses resolvemos voltar com as resenhas no blog. Recentemente assisti à versão japonesa do drama “Fated to Love You”.
Quem me conhece sabe o quanto eu amo essa história: já li o manhua original e assisti a versão coreana com muito amor e carinho.
Decidi  que apreciaria essa adaptação quanto antes, e foi o que fiz. Assisti rapidamente os 10 episódios da série, que me trouxe lembranças e sentimentos bons. Vamos ao que interessa.
Primeiramente, eu gostaria de dizer que se tem uma palavra que descreve bem esse drama é “sacrifício”, já que o casal principal se sacrifica pela pessoa amada, em um leve triângulo amoroso.
Em segundo lugar eu queria dizer que eu me empolguei tanto ao escrever essa resenha que vou ter que dividi-la em duas partes, com cinco tópicos no total.
Nessa primeira parte, farei uma breve introdução dos personagens principais da trama e logo falarei das importantes mensagens contidas no drama, motivo pelo qual essa postagem é nomeada de “As lições que tiramos do drama e levamos para a vida”
Comecemos com as estrelas da vez:
Sato Aya (Takimoto Miori) é uma funcionária de uma grande empresa na área administrativa, sendo prestativa e amiga, motivo pelo qual muitos se aproveitam da mesma para pedir-lhe pequenos favores como tirar 50 cópias de um documento, comprar comida ou pegar um café. Por esse motivo, ela é conhecida como “garota post-it”. Quando necessitam dela, todos a chamam, mas também é muito fácil descartá-la
Ichijo Kei (Kizu Takumi) é herdeiro de uma grande empresa, e, de início, não sabe que Aya é sua funcionária. Os dois acabam se encontrando por mero acaso, passam a noite juntos e logo descobre que está prestes a ter um filho com Aya. Entretanto, sua paixão é Anna, sua prometida (a princípio) e amiga de infância.
Shiraishi Anna (Ishikawa Ren) é uma garota sonhadora, que sempre quis ser uma grande bailarina, motivo pelo qual foi estudar em NY, através de um intercâmbio, deixando sua vida pessoal em segundo plano
Okamoto Hayato (Tokito Yuki) é o cavalheiro da friendzone desse drama. O melhor amigo de Aya, seu protetor e rival de Kei. Nessa temporada não foi explorada a relação de Hayato e Anna, como nas demais adaptações da trama.

Diferentemente das demais resenhas que faço uma explanação geral dos acontecimentos com uma leve introdução, nessa resenha, dividirei os assuntos em tópicos, dando meus pareceres sobre cada um deles.
Queria deixar claro também, que essa é apenas a minha opinião a respeito dos fatos, fique a vontade para tirar suas próprias conclusões. Ainda assim, espero que possam aproveitar ao máximo essa resenha, de maneira a proporcionar uma nova perspectiva para fazer-lhes refletir com profundidade os aspectos aqui tratados.
Mesmo que haja algo com que discorde, por favor, leia até o final, fiz com muito carinho e coloquei todo o meu coração e alma nessa resenha. Obrigada.

1.        Temas explorados na trama: As 12 lições que tiramos do drama e levamos para a vida
Nas entrelinhas do dorama, é possível encontrarmos passagens que, se puderem ser interpretadas mais profundamente, podem nos trazer valiosas lições que levaremos para a nossa vida. Em alguns itens dessa lista, demonstrarei de forma simplificada o quanto alguns valores como honestidade, honra e família, são valores milenares presentes tanto na cultura japonesa quanto na cultura oriental como um todo.

1.1.          Ser gentil, amorosa e honesta
Aya aprendeu desde cedo com seu pai que se ela fosse uma pessoa gentil e de coração puro, um “príncipe encantado a encontraria” como no Conto da Cinderela. Não tenho nem como discordar dessa fala. A melhor solução para tudo é sempre ser verdadeiro e honesto, com um coração amável
Aliás “honestidade” é um dos valores principais para os japoneses e com um significado bastante profundo, eu devo dizer. Ser honesto não significa apenas dizer a verdade aos outros, mas ser ser verdadeiro com o próprio coração, seguir a intuição e conseguir o que se deseja através do esforço e dedicação, com suas próprias pernas. Ser honesto também significa colocar em prática todos os seus princípios, e honrar sua palavra.
Essa é uma virtude enraizada na cultura japonesa desde a Idade Média, no mínimo. Uma das palavras chaves do Código dos Samurais é “Makoto”, vocábulo que significa literalmente “verdade”/”verdadeiro”, ou de maneira mais poética/profunda: “sinceridade absoluta”.
Isso quer dizer que um samurai não precisaria jurar/prometer como nós fazemos às vezes, porque uma vez que se comprometeu com algo, ele irá fazer. Assim, sendo, um dos princípios do Código dos Samurais era: “Siga sempre o caminho da verdade”

1.2.          Valorizar a família
Aya se lembra lucidamente das conversas que tinha com o pai e de tudo que ele lhe ensinou. Valorizar a família é o dever de todo ser humano na Terra, porque é a base da sociedade e é onde se forma o nosso caráter e os valores. Como já dizia Confúcio: “não é possível ensinar aos outros, se você não é capaz de ensinar sua própria família”.
Esta frase ilustra bem o fato de que as virtudes que guiam as pessoas provém da família, e que a primeira pessoa que deve ser instruída é seu ente querido, principalmente seu filho, que será seu herdeiro, no sentido mais profundo da palavra.
Através do drama “Fated to Love You”, podemos ver claramente que o nosso coração é o reflexo do coração dos nossos pais, e daquilo que eles nos ensinaram. O pai de Aya sempre lhe disse para ser honesta, generosa e amorosa, e isso se reflete em suas atitudes, sempre prestativa, se colocando no lugar dos outros, prezando o sentimento, as necessidades e os desejos alheios mais do que os seus próprios, de forma a demontrar o seu amor com pequenos atos de compreensão e carinho.

1.3.          Ter um herdeiro é continuar uma família
No início do drama, a avó de Kei, Ichijo Kaoru diz que ele só poderá herdar os negócios da família se estiver devidamente casado e tiver um filho.
Para muitos, isso pode ser apenas um mero clichê de dorama ou mangá, mas, na realidade existe um significado e uma importância bem maior nisso para os japoneses, sendo um pensamento de toda uma cultura.
Para os japoneses, ter um herdeiro é continuar o nome e a honra da família, ter alguém que continue a tradição, os valores prezados desde sempre pelos antepassados
Além do que, se um homem não for capaz de cuidar da família, também não será capaz de se responsabilizar pelas outras pessoas (funcionários de uma empresa, por exemplo).
A partir daí podemos enxergar a influência do confucionismo no pensamento oriental, como expresso na frase mencionada anteriormente: “não é possível ensinar aos outros, se você não é capaz de ensinar sua própria família”.
Ser um chefe de família ou de uma empresa significa ser capaz de ser um exemplo de respeito, honra, responsabilidade, honestidade e dignidade aos demais, porque a longo prazo, são os valores que guiarão esta e as próximas gerações, que formarão uma sociedade mais harmoniosa e digna.

1.4.          Ter autoconfiança
Apesar de benevolente, Aya tinha muito medo de expressar o que sentia ou o que pensava, para não parecer rude ou insensível aos olhos dos outros. Ao conhecer Kei, este lhe dá autoconfiança, para encarar as coisas de cabeça erguida, sem nunca deixar se abater e confiar em seu próprio potencial.
De fato, ser autoconfiante é a peça chave para conquistarmos nossos maiores sonhos, e nos realizar pessoal e profissionalmente.

1.5.          Não subestimar quem está ao redor
Yamaguchi, o advogado sem vergonha que convidou Aya para viajar, na verdade apenas queria uma companhia para sair, mas não a tratou devidamente. Ao invés disso, foi prepotente, tanto com ela quanto com Kei ao presumir que venceria a disputa de sinuca porque tinha “a deusa da vitória” ao seu lado. Kei, por outro lado, respondeu: “sabe por que você perdeu? Porque você deixou a verdadeira deusa da vitória partir”, referindo-se a Aya.
Moral da história: nunca subestime quem está ao seu lado, porque a mesma pode ser uma pessoa linda, por dentro e por fora, uma joia que apenas precisa ser lapidada.

1.6.          Construir uma família é uma dádiva, e honrá-la é um dever.
Ter um filho é uma dádiva, uma benção para os pais que podem finalmente constituir uma família, se completarem com um novo ser, que fará parte deles por toda a eternidade. Abortar significa tirar o direito à vida (inalienável a todo ser humano), tirar o direito de ser mãe e de dar à luz a uma nova vida que chega a este mundo, além de ser uma forma de renegar a responsabilidade de constituir e proteger a família, que é primordial em uma sociedade saudável.
No Japão, o aborto ou “esterilização forçada”, como eles chamam o processo cirúrgico para a retirada do neném,  só é legalizado em casos específicos. No “Maternal Health Act” (“Ato de Saúde Maternal”, em inglês), Capítulo II, Artigo 3, está escrito:

(1)   Um médico pode realizar a esterilização em uma pessoa que está sob as seguintes condições, ao obter o consentimento da dita pessoa e do esposo dessa referida pessoa (se uma pessoa não legalmente casada, incluindo uma pessoa que em termos práticos está em um relacionamento parecido com casamento com o dito indivíduo, o mesmo se aplica daqui em diante) se existir. Contudo, isso não se aplica a menores de idade.
(I)                Uma pessoa cuja gravidez ou parto possa colocar em risco a vida, e
(II)             Uma pessoa que atualmente já tem vários filhos, e cuja saúde corporal possa ser reduzida significativamente com cada parto.
(2)  Nos casos listados nos itens anteriores, o médico também deve realizar esterilização no cônjuge, nos termos das provisões de cada item do parágrafo anterior
(3)  A respeito do consentimento apresentado no parágrafo 1, o consentimento da parceira não é necessário se o esposo não sabe ou não consegue expressar a intenção da esposa.

Nota da Rebeca: Lembrem-se que na Ásia a maioridade é 20 anos 

1.7.          Sacrificar-se é uma prova de amor, ainda que machuque seu coração
Kei sempre priorizou Anna, colocando seus desejos e necessidades acima de seus próprios, tanto que deu todo o apoio emocional para ela realizar seu grande sonho de ser uma bailarina de renome internacional, e tolerou todas as furadas que ela deu, sempre pensando nela, entretanto a mesma não priorizou o relacionamento, nem se deu conta de tudo o que Kei estava fazendo por ela, enquanto ela só dava atenção única e exclusivamente aos seus anseios. Ironicamente, Kei acaba cometendo o mesmo erro com Aya, que prioriza as emoções e desejos dos marido, se colocando em segundo plano, sem notar o sacrifício e a boa vontade dela em fazê-lo feliz, uma vez que só pensava em proteger Anna e lutar pelo amor que tinha por ela. 

Aqui cabe a citação de uns versos da música “Story”, da cantora Ai Uemura:

“Às vezes nós machucamos os demais, enquanto somos machucados.
Por isso as cores que preenchem o nosso redor são distintas, mas...
Eu vou continuar a viver enquanto escrevo minha própria história”

A relação Aya/Kei/Anna ilustra que quando amamos alguém fazemos de tudo para que a pessoa amada seja feliz, , para que seja feliz em todos os momentos, independente de onde, com quem ou o que esteja fazendo. Isso requer compreensão e empatia, mas também cumplicidade e confiança, demonstrando seu amor e carinho das mais diversas formas

Por fim, vale lembrar: “O amor não é uma luta”, mas vale a pena lutar por ele.

1.8.          A alegria está nos pequenos gestos e momentos. O que vale são sentimentos
Quando Aya aceitou viajar com Yamaguchi, ela assim o fez porque pensou que pela primeira vez, alguém se interessava por ela. Quando Kei lhe deu autoconfiança, e a concedeu uma mudança de visual, ela valorizou o gesto, porque, ele pensou nela como uma pessoa digna, deu valor ao potencial dela, ao invés de enxergá-la como uma menina simples, ingênua e “post-it”.
Quando Kei lhe deu o cartão para que comprasse o que quisesse e pudesse apreciar a Tokyo Tower, o importante não era o dinheiro ou presente, mas o fato de que ele havia lembrado do aniversário dela, e que pela primeira vez, ela poderia comemorar seu aniversário.
Vemos a partir da personagem Aya que o que realmente importa não são bens materiais, e que a felicidade se encontra conosco quando reconhecemos mas os gestos e as boas intenções das pessoas em nos fazer felizes. São esses gestos e esses pequenos momentos de alegria que devemos guardar para sempre no coração.

1.9.          Aproveite hoje, para ter memórias amanhã
Em determinada cena do Episódio 7,  Aya diz a si mesma: “Tudo bem se forem apenas sete meses. Eu quero ter lembranças com Kei”. A lição que fica nessa passagem é: aproveite os momentos do presente (com a pessoa te correspondendo ou não), para que não tenha nenhum arrependimento no futuro, de não ter aproveitado todas as oportunidades de estar com a pessoa amada e/ou tê-la demonstrado seus sentimentos. Aproveite o agora, pois serão as lembranças do amanhã.

1.10.     O amor não avisa quando chega, e nem tudo gira ao nosso redor
Anna pensou que Kei sempre a escolheria como parceira e priorizou apenas a sua carreira profissional. Nesse meio tempo seu prometido encontrou Aya e se apaixonou por ela (mesmo que tudo tenha começado a partir de um contrato). O amor não espera por ninguém, nem avisa a hora de chegar, pois se manifesta sutilmente, aos poucos, com a convivência do dia a dia. Na relação entre Anna e Kei percebe-se que, devido ao distanciamento físico, também ocorre a distância emocional, de cumplicidade e amor.
Portanto se você realmente ama alguém, lute por esse sentimento, ou vai sofrer as consequências da famosa frase “a fila anda”, uma vez que nem tudo gira ao nosso redor, nem podemos ter tudo o que queremos e devemos saber lidar com as consequências de nossos atos

1.11.     Encare a realidade, ou algo pior pode acontecer
Anna quis a qualquer custo ficar com Kei, que não a correspondeu, por isso, contou uma mentira e lhe entregou um documento errado. Um pequeno mal-entendido levou a uma grave consequência, que foi a perda de um bebê.
Dessa atitude impensada de Anna, podemos tirar a seguinte lição: encare a realidade, ou algo pior pode acontecer no futuro. É bem melhor você aceitar a realidade tal qual ela é, mesmo que sofra, do que partir para vinganças e injustiças que podem interferir diretamente no destino de alguém.
Portanto, se você ama alguém verdadeiramente, respeite as escolhas dessa pessoa, é o mínimo que você pode fazer por ela.

1.12.     Saber recomeçar e seguir em frente
Depois de ter passado por muita coisa, a gente aprende a persistir e ser forte, superando todos os desafios que aparecem no meio do caminho. Tristezas, alegrias, decepções e conquistas fazem partes da vida de cada um de nós. Basta sabermos lidar com cada situação e tirar algum aprendizado. Para isso, muitas vezes, necessitamos de um recomeço, de um novo ponto de partida, investindo em algo em que possamos nos dedicar de todo o coração.
Se você chegou até aqui, parabéns pela paciência! 😉 
Na próxima postagem, começaremos do item 2 e iremos até o 5, os quais tratam da comparação das produções japonesa e coreana, tal como as minhas impressões finais da obra.

2 comentários:

  1. Boa Tarde,xará maravilhosa😍😍
    Como sempre você arrasa nas resenhas. Essa foi uma das suas melhores resenhas.
    Quando assisti a versão coreana não tinha enxergado tudo isso. Obrigada por abrir meus olhos e mostrar uma outra perspectiva.
    Lendo sua resenha podemos levar isso para a nossa vida.
    A personagem da Jang Na Ra sempre nos encantava com sua bondade.

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    1. Dizer que esta foi uma das minhas melhores resenhas me deixou superfeliz! Fiz com todo meu coração
      A minha intenção é sempre fazer as pessoas pensarem e enxergarem as coisas com profundidade, não só como algo superficial. Que bom que gostou da minha perspectiva, eu amo escrever coisas desse tipo

      A Mi Young mora no coração de todo mundo! É um doce de pessoa! <3333

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