Resenha do Livro Jogos Vorazes

RESENHA DO LIVRO JOGOS VORAZES

Olá queridos leitores! A resenha de hoje não vai ser sobre doramas, mas sim sobre outra coisa que amo muito: os livros. Embora por causa dos dramas perdi o hábito de ler. Em um ano, só li 6 livros, contando com esse que vou resenhar. Isso é inaceitável! Enfim, a resenha de hoje será sobre Jogos Vorazes, obra da autora Suzanne Collins, cujo sucesso astronômico no Brasil se deu entre os anos de 2010 e 2015, ampliado pela sequência de filmes.

 Informações Técnicas:

Autor: Suzanne Collins

País: Estados Unidos

Gênero: Aventura, distopia, ficção científica, ação, pós-apocalíptico.

Tradução: Alexandre D’Elia

Editora: Rocco

Páginas: 397

ISBN:9788579800245

Resenha

Jogos Vorazes é o primeiro livro da trilogia de mesmo nome, ambientado em uma nação chamada Panem, construída após a destruição da América do Norte. Essa nova pátria é comandada pela cruel e autoritária capital. Há 74 anos atrás Panem tinha treze distritos, cada qual com uma especialidade. A função do distrito treze era extrair grafite. Nesse primeiro volume não temos informações detalhadas a respeito desse distrito. Sabemos somente que ele foi completamente dizimado por se rebelar contra o governo. Os Jogos Vorazes foram idealizados com o intuito de punir os outros distritos, demonstrando assim o poder da capital, bem como as consequências por tentar desafiar as regras do sistema. Os participantes dos jogos são pessoas com idade entre doze e dezoito anos, escolhidos em um processo denominado colheita. Através do sorteio são selecionados dois indivíduos de cada distrito, um do sexo feminino e um do masculino.

Logo na primeira página conhecemos a personagem Katniss Everdeen, responsável pela narração. Ela é uma adolescente de dezesseis anos, extremamente reservada e desconfiada. Sua única amiga se chama Madge, a filha do prefeito. O pai da protagonista morreu enquanto trabalhava nas minas de carvão, motivo pelo qual tem pesadelos até hoje. Devido a esse acidente a mãe da garota desenvolveu um quadro depressivo, esquecendo- se da existência das próprias filhas. Katniss também tem uma irmã mais nova, chamada Primrose, gentil, afável e amada por todos graças a sua doce personalidade. As três estavam morrendo de fome e a mãe não fazia nada para resolver a situação. Desse modo, ela se vê obrigada a caçar na floresta, como fazia quando o pai estava vivo.                                                         O problema é que essa atividade é ilegal, além de muito perigosa. Lá, ela conhece Gale, um menino nas mesmas condições ou até piores que as dela.

No dia da colheita algo inesperado acontece. Havia apenas uma chance em um milhão... Mas o inevitável aconteceu. Prim foi selecionada para disputar os jogos vorazes. Para evitar que sua irmã participe dessa feroz competição Katniss se oferece como tributo. Peeta, um garoto que salvou sua família da fome também foi selecionado. Juntos, eles terão que pensar em uma estratégia para vencer os jogos. Mas em determinado momento terão que virar inimigos...

Já cogitei várias vezes ler Jogos Vorazes, inclusive no tempo em que todo mundo estava lendo, porém nunca dei prioridade a essa leitura. Entretanto, queria saber o que tem de tão bom nesse livro e confesso, que durante toda a leitura não achei tudo isso. Demorei para entrar no ritmo da história porque achei o começo meio cansativo, pois a primeira parte do livro se dedica a apresentação dos personagens, o modo de vida no distrito doze e como a capital exerce o seu poder sobre eles. Mesmo assim eu não consegui parar de ler por causa da escrita fluída da autora. Além disso, algumas coisas me deixaram curiosa, razão pela qual continuei lendo.

Inicialmente a personagem Katniss não me cativou tanto quanto eu gostaria. Achei a personalidade dela um tédio e a achava fria com os demais. Ela é uma anti-heroína. Isso se prova através de algumas atitudes, como quando a menina quase afogou um gato que a irmã trouxe. Katniss despreza o animalzinho.

“Sentado aos pés de Prim, vigiando-a, está o gato mais feio do mundo. Nariz esmagado, metade de uma orelha arrancada, olhos da cor de abóbora podre. Prim o chama de Buttercup, insistindo que a coloração amarelada de seu pelo combina com a da flor de mesmo nome. Ele me odeia. Ou pelo menos desconfia de mim. Apesar de já ter se passado muito tempo, acho que ele ainda se lembra como tentei afoga-lo num balde quando Prim o trouxe para casa. “

Ademais, ela também guarda rancor da mãe pela sua fraqueza no passado. Em uma passagem do livro ela diz                                    que Prim é a única que tem certeza amar. Logicamente isso foi dito da boca para fora. É apenas mais um mecanismo de autodefesa dela.

Só fui começar a admirá-la depois de parar para refletir sobre o conteúdo da obra. Katniss é uma personagem feminina bem representativa, independente e forte. A persistência dela se tornou uma lição para a vida.

“Além disso, não é da minha natureza cair sem lutar, mesmo quando as coisas parecem insuperáveis.”

Achei o Peeta muito sem sal. O rapaz tem inteligência, mas faltou algo a mais em sua construção. Um fator que gostei muito nesse primeiro livro foi a inversão de papéis, isto é, na maioria dos livros ou filmes a mocinha sempre fica esperando o príncipe encantado salvá-la. Aqui é o contrário. Katniss tenta se virar sem a ajuda do homem, embora ele tenha a salvado duas vezes. Felizmente, ela retribui o favor.

Se vocês querem romance meloso só digo uma coisa: Desistam! Em Jogos Vorazes há um triângulo amoroso, mas não é o centro das atenções. Dividida entre o seu melhor amigo e Peeta, quem ela escolherá? Talvez seja assunto para a continuação.  O romance entre Peeta e Katness parece fake. Você fica em dúvida se o Peeta ama a Katniss mesmo ou só está tentando usar isso para sobreviver. Querem saber a resposta? Leiam o livro!

Grande parte dos fãs veem Jogos Vorazes apenas como entretenimento, o que está errado. A trilogia esconde uma crítica muito forte aos governos. Ao meu ver a capital é o Estado e aqueles que tem melhores poderes aquisitivos e nós somos os distritos, trabalhando a vida inteira recebendo quase nada em troca. Os políticos representam a capital, querem nos entreter para não percebermos suas más ações. Vi um comentário que informava o seguinte: não é coincidência as pessoas escolhidas serem chamadas de tributos. Realmente não é.  Tributos são os impostos que devemos pagar. Para o Estado não somos nada mais que simples tributos. Não somos seres humanos, somos dinheiro no bolso tanto das indústrias como do governo.

Leiam Jogos Vorazes com um olhar crítico. Vale a pena.  O livro possui uma escrita fácil e leve. Dá para ser lido em menos de uma semana. Garanto que proporcionará uma boa reflexão.

Até a próxima!