Ficha técnica do livro:
Título: Petrus
Logus, o Guardião do Tempo (Livro 01)
Série:
Petrus Logus
Autor:
Augusto Cury
Data
de publicação: 09/10/2014
Páginas: 296
Editora: Benvirá
Depois
de ler “O Colecionador de Lágrimas”, me interessei mais pela escrita do dr. Augusto
Cury e decidi comprar os dois volumes da série Petrus Logus, a qual se trata de
uma distopia em que após a Terceira Guerra Mundial, o mundo foi comando pelo
Reino de Cosmos, sob o domínio do poderoso Rei Apolo.
No
início, o Rei Apolo era um governante justo e benevolente, mas com o passar do
tempo, sedento pelo poder e influenciado pelos seus maléficos conselheiros, o monarca
passou a ser um narcisista tirânico, perseguindo e executando todos aqueles que
fossem contra sua pessoa.
Quem
faz o trabalho sujo porém, é um dos conselheiros, e o Médico Real, que de tão
inescrupuloso, não cura ninguém, e ao invés disso, interna indivíduos sãos em
um hospício sob péssimas condições, denominado Câmara dos Loucos, para onde Petrus
também é levado, em um dos momentos da narrativa.
Mas,
afinal, quem é Petrus Logus? Ele não é ninguém menos do que o Príncipe de
Cosmos, sendo o filho rejeitado de Apolo.
Diferentemente
de seu irmão gêmeo Lexus, o qual sonha em ser um grande governante no futuro,
usando-se da força da espada, e que, com o tempo apenas cresceu em arrogância,
mas nunca em inteligência, Petrus foi um menino educado pelo sábio Malthus, que
o instruiu a buscar a verdade através do conhecimento, e dos livros. Assim,
Petrus se torna um amante dos livros e um ser humano avidamente questionador,
intrigando até mesmo, o seu mestre.
A
história segue a jornada do protagonista desde seus 12 até os 19 anos de idade,
quando se tornou o Guardião do Tempo. Nesse ínterim, o jovem passa por maus
bocados como ser castigado com a Máscara da Humilhação. Quem a utiliza é um
exemplo a não ser seguido, se não quiser sofrer do mesmo mal, a ponto de
desejar a morte a suportar tamanha dor e humilhação.
Em
meio às peripécias do príncipe, somos capazes de identificar nesta fantasia, sobre
situações que refletem as tragédias deste e do último século; erros humanos
fatais, e que infelizmente são repetidos através dos tempos, pois a ganância é
algo interminável e insaciável aos ególatras.
Na
obra é mencionado que as bibliotecas e livros, o acesso ao conhecimento em
geral, foi eliminado, e a única biblioteca sobrevivente é a do Reino de Cosmos,
na qual estão os tesouros que alimentam a alma do nobre príncipe.
Isso
me lembrou a época da Inquisição, no qual o movimento secular por trás das
figuras da Igreja, condenava quem pensasse diferente e queimava os livros.
Atualmente, em nossa era digital, a “Nova Inquisição” é a desmonetização e
cancelamento de perfis na rede internet que possuam convicções distintas à
hegemonia cultural do establishment.
Também
a perseguição às cabeças pensantes, ilustrada no livro, pela detenção de Malthus
e de inúmeras pessoas que foram parar na tenebrosa Câmara dos Loucos, sob
alguma medida me fez recordar das prisões arbitrárias que ocorreram em nosso país,
devido ao “crime de opinião” (que somente existe na mente dos Inquisidores),
tal como do assim chamado Inquérito do Fim do Mundo, em que os juízes
determinam aquilo que pode ser ou não falado, e o que deve ser ou não banido das
redes, para que a verdade não alcance os olhos do povo. A desinformação é a
velha tática da tomada de poder pelos tiranos. Quanto mais alheios, mais fácil
estes indivíduos acatarão as decisões e atributos do Estado.
Em
ambos os casos, tanto na ficção quanto em nossa triste realidade, os
conselheiros (da fantasia) e os juízes (da Corte brasileira) não são mais os
protetores e defensores da lei, mas sim, seus detratores, que a utilizam em prol
de si mesmos, e da corrupção que praticam.
A
liberdade religiosa também é descartada em regimes totalitários. No caso do
fictício Reino de Cosmos, era aceita apenas a filosofia aceita pelo governo, e
as demais religiões não poderiam ser professadas.
Em
nosso mundo pós-moderno, regimes ditatoriais como o da China, por exemplo não
aceitam que o povo tenha sua religião e não podem nem mesmo praticá-la em casa,
e apenas devem adorar ao Xi Jinping, “professando” o comunismo. Uma triste subversão
de valores que implica na queima de toda uma cultura milenar.
Um
outro aspecto interessante é que em Cosmos há aqueles que foram denominados “mutantes”,
pessoas que não são mais aceitas como tal. Elas foram vítimas de uma
experimentação com seres humanos e tratadas como alguém sem valor.
Apesar
do toque de ficção científica, a desumanização de alguns grupos é um dos traços
marcantes das ditaduras, em detrimento de encontrar sua “raça pura”, fruto da
teoria eugenista colocada em prática, que tanto dizimou os judeus, negros,
deficientes físicos e intelectuais, homossexuais, idosos e crianças.
A
única pessoa com coragem para enfrentar o governo corrupto é o Príncipe Petrus,
que apesar de não ter ambição alguma pelo poder, se vê obrigado a lutar pela
sucessão do trono, de forma a salvar seu povo das injustiças. Sua maior
qualidade é lutar pelo que acreditar, sendo leal às suas ideias e princípios, e
seu defeito é o próprio ímpeto, por conta da personalidade forte e
confrontadora que possui.
Para
dar um toque a mais de fantasia, aparece Instinctus, um leão que representa e
materializa os instintos e as emoções de Petrus. Com ambos os personagens, Augusto
Cury aborda de forma atrativa e sagaz, a questão da importância de Gestão da
Emoção em momentos críticos.
Petrus
representa aqueles que estão dispostos a sacrificar a própria vida para lutar
pelas liberdades individuais e a paz em uma pátria, encorajando seus pares a
fazerem o mesmo.
O
nosso país é um exemplo claro disso, pois temos um líder de Estado que devolveu
o espírito patriótico e de liberdade ao seu povo, sobre o qual se deposita uma
forte esperança, enquanto assistimos à Imensa Catástrofe instaurada por uma
minoria barulhenta e egoísta.
Em
contrapartida, Apolo representa aquele governante que não é nada além de um
fantoche, um figurante que finge ter alguma autoridade, enquanto os seus
Conselheiros de fato planejavam e executavam os planos maléficos para se
manterem no poder.
Esse
personagem e sua “roda de conselheiros” metaforizam o caso explícito da Argentina,
já que o Sr. Fernández é um mero participante do sistema, mas a mandante é sua
vice, a Sra. Kirchner, que apesar de o primeiro nome ser “CRISTINA”, se afastou
de Cristo faz tempo! Nem mesmo acredita nele!
Como
podemos ver, há questões de extrema relevância ao cenário atual dentro desta
aventura. Costumo pensar que uma ficção é realmente grandiosa quando ela nos
faz voltar à realidade, e enxergar as situações de uma maneira ampla, não se
limitando a um único prisma. Está aí o motivo de o dr. Cury ser um aclamado
ficcionista.
Entre
conflitos, perrengues, perigos e momentos de muita amizade, cumplicidade e união,
somos transportados para o universo deste jovem corajoso, inteligente, generoso
e imparável, mas que nem por isso deixa de ser impulsivo e de sentir medo,
insegurança e dúvidas, afinal, até os mais sábios, às vezes se encontram reféns
dos fantasmas da mente.
Esta
é sem dúvida uma narrativa que levará o seu leitor a viajar por incontáveis
universos; o da fantasia, o do amor, do poder, da imaginação, da emoção e,
principalmente, o de seu íntimo, de nossa autodescoberta!
Desejo
que quem for ler, aprecie ao máximo possível. Que o espírito de Petrus Logus esteja
sempre conosco, e que possamos ser agentes transformadores de nosso futuro.
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