quarta-feira, 30 de novembro de 2022

[Resenha] O Colecionador de Lágrimas – Augusto Cury

           

             Ficha técnica do Livro:

Título: O Colecionador de Lágrimas: Holocausto nunca mais

Autor: Augusto Cury

Ano: maio de 2012

Editora: Planeta

Número de Páginas: 376

Com certeza, todos já ouvimos falar sobre os desastres da Segunda Guerra Mundial, principalmente a respeito do genocídio cometido com o povo judeu pelo ditador austríaco radicado na Alemanha, Adolf Hitler.

Mas, são poucas as pessoas que realmente pararam para analisar a complexada e transtornada mente deste ser abominável. Pois, bem! O escritor, psiquiatra e pesquisador de psicologia, dr. Augusto Cury o faz com maestria, aliando as características de transtornos psiquiátricos com a falta de gestão da emoção, tema bastante abordado nos livros do autor, tanto em suas ficções quanto em seus escritos de autoajuda.

Como mencionado na própria obra, a sede pelo poder e o uso da força não são características dos grandes e fortes líderes, mas sim, das pessoas mais frágeis, mental e emocionalmente. Seja como for, nada justifica tamanhas atrocidades executadas por ele, sendo este, um alerta abordado nas entrelinhas do livro.

Com uma riqueza de detalhes e informações precisas sobre a época do Holocausto (e uma bibliografia enorme, constada ao final do livro), o autor avança no assunto desde a infância de Hitler até a ascensão e queda deste como o “chefe” da Alemanha.

Quanto ao enredo em si, trata-se de um romance histórico-psiquiátrico que entrelaça passado e presente, trazendo mistério, suspense, drama e uma pitada de comédia, e concedendo para os leitores, momentos de reflexões sobre como é importante lutarmos por aquilo que acreditamos, mesmo sob as mais desfavoráveis circunstâncias. A Esperança e a vontade de viver está dentro de cada um de nós!

O protagonista é um professor de história, que não somente dá os conteúdos como seus pares fazem, mas instiga os alunos a participarem, a questionarem, e a formarem suas próprias opiniões e convicções sobre um tema. De início, os alunos não lhe dão atenção, no entanto, quando o mestre começa a despertar o interesse neles, a turma começa a ser participativa, cumprindo a missão que Júlio Verne considera mais importante a um professor como ele.

Aos poucos, as aulas de Júlio começam a ganhar notoriedade e prestígio dentro da instituição, e alunos de outros cursos também decidem prestigiá-lo, de forma que seus pupilos àquela altura, eram centenas de pessoas!

Entretanto, quando o reitor descobre as intenções de Júlio, este começa a ser perseguido, pois seu superior não deseja que os funcionários formem cabeças pensantes, e sim, pessoas que o acatam passivamente, como alguém inquestionável. E, o vice-reitor, que era a favor do Mestre Júlio, não teve coragem de confrontar seu chefe.

Abordar este tema foi algo que considerei bastante interessante e importante, especialmente no atual cenário em que nos encontramos. As universidades atuais não querem mais formar pessoas que sejam donas de suas próprias inteligências, tampouco fomentar o conhecimento.

O que mais desejam não é nada além de doutrinar a mente dos jovens, que são a chamada “massa de manobra”, pois acreditam facilmente em discursos que envolvem fatores emocionais, como a área de humanas. Tais profissionais não passam de “pequenos ditadores”, os quais aspiram que os alunos sejam apenas agentes revolucionários, que obedeçam e sirvam a esta ideologia cegamente.

Sobre este quesito, em uma obra que estou atualmente lendo, intitulada “Quem controla as escolas governa o mundo”, o autor Gary Demar discorre as questões do Nazismo, e revela comprovadamente que a instrumentalização educacional foi uma das artimanhas adotadas pelo governo de Hitler para ganhar a “simpatia do povo” (entre muitas aspas), sem que os jovens percebessem que estavam sendo forçados a se submeterem a uma ditadura. Não é à toa que a Juventude Hitlerista, saudava o Führer como um grande líder, involuntariamente, como uma espécie de Deus ou alguém altamente louvável.

O cenário brasileiro não é nada diferente; pelo contrário, estamos presenciando um “holocausto mental”, em que a população mais jovem não possui discernimento suficiente para tomar decisões importantes, como por exemplo, posicionar-se política e socialmente, pensando no melhor para o futuro deles mesmos, e das próximas gerações. Paradoxalmente, eles são o futuro, e não conseguem nem vislumbrar o que os espera.

Comparando com a narrativa, tal como o vice-reitor de “O Colecionador de Lágrimas”, atualmente há casos de inúmeras pessoas que eventualmente não se posicionam para não perder o emprego, ou alunos que não o fazem para não serem perseguidos nem censurados.

A liberdade de expressão, tão defendida pela canhota, é solapada pela mesma. Nada passa despercebido pelos olhos gananciosos e megalomaníacos de quem deseja imensamente o poder.

Desta forma, podemos perceber que a ficção do dr. Cury não é apenas um romance histórico, mas que serve à história, pois a partir dela, somos capazes de identificar situações as quais ainda persistem em nossa sociedade, uma vez que o motivo de implantar uma patrulha do pensamento e um genocídio físico, moral e intelectual, é exatamente apagar a História. Contudo, aqueles que não a estudam estão automaticamente condenados a repetir os mesmos erros do passado. Eis a razão de a sociedade não evoluir, mantendo-se em sua própria mediocridade.

De carona no gênero da ficção científica, o autor explora o fato de que, seu protagonista possui sonhos lúcidos com os desastres da Segunda Grande Guerra, e se sente como se fosse um dos personagens envolvidos na tragédia. A partir daí, temas como os conflitos de um casal, e a dificuldade de gestão da emoção de uma pessoa que até então, possuía total controle sobre si mesma, são abordados.

A mensagem transmitida, é de que, às vezes, nos sentimos culpados e impotentes por algo que não fizemos, mas poderíamos fazer. Ou que fizemos, e poderíamos ter agido melhor. O personagem pode voltar ao passado, mas nós não, portanto, a lição que fica é: não tenhamos arrependimentos, o tempo não para e nem retorna, todavia, a vida continua.

Personagens históricos como os Guardas da Gestapo e da SS são mencionados e aparecem durante o enredo, dando mais suspense e ação para as cenas, nos deixando curiosos para saber como tudo se desenrolará. Os momentos das consequências de determinados atos, nos fazem emocionar enquanto lemos. 

Por mais trágico que seja o tema do livro, Augusto Cury consegue, com brilhantismo, conceder ao seu caro leitor, uma gota de esperança, para que continuemos sempre a acreditar na humanidade. A mudança começa agora, e apenas depende da nossa própria força de vontade em transformar a história na qual nós somos os protagonistas!

2 comentários:

  1. Amiga, parabéns! Sua resenha crítica está maravilhosa. Fico feliz de as saber que você consegue ler o que está escrito nas entrelinhas. Uma pena que as pessoas não percebem o que está na cara delas. A história bsempre se repete e o mal do nosso Brasil é a falta de conhecimento, jovens guiados por influenciadores. Sua capacidade de escrever continua intacta. Já li O Vendedor de Sonhos desse autor, tem frases magníficas. Vou colocar esse na lista. Deus te abençoe eternamente!

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    1. Amiga, emocionei com o seu comentário!
      Sim, algumas pessoas simplesmente se negam a enxergar a realidade, e vivem eternamente uma fantasia criada pelos seus egos. O Vendedor de Sonhos está na minha lista, espero resenha sua sobre ele aqui no nosso blog!
      Vou fazer mais resenhas dos livros dele. Augusto Cury sempre brilha, deveria ser mais comentado (e olha que ele é bastante famoso), porém os que precisam de instruções são os mesmos que leem livros cheios de ideologias.
      Deus te abençoe também

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